Usar o teatro para democratizar a política parlamentar

08-06-2010
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A história, linear, foi construída por um grupo de estudantes universitários e ambiciona ser desconstruída por muitos outros matriculados nas principais instituições de ensino superior do país. Estudantes por Empréstimo é um projecto de José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda, que o descreve como "a primeira iniciativa de teatro legislativo em Portugal".

Soeiro pratica teatro do oprimido, género teatral criado por Augusto Boal, encenador, dramaturgo e teatrólogo brasileiro. Encara-o como "uma das formas possíveis de democratizar a política". Desde logo, "por envolver as pessoas afectadas na discussão do problema, na busca de uma solução".

A técnica é simples. No fim da peça, a peça repete-se. Assumindo o papel de mediador ou coringa, Soeiro convida qualquer espectador a pará-la quando julgar que algo está mal, a substituir a personagem, a alterar a história, não no vazio, mas em confronto com as outras personagens.

No teatro legislativo, o problema não tem por base um comportamento individual, mas uma lei ou um conjunto de leis. Discutem-se alterações legais, formas de organização colectiva. A partir de um caso concreto com o qual "qualquer um se pode identificar, reconhecer".

No fim de cada sessão, os espectadores-actores são convidados a deixar sugestões. O plano é transformar as ideias dali saídas em iniciativas legislativas - "perguntas ao Governo, projectos de resolução, requerimentos, projectos de lei". No próximo ano, haverá uma audição na Assembleia da República com todos quantos participarem nestas representações. O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda tratará de agendar as iniciativas.

Na primeira sessão, os espectadores convertidos em actores quiseram mais informações: em que se traduz excesso de capitação média mensal? Quantos alunos estão nessa situação? Recorreram à federação de estudantes do Porto. E acabaram por decidir convocar os alunos de toda a universidade para uma assembleia geral com dois pontos na ordem de trabalhos: o subfinanciamento do ensino superior e a revisão dos critérios de atribuição de bolsa.

José Soeiro considera "bom sinal" quando se esbate a fronteira entre ficção e realidade e viu isso acontecer naquela sala ampla da Academia Contemporânea do Espectáculo, no Porto. A assembleia entusiasmou-se. De repente, discutia-se como criar um movimento. "O movimento estudantil tem perdido força por fazer as coisas apressadamente", avisa o deputado. Parece-lhe fundamental ganhar fôlego. E isso também vale para o seu trabalho parlamentar: "Não basta ter uma boa proposta de lei para apresentar, é importante que a sociedade dê força à aprovação".

O próximo espectáculo está agendado para dia 5, às 21h30, em Albergaria-a-Velha. O calendário está no blogue do projecto (http://estudantesporemprestimo.wordpress.com).

A história, linear, foi construída por um grupo de estudantes universitários e ambiciona ser desconstruída por muitos outros matriculados nas principais instituições de ensino superior do país. Estudantes por Empréstimo é um projecto de José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda, que o descreve como "a primeira iniciativa de teatro legislativo em Portugal".

Soeiro pratica teatro do oprimido, género teatral criado por Augusto Boal, encenador, dramaturgo e teatrólogo brasileiro. Encara-o como "uma das formas possíveis de democratizar a política". Desde logo, "por envolver as pessoas afectadas na discussão do problema, na busca de uma solução".

A técnica é simples. No fim da peça, a peça repete-se. Assumindo o papel de mediador ou coringa, Soeiro convida qualquer espectador a pará-la quando julgar que algo está mal, a substituir a personagem, a alterar a história, não no vazio, mas em confronto com as outras personagens.

No teatro legislativo, o problema não tem por base um comportamento individual, mas uma lei ou um conjunto de leis. Discutem-se alterações legais, formas de organização colectiva. A partir de um caso concreto com o qual "qualquer um se pode identificar, reconhecer".

No fim de cada sessão, os espectadores-actores são convidados a deixar sugestões. O plano é transformar as ideias dali saídas em iniciativas legislativas - "perguntas ao Governo, projectos de resolução, requerimentos, projectos de lei". No próximo ano, haverá uma audição na Assembleia da República com todos quantos participarem nestas representações. O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda tratará de agendar as iniciativas.

Na primeira sessão, os espectadores convertidos em actores quiseram mais informações: em que se traduz excesso de capitação média mensal? Quantos alunos estão nessa situação? Recorreram à federação de estudantes do Porto. E acabaram por decidir convocar os alunos de toda a universidade para uma assembleia geral com dois pontos na ordem de trabalhos: o subfinanciamento do ensino superior e a revisão dos critérios de atribuição de bolsa.

José Soeiro considera "bom sinal" quando se esbate a fronteira entre ficção e realidade e viu isso acontecer naquela sala ampla da Academia Contemporânea do Espectáculo, no Porto. A assembleia entusiasmou-se. De repente, discutia-se como criar um movimento. "O movimento estudantil tem perdido força por fazer as coisas apressadamente", avisa o deputado. Parece-lhe fundamental ganhar fôlego. E isso também vale para o seu trabalho parlamentar: "Não basta ter uma boa proposta de lei para apresentar, é importante que a sociedade dê força à aprovação".

O próximo espectáculo está agendado para dia 5, às 21h30, em Albergaria-a-Velha. O calendário está no blogue do projecto (http://estudantesporemprestimo.wordpress.com).

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