"Quem sabe, sabe" o concurso que dava televisores

25-03-2011
marcar artigo

Uma soma considerável para as remunerações do tempo. "Comecei por fazer relatos de futebol na rádio, pagos a 300 escudos. Para ver a proporção: de ordenado, nessa época, eu recebia 900 escudos como locutor de terceira da Emissora. Cantores de nomeada como Guilherme Kolner ou Cidália Meireles iam lá ganhar 300,400 escudos.A maior verba que ganhei como relator desportivo foi de 500 escudos." A apresentação de um concurso é algo que não faz parte hoje da agenda de Artur Agostinho. "Depende do tipo de concurso, mas não é uma coisa que me atraia muito neste momento. Atraem-me mais as coisas com aspecto teatral." Ao contrário, no entanto, do que tenderá a supor quem acompanhe o seu trajecto actual como actor de telenovelas, não é a esta modalidade de representação a que se está a referir. "Gosto mais de fazer séries do que novelas. A coisa em aberto — caso da telenovela — é mais complicada e a necessidade de ganhar tempo stressa muito as pessoas." O trabalho nas séries, em contraste, "pode ser mais aperfeiçoado": "Conhecemos a personagem do princípio ao fim."

História de concursos "Do Electrónico Morais"...

Atirei com aquela do Electrónico Morais [no concurso Ou Sim, ou Não, em 1964] como uma "bucha", à semelhança do que se faz no teatro. [Tinha avariado o sistema de apuramento das pontuações do concurso e Artur Agostinho reparara que Paulo Morais, da RTP, se mostrava quase too rápido como a máquina electrónica.] Na altura havia uma série de TV O Fugitivo, sobre alguém que andava de terra em terra e ninguém sabia quem era e eu comecei a criar um certo mistério em relação àquela voz que se ouvia a dar os números e que, como acontecia na rádio, cada um imaginava à sua maneira. "Quem será este homem?", ia perguntando eu. Até que prometi dá-lo a conhecer na última sessão. Nesse dia mandei-o cortar as barbas grandes que ele tinha. Chega o momento da sessão e o realizador põe a câmara a apanhá-lo desde os pés, devagarinho. O Electrónico Morais [que chegou a receber 500 cartas por dia, com pedidos de autógrafos, convites para recepções e até propostas de casamento], deve ter sido uma grande desilusão para muita gente.

Outras naturalmente gostaram, não sei. Mas ele ficou célebre...

...ao homem do conto e setecentos Eu caí muitas vezes no pecado de ajudar alguns concorrentes. As vezes tinha a sensação de que a pessoa precisava de ganhar aquele dinheiro, sabe. Posso contarlhe o caso de um rapaz que apareceu, era de Setúbal.

Passou-se noutro concurso, também no Lumiar, a que chamávamos O Monte dos Vendavais. Levávamos os concorrentes para o bar, que na altura era um barracão imundo, bebíamos um café, conversava-se e eu apercebime de que ele era extremamente nervoso e de que, além disso, tinha problemas familiares e precisava de ganhar aquele dinheiro. Ele deu-me uma grande lição nesse dia. No concurso, eu oferecia dinheiro pelo cofre: "Quer ganhar 300 escudos ou quer que eu abra o cofre?" E lá fui, empurrando-o cada vez mais. O rapaz percebeu, mas a certa altura disse: "Não.

Chega-me este, não quero mais dinheiro." Era um conto e setecentos escudos.

No final da sessão, fui ter com ele e disse-lhe: "Viu que eu estava fazer os possíveis para você levar mais?"Respondeu ele: "Percebi, senhor Artur Agostinho. Mas eu só precisava de um conto e setecentos. "É uma coisa notável! E que me marcou.

Uma soma considerável para as remunerações do tempo. "Comecei por fazer relatos de futebol na rádio, pagos a 300 escudos. Para ver a proporção: de ordenado, nessa época, eu recebia 900 escudos como locutor de terceira da Emissora. Cantores de nomeada como Guilherme Kolner ou Cidália Meireles iam lá ganhar 300,400 escudos.A maior verba que ganhei como relator desportivo foi de 500 escudos." A apresentação de um concurso é algo que não faz parte hoje da agenda de Artur Agostinho. "Depende do tipo de concurso, mas não é uma coisa que me atraia muito neste momento. Atraem-me mais as coisas com aspecto teatral." Ao contrário, no entanto, do que tenderá a supor quem acompanhe o seu trajecto actual como actor de telenovelas, não é a esta modalidade de representação a que se está a referir. "Gosto mais de fazer séries do que novelas. A coisa em aberto — caso da telenovela — é mais complicada e a necessidade de ganhar tempo stressa muito as pessoas." O trabalho nas séries, em contraste, "pode ser mais aperfeiçoado": "Conhecemos a personagem do princípio ao fim."

História de concursos "Do Electrónico Morais"...

Atirei com aquela do Electrónico Morais [no concurso Ou Sim, ou Não, em 1964] como uma "bucha", à semelhança do que se faz no teatro. [Tinha avariado o sistema de apuramento das pontuações do concurso e Artur Agostinho reparara que Paulo Morais, da RTP, se mostrava quase too rápido como a máquina electrónica.] Na altura havia uma série de TV O Fugitivo, sobre alguém que andava de terra em terra e ninguém sabia quem era e eu comecei a criar um certo mistério em relação àquela voz que se ouvia a dar os números e que, como acontecia na rádio, cada um imaginava à sua maneira. "Quem será este homem?", ia perguntando eu. Até que prometi dá-lo a conhecer na última sessão. Nesse dia mandei-o cortar as barbas grandes que ele tinha. Chega o momento da sessão e o realizador põe a câmara a apanhá-lo desde os pés, devagarinho. O Electrónico Morais [que chegou a receber 500 cartas por dia, com pedidos de autógrafos, convites para recepções e até propostas de casamento], deve ter sido uma grande desilusão para muita gente.

Outras naturalmente gostaram, não sei. Mas ele ficou célebre...

...ao homem do conto e setecentos Eu caí muitas vezes no pecado de ajudar alguns concorrentes. As vezes tinha a sensação de que a pessoa precisava de ganhar aquele dinheiro, sabe. Posso contarlhe o caso de um rapaz que apareceu, era de Setúbal.

Passou-se noutro concurso, também no Lumiar, a que chamávamos O Monte dos Vendavais. Levávamos os concorrentes para o bar, que na altura era um barracão imundo, bebíamos um café, conversava-se e eu apercebime de que ele era extremamente nervoso e de que, além disso, tinha problemas familiares e precisava de ganhar aquele dinheiro. Ele deu-me uma grande lição nesse dia. No concurso, eu oferecia dinheiro pelo cofre: "Quer ganhar 300 escudos ou quer que eu abra o cofre?" E lá fui, empurrando-o cada vez mais. O rapaz percebeu, mas a certa altura disse: "Não.

Chega-me este, não quero mais dinheiro." Era um conto e setecentos escudos.

No final da sessão, fui ter com ele e disse-lhe: "Viu que eu estava fazer os possíveis para você levar mais?"Respondeu ele: "Percebi, senhor Artur Agostinho. Mas eu só precisava de um conto e setecentos. "É uma coisa notável! E que me marcou.

marcar artigo