PONTE DO SOR: DO DESEJADO...

19-12-2009
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Vendo bem as coisas, o Sebastianismo, os mitos do Desejado, do Encoberto, do Quinto Império, não são questões do passado na memória e na mentalidade de uma considerável parte dos portugueses.Não é possível aferir quantos esperam ainda por uma manhã de nevoeiro e pelo regresso de um salvador da Pátria, seja ele D. Sebastião ou não. Mas a atitude da espera não pertence apenas a um imaginário passado, antes faz parte de uma atitude portuguesa bem presente. Os portugueses acostumaram-se a fixar o longe e a esperar da distância a solução dos problemas.E foi assim que, com eleições directas no PSD às quais concorreu apenas Luís Marques Mendes e com um Congresso do CDS ao qual se apresentou apenas José Ribeiro e Castro, as grandes expectativas se fixaram em brumas da memória. Por mais sólidas que sejam as brumas e mais presente que seja a memória. Um barómetro publicado pelo DN deu conta que Marcelo Rebelo de Sousa era o Desejado do PSD e Paulo Portas o Encoberto do CDS. “Ergue-te do fundo de não-seres para teu novo fado”, diria Fernando Pessoa. Mas eles, nada.Curiosamente, Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Portas até coexistiram na liderança dos respectivos partidos. Mas, nesse tempo, o Portugal político - particularmente sectores significativos de cada um dos partidos - não descansou enquanto não os deitou abaixo. Uma vez afastados de cena, Marcelo e Portas adquiriram a dimensão de Desejados. Um fenómeno com parecenças ao de António Vitorino no PS.Se juntarmos a tudo isto a presença semanal de Marcelo e Portas no pequeno ecrã, teremos o mito da distância amplificado pela tecnologia. Uma receita imbatível. Ou alguém duvida que se uma estação de televisão anunciasse a reportagem em directo do regresso do Desejado, o cais da memória se encheria de figurantes para aclamar o Quinto Império?João P. Guerra

Vendo bem as coisas, o Sebastianismo, os mitos do Desejado, do Encoberto, do Quinto Império, não são questões do passado na memória e na mentalidade de uma considerável parte dos portugueses.Não é possível aferir quantos esperam ainda por uma manhã de nevoeiro e pelo regresso de um salvador da Pátria, seja ele D. Sebastião ou não. Mas a atitude da espera não pertence apenas a um imaginário passado, antes faz parte de uma atitude portuguesa bem presente. Os portugueses acostumaram-se a fixar o longe e a esperar da distância a solução dos problemas.E foi assim que, com eleições directas no PSD às quais concorreu apenas Luís Marques Mendes e com um Congresso do CDS ao qual se apresentou apenas José Ribeiro e Castro, as grandes expectativas se fixaram em brumas da memória. Por mais sólidas que sejam as brumas e mais presente que seja a memória. Um barómetro publicado pelo DN deu conta que Marcelo Rebelo de Sousa era o Desejado do PSD e Paulo Portas o Encoberto do CDS. “Ergue-te do fundo de não-seres para teu novo fado”, diria Fernando Pessoa. Mas eles, nada.Curiosamente, Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Portas até coexistiram na liderança dos respectivos partidos. Mas, nesse tempo, o Portugal político - particularmente sectores significativos de cada um dos partidos - não descansou enquanto não os deitou abaixo. Uma vez afastados de cena, Marcelo e Portas adquiriram a dimensão de Desejados. Um fenómeno com parecenças ao de António Vitorino no PS.Se juntarmos a tudo isto a presença semanal de Marcelo e Portas no pequeno ecrã, teremos o mito da distância amplificado pela tecnologia. Uma receita imbatível. Ou alguém duvida que se uma estação de televisão anunciasse a reportagem em directo do regresso do Desejado, o cais da memória se encheria de figurantes para aclamar o Quinto Império?João P. Guerra

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