A Cinco Tons: Análises, à àgua, ao vento que passa, e aos hábitos que ficam

07-08-2010
marcar artigo


"O estatuto democrático da imprensa portuguesa não alterou hábitos de cinquenta e mais anos. Multiplicou apenas os seus pontos de aplicação. Em vez do encarecimento do tirano omnisciente, reina a bajulação avulsa dos caciques que entre si jogam aos dados nas costas do povo português os poderes e as benesses de que se instituiram herdeiros. A regra do jogo, talvés até mais eficaz que no antigo regime, é a da desdramatização de todos os problemas nacionais. Uma Democracia não tem problemas e nós somos uma democracia... Desapareceu mesmo do horizonte o sujeito de qualquer responsabilização séria pelo estado inalterável, em vários aspecto, piorado de um país..." (Eduardo Lourenço, 1978, in Labirinto da Saudade).
Não, não se referia aos casos "Mario Crespo", nem ao Orçamento 2010, nem tão pouco às nomeações na CCDRA. O filósofo comentou assim, logo a seguir à revolução, a democracia portuguesa e as qualidades dos seus fazedores. 32 anos depois, as palavras continuam oportunas. Mas será que não saímos disto?


"O estatuto democrático da imprensa portuguesa não alterou hábitos de cinquenta e mais anos. Multiplicou apenas os seus pontos de aplicação. Em vez do encarecimento do tirano omnisciente, reina a bajulação avulsa dos caciques que entre si jogam aos dados nas costas do povo português os poderes e as benesses de que se instituiram herdeiros. A regra do jogo, talvés até mais eficaz que no antigo regime, é a da desdramatização de todos os problemas nacionais. Uma Democracia não tem problemas e nós somos uma democracia... Desapareceu mesmo do horizonte o sujeito de qualquer responsabilização séria pelo estado inalterável, em vários aspecto, piorado de um país..." (Eduardo Lourenço, 1978, in Labirinto da Saudade).
Não, não se referia aos casos "Mario Crespo", nem ao Orçamento 2010, nem tão pouco às nomeações na CCDRA. O filósofo comentou assim, logo a seguir à revolução, a democracia portuguesa e as qualidades dos seus fazedores. 32 anos depois, as palavras continuam oportunas. Mas será que não saímos disto?

marcar artigo