Quem são os homens importantes, deste país?De repente lembro-me de um: chama-se F. Pereira.Não me venham dizer que “ tive uma branca” porque ninguém o conhece. É só meia verdade, já que nas redacções dos jornais não se ouve falar dele. Mas ali na aldeia, e nas redondezas, todos sabem quem é, e muitos até têm o seu número de telefone.Anda na casa dos cinquenta, mora em Colos, no concelho de Odemira, onde fica o Alentejo de alguns. É pedreiro, filho do pedreiro da terra. E tal como o seu pai fez século XX adentro, é ele que continua reconstruindo as velhas casas, construindo as novas casas dos lugares onde poucos continuam a querer viver.É um homem sorridente. De estatura larga. Agora anda com problemas numa perna. Quer ir “à faca” porque a outra perna ficou boa quando lhe fizeram isso. Parece que tenciona continuar a subir andaimes, a carregar materiais dos mais diversos, objectos com muito e pouco valor, pessoas com quem trabalha e com quem vive os dias. Sempre de um lado para outro. Insiste em pôr ordem nas coisas -o que quer dizer, ordenar. Gosta de reconstruir. E também de construir. De trabalhar para o povo a que pertence. Ainda por cima com ar bem disposto, mesmo quando se verga sobre a perna para agarrá-la, e continua falando sobre o assunto que o trazia.Se o conhecessem, nunca mais se atreveriam a dizer que F. Pereira não é um dos homens importantes do meu país! Porque é sim senhor!
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Quem são os homens importantes, deste país?De repente lembro-me de um: chama-se F. Pereira.Não me venham dizer que “ tive uma branca” porque ninguém o conhece. É só meia verdade, já que nas redacções dos jornais não se ouve falar dele. Mas ali na aldeia, e nas redondezas, todos sabem quem é, e muitos até têm o seu número de telefone.Anda na casa dos cinquenta, mora em Colos, no concelho de Odemira, onde fica o Alentejo de alguns. É pedreiro, filho do pedreiro da terra. E tal como o seu pai fez século XX adentro, é ele que continua reconstruindo as velhas casas, construindo as novas casas dos lugares onde poucos continuam a querer viver.É um homem sorridente. De estatura larga. Agora anda com problemas numa perna. Quer ir “à faca” porque a outra perna ficou boa quando lhe fizeram isso. Parece que tenciona continuar a subir andaimes, a carregar materiais dos mais diversos, objectos com muito e pouco valor, pessoas com quem trabalha e com quem vive os dias. Sempre de um lado para outro. Insiste em pôr ordem nas coisas -o que quer dizer, ordenar. Gosta de reconstruir. E também de construir. De trabalhar para o povo a que pertence. Ainda por cima com ar bem disposto, mesmo quando se verga sobre a perna para agarrá-la, e continua falando sobre o assunto que o trazia.Se o conhecessem, nunca mais se atreveriam a dizer que F. Pereira não é um dos homens importantes do meu país! Porque é sim senhor!