A Cinco Tons: A viagem

27-01-2011
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A pedra de toque de uma sociedade que se pretende democrática é a transparência. Sem ela nada funciona, ou melhor, tudo aparentemente funciona, o que é pior do que não funcionar.
Ocorre-me aquela pergunta de algibeira: O que será preferível; um relógio parado? Ou um relógio que atrasa apenas um minuto por hora?
A razão leva-nos a dizer que o relógio parado é preferível, já que pelo menos dá horas certas duas vezes ao dia. A experiencia diz-nos que optamos quase sempre pelo relógio que atrasa…
O executivo camarário optou pela segunda hipótese, e tendo consciência do inexorável atraso que a sua escolha implica, prescindiu da transparência, escolheu o caminho fácil de guardar o relógio num gabinete e escamotear o destempo que se acumula, hora a hora dia a dia. Convenceu-se que ocultando a verdade, ela não se manifesta.
A melhor maneira de conseguir ocultar algo, é sugerir os seus contornos, impor uma visão do acessório, pôr à frente dos olhos que contemplam, a árvore, para tapar a floresta.
É isso que tem sido feito. A educação, o património, o ambiente, o turismo, o emprego, as acessibilidades, os transportes, o desporto, enfim em todas as áreas em que a autarquia tem de intervir, foram sendo anunciados projectos em cascata, que inexoravelmente falharam e cujo falhanço implicou um maior atraso, um retrocesso dificilmente transponível.
Mas este retrocesso paga-se, e, os seus custos estão à vista de todos; Évora não funciona!
Fala-se da Acrópole XXI, poder-se-ia falar dos horários do comércio no Centro Histórico, da degradação dos seus edifícios, da inaptidão dos agentes da PSP em expressarem-se noutra língua que não a nossa, no lixo acantonado, na sinalização deficiente…
São exemplos que reflectem apenas a ponta do iceberg, o que está emerso. Criou-se um monstro, filho da falta de estratégia para este concelho. É que para haver estratégia, é necessário o debate e para haver debate tem de existir transparência, as pessoas tem de saber o que está em jogo.
Há aqui uma evidente patologia, uma esquizofrenia no ar, cortou-se com a realidade e comunica-se através do delírio, um delírio de excelência, mas apesar de tudo um delírio.
Não me referi ao Museu do Artesanato, nem à qualidade da água, nem ao dinheiro desperdiçado a trouxe mouxe, enquanto as nossas crianças não têm funcionários nas escolas, nem me referi às associações culturais e desportivas, nem aos idosos, nem ao Parque Desportivo, nem à requalificação do Rossio de S. Braz, nem à Cruz da Picada, nem… nem… nem é preciso, porque só os cegos, ou os loucos não vêem.

MS
16 Julho, 2010 11:14

A pedra de toque de uma sociedade que se pretende democrática é a transparência. Sem ela nada funciona, ou melhor, tudo aparentemente funciona, o que é pior do que não funcionar.
Ocorre-me aquela pergunta de algibeira: O que será preferível; um relógio parado? Ou um relógio que atrasa apenas um minuto por hora?
A razão leva-nos a dizer que o relógio parado é preferível, já que pelo menos dá horas certas duas vezes ao dia. A experiencia diz-nos que optamos quase sempre pelo relógio que atrasa…
O executivo camarário optou pela segunda hipótese, e tendo consciência do inexorável atraso que a sua escolha implica, prescindiu da transparência, escolheu o caminho fácil de guardar o relógio num gabinete e escamotear o destempo que se acumula, hora a hora dia a dia. Convenceu-se que ocultando a verdade, ela não se manifesta.
A melhor maneira de conseguir ocultar algo, é sugerir os seus contornos, impor uma visão do acessório, pôr à frente dos olhos que contemplam, a árvore, para tapar a floresta.
É isso que tem sido feito. A educação, o património, o ambiente, o turismo, o emprego, as acessibilidades, os transportes, o desporto, enfim em todas as áreas em que a autarquia tem de intervir, foram sendo anunciados projectos em cascata, que inexoravelmente falharam e cujo falhanço implicou um maior atraso, um retrocesso dificilmente transponível.
Mas este retrocesso paga-se, e, os seus custos estão à vista de todos; Évora não funciona!
Fala-se da Acrópole XXI, poder-se-ia falar dos horários do comércio no Centro Histórico, da degradação dos seus edifícios, da inaptidão dos agentes da PSP em expressarem-se noutra língua que não a nossa, no lixo acantonado, na sinalização deficiente…
São exemplos que reflectem apenas a ponta do iceberg, o que está emerso. Criou-se um monstro, filho da falta de estratégia para este concelho. É que para haver estratégia, é necessário o debate e para haver debate tem de existir transparência, as pessoas tem de saber o que está em jogo.
Há aqui uma evidente patologia, uma esquizofrenia no ar, cortou-se com a realidade e comunica-se através do delírio, um delírio de excelência, mas apesar de tudo um delírio.
Não me referi ao Museu do Artesanato, nem à qualidade da água, nem ao dinheiro desperdiçado a trouxe mouxe, enquanto as nossas crianças não têm funcionários nas escolas, nem me referi às associações culturais e desportivas, nem aos idosos, nem ao Parque Desportivo, nem à requalificação do Rossio de S. Braz, nem à Cruz da Picada, nem… nem… nem é preciso, porque só os cegos, ou os loucos não vêem.

MS
16 Julho, 2010 11:14

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