No Cesto da Gávea: A revolta do 31 de Janeiro

19-12-2009
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Proclamação da república - Câmara Municipal do Porto - 31 de Janeiro de 1891 Gravura da época As novas ideias do republicanismo começavam então a proliferar no país.O Porto, cidade pujante, está fortemente industrializado para a época, nomeadamente nas áreas do vinho, metalomecânica, têxteis e calçado.Conflitos sociais e greves grassavam pelo país, que mal resolvidos, descambavam, a maioria das vezes, em excesso de autoritarismo e de repressão violenta.E é no Porto que é eleito o primeiro deputado republicano do país, Rodrigues de Freitas.O ultimato inglês de Janeiro e o tratado anglo-português de Setembro de 1890, demonstram a impotência e a falta de firmeza do governo e desencadeiam uma onda de revolta e de contestação nacional contra o governo e contra a monarquia.Com este sentimento surge o desejo de mudar de sistema político.A crise de governo que se viveu no período, exaltou ainda mais os ânimos dos militares da guarnição do Porto, que a 31 de Janeiro, promoveram a primeira revolta republicana em Portugal.Assim, no dia 31 de Janeiro de 1891, pelas duas horas da madrugada, grupos de sargentos fizeram sair dos quartéis alguns dos regimentos da guarnição do Porto – Infantaria 10, Caçadores 9 e cerca de 100 soldados de infantaria e de cavalaria da guarda fiscal – que convergiram para o Campo de Santo Ovídio (hoje Praça da República), ao som da ” Portuguesa”.Começou, desta forma, a primeira tentativa de implantação da República, que Sampaio Bruno lembraria como “… noite de sonho, noite de anelo, em que pelo ar perpassou a cândida imagem da liberdade e fulgurou crepitante o clarão sagrado do futuro”Mas não foi a razão e um plano objectivo para mudar o regime, acabando com o domínio dos Bragança, que comandou aqueles que procuravam assim derrubar a monarquia e declarar a república, mas mais a impaciência e a raiva perante a capitulação do regime face à afronta inglesa e o desespero de ver que, mesmo desacreditada e humilhada pelo estrangeiro, a monarquia se eternizaria, salvo se a derrubassem de forma violenta.Segundo o historiador Joel Serrão a revolta, “foi efectivada por sargentos e cabos e enquadrada e apoiada pelo povo anónimo das ruas e foi hostilizada ou minimizada pelos oficiais, pela alta burguesia e até pela maior parte da inteligência portuguesa."Ás sete horas da manhã foi inçada a bandeira, vermelha e verde e proclamado a República das varandas dos Paços do Município, por Alves da Veiga e pelo actor Miguel Verdial, que a certa altura lhe “emprestou” a sua voz.A bandeira içada na Câmara Municipal do Porto na manhã de 31 de Janeiro de 1891, símbolo da revolta republicana, era totalmente vermelha com um círculo verde ao centro, a que se juntavam as legendas referentes ao centro republicano a que pertencia: Centro Democrático Federal 15 de Novembro.Esta bandeira, conhecida e designada pelos revoltosos como "a bandeira vermelha" - "Veja, está içada uma bandeira vermelha na Câmara", dizia J. Chagas - é, na sua essência simbólica, a bandeira da tradição revolucionária e popular.Passadas duas horas tudo ruíra.Tropa e populares escorraçados num banho de sangue, Rua de Santo António abaixo (hoje, do 31 de Janeiro) sob o fogo da Guarda Municipal.Os últimos resistentes, entrincheirados no edifício da câmara, cercados , e na eminência de serem bombardeados pelas das baterias trazidas da Serra do Pilar, renderam-se.A cadeia da Relação cedo regurgitaria de revoltosos, transferidos posteriormente para bordo dos vasos de guerra ancorados em Leixões, tendo sido pronunciados 550 militares e apenas 22 civis.Os revoltosos do 31 de Janeiro foram julgados e condenados, muitos a pesadas penas de degredo.Duzentos e trinta e oito militares, 23 sargentos, 49 cabos, 163 soldados e apenas 3 oficiais – o capitão António do Amaral Leitão (Infantaria 10), o tenente Manuel Maria Coelho e o alferes Augusto Rodolfo da Costa Malheiro (Caçadores 9) – e quatro civis – João Chagas, Santos Cardoso, o estudante Eduardo de Sousa, e Felizardo de Lima viram-se assim condenados pelos tribunais da monarquia.Da revolta ficou a data e a lembrança do heroísmo ingénuo daqueles patriotas que proclamaram pela primeira vez em Portugal, se bem que por uma breve manhã, a República.


Proclamação da república - Câmara Municipal do Porto - 31 de Janeiro de 1891 Gravura da época As novas ideias do republicanismo começavam então a proliferar no país.O Porto, cidade pujante, está fortemente industrializado para a época, nomeadamente nas áreas do vinho, metalomecânica, têxteis e calçado.Conflitos sociais e greves grassavam pelo país, que mal resolvidos, descambavam, a maioria das vezes, em excesso de autoritarismo e de repressão violenta.E é no Porto que é eleito o primeiro deputado republicano do país, Rodrigues de Freitas.O ultimato inglês de Janeiro e o tratado anglo-português de Setembro de 1890, demonstram a impotência e a falta de firmeza do governo e desencadeiam uma onda de revolta e de contestação nacional contra o governo e contra a monarquia.Com este sentimento surge o desejo de mudar de sistema político.A crise de governo que se viveu no período, exaltou ainda mais os ânimos dos militares da guarnição do Porto, que a 31 de Janeiro, promoveram a primeira revolta republicana em Portugal.Assim, no dia 31 de Janeiro de 1891, pelas duas horas da madrugada, grupos de sargentos fizeram sair dos quartéis alguns dos regimentos da guarnição do Porto – Infantaria 10, Caçadores 9 e cerca de 100 soldados de infantaria e de cavalaria da guarda fiscal – que convergiram para o Campo de Santo Ovídio (hoje Praça da República), ao som da ” Portuguesa”.Começou, desta forma, a primeira tentativa de implantação da República, que Sampaio Bruno lembraria como “… noite de sonho, noite de anelo, em que pelo ar perpassou a cândida imagem da liberdade e fulgurou crepitante o clarão sagrado do futuro”Mas não foi a razão e um plano objectivo para mudar o regime, acabando com o domínio dos Bragança, que comandou aqueles que procuravam assim derrubar a monarquia e declarar a república, mas mais a impaciência e a raiva perante a capitulação do regime face à afronta inglesa e o desespero de ver que, mesmo desacreditada e humilhada pelo estrangeiro, a monarquia se eternizaria, salvo se a derrubassem de forma violenta.Segundo o historiador Joel Serrão a revolta, “foi efectivada por sargentos e cabos e enquadrada e apoiada pelo povo anónimo das ruas e foi hostilizada ou minimizada pelos oficiais, pela alta burguesia e até pela maior parte da inteligência portuguesa."Ás sete horas da manhã foi inçada a bandeira, vermelha e verde e proclamado a República das varandas dos Paços do Município, por Alves da Veiga e pelo actor Miguel Verdial, que a certa altura lhe “emprestou” a sua voz.A bandeira içada na Câmara Municipal do Porto na manhã de 31 de Janeiro de 1891, símbolo da revolta republicana, era totalmente vermelha com um círculo verde ao centro, a que se juntavam as legendas referentes ao centro republicano a que pertencia: Centro Democrático Federal 15 de Novembro.Esta bandeira, conhecida e designada pelos revoltosos como "a bandeira vermelha" - "Veja, está içada uma bandeira vermelha na Câmara", dizia J. Chagas - é, na sua essência simbólica, a bandeira da tradição revolucionária e popular.Passadas duas horas tudo ruíra.Tropa e populares escorraçados num banho de sangue, Rua de Santo António abaixo (hoje, do 31 de Janeiro) sob o fogo da Guarda Municipal.Os últimos resistentes, entrincheirados no edifício da câmara, cercados , e na eminência de serem bombardeados pelas das baterias trazidas da Serra do Pilar, renderam-se.A cadeia da Relação cedo regurgitaria de revoltosos, transferidos posteriormente para bordo dos vasos de guerra ancorados em Leixões, tendo sido pronunciados 550 militares e apenas 22 civis.Os revoltosos do 31 de Janeiro foram julgados e condenados, muitos a pesadas penas de degredo.Duzentos e trinta e oito militares, 23 sargentos, 49 cabos, 163 soldados e apenas 3 oficiais – o capitão António do Amaral Leitão (Infantaria 10), o tenente Manuel Maria Coelho e o alferes Augusto Rodolfo da Costa Malheiro (Caçadores 9) – e quatro civis – João Chagas, Santos Cardoso, o estudante Eduardo de Sousa, e Felizardo de Lima viram-se assim condenados pelos tribunais da monarquia.Da revolta ficou a data e a lembrança do heroísmo ingénuo daqueles patriotas que proclamaram pela primeira vez em Portugal, se bem que por uma breve manhã, a República.

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