A Cinco Tons: 35 anos depois: a reforma agrária fez-se em nome da luta pelo emprego e pela garantia de salário

26-01-2011
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Sebastião Salgado, Julho de 1975
A rádio Voz da Planície destaca a importância que o dia de hoje, 26 de Janeiro,  teve há 35 anos anos para milhares de pessoas, sobretudo no Alentejo, mas também em muitas outras regiões do país. Neste dia, em 1975, realizou-se em Beja, na Sociedade Capricho Bejense um plenário de delegados do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja que deu, se assim se pode dizer, "o pontapé de saída" na Reforma Agrária que, no seu auge, envolveu mais de 50 mil trabalhadores agrícolas e mais de um milhão de hectares.Eu estou a fazer uma reportagem para a TSF sobre este tema - "Reforma Agrária: as memórias 35 anos depois" e uma das pessoas com quem falei para este trabalho é precisamente José Soeiro. O actual deputado do PCP, na altura com 26 anos, era o presidente do sindicato. José Soeiro  considera o plenário da Capricho como um importante "salto qualitativo" no processo que iria conduzir, posteriormente, à reforma agrária, mas salienta que o movimento dos trabalhadores do distrito de Beja pelo emprego e o facto de terem conseguido meter nas convenções de trabalho uma cláusula que permitia que uma comissão paritária analisasse se as propriedades, em cada concelho, estavam ou não a serem correctamente exploradas, foram os verdadeiros detonadores da "explosão" que semanas e meses depois seria o movimento de ocupação de terras.José Soeiro, na entrevista que me deu, garante que o projecto político do PCP, em termos programáticos,  tinha a ver com a instituição da reforma agrária apenas quando o partido assumisse o poder, nacionalizando as grandes propriedades e dividindo a terra pelos trabalhadores, associados em cooperativas, mas que teve que se adaptar à pressão e ao movimento desencadeado pelos assalariados agrícolas que - segundo José Soeiro - nunca visou a posse da terra, mas sim  a garantia de emprego e de salário. O deputado do PCP por Beja considera, por isso, que o seu partido, embora tenha sempre acompanhado o movimento da reforma agrária (que classifica de movimento "inédito" e de "singularidade" da revolução portuguesa), teve que se adaptar a ele, ao ponto de ter alterado substancialmente o seu discurso e as suas prioridades, que na altura, passavam mais "pelo desmantelamento das instituições fascistas e pela consolidação da democracia" do que por alterações na estrutura fundiária.


Sebastião Salgado, Julho de 1975
A rádio Voz da Planície destaca a importância que o dia de hoje, 26 de Janeiro,  teve há 35 anos anos para milhares de pessoas, sobretudo no Alentejo, mas também em muitas outras regiões do país. Neste dia, em 1975, realizou-se em Beja, na Sociedade Capricho Bejense um plenário de delegados do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja que deu, se assim se pode dizer, "o pontapé de saída" na Reforma Agrária que, no seu auge, envolveu mais de 50 mil trabalhadores agrícolas e mais de um milhão de hectares.Eu estou a fazer uma reportagem para a TSF sobre este tema - "Reforma Agrária: as memórias 35 anos depois" e uma das pessoas com quem falei para este trabalho é precisamente José Soeiro. O actual deputado do PCP, na altura com 26 anos, era o presidente do sindicato. José Soeiro  considera o plenário da Capricho como um importante "salto qualitativo" no processo que iria conduzir, posteriormente, à reforma agrária, mas salienta que o movimento dos trabalhadores do distrito de Beja pelo emprego e o facto de terem conseguido meter nas convenções de trabalho uma cláusula que permitia que uma comissão paritária analisasse se as propriedades, em cada concelho, estavam ou não a serem correctamente exploradas, foram os verdadeiros detonadores da "explosão" que semanas e meses depois seria o movimento de ocupação de terras.José Soeiro, na entrevista que me deu, garante que o projecto político do PCP, em termos programáticos,  tinha a ver com a instituição da reforma agrária apenas quando o partido assumisse o poder, nacionalizando as grandes propriedades e dividindo a terra pelos trabalhadores, associados em cooperativas, mas que teve que se adaptar à pressão e ao movimento desencadeado pelos assalariados agrícolas que - segundo José Soeiro - nunca visou a posse da terra, mas sim  a garantia de emprego e de salário. O deputado do PCP por Beja considera, por isso, que o seu partido, embora tenha sempre acompanhado o movimento da reforma agrária (que classifica de movimento "inédito" e de "singularidade" da revolução portuguesa), teve que se adaptar a ele, ao ponto de ter alterado substancialmente o seu discurso e as suas prioridades, que na altura, passavam mais "pelo desmantelamento das instituições fascistas e pela consolidação da democracia" do que por alterações na estrutura fundiária.

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