O Número Primo

03-08-2010
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No dia 12 de Março de 2005, José Sócrates tomou posse como Primeiro-Ministro de Portugal, o primeiro socialista a fazê-lo com maioria absoluta.Hoje, passado um ano do início da sua governação pode-se começar a esboçar um retracto daquilo que tem sido Sócrates como Primeiro-ministro. Parece-me a mim que este foi um ano, apesar de tudo, positivo. A pouco e pouco Sócrates habituou-nos ao seu estilo autoritário e rigoroso, contrastando em absoluto com António Gueterres, seu antigo “chefe” e actual Alto-comissário para os refugiados. Sócrates é muito mais activo que Guterres, e repudia a passividade, a ignorância e a estupidez. De facto, quem poderia dizer que Sócrates seria tão diferente do seu mentor?Foi Mário Soares que, durante a campanha eleitoral, disse que o primeiro-ministro deveria ser alguém capaz de “dar murros na mesa e ter coragem em determinadas situações. Sócrates é o anti-Guterres.”Sócrates é um PM rigoroso, objectivo e disciplinado. Obriga os seus ministros a contarem-lhe tudo aquilo que se passa nos seus ministérios – organizando para o efeito uma reunião semanal às segundas-feiras – sendo no entanto um defensor exímio de todos eles. Aliás se há mais algum ponto em que Sócrates divirja de Guterres é exactamente na estabilidade governamental. Muitos foram as reformas no governo causadas por pressões privadas e da comunicação social no tempo de Guterres; ora, Sócrates não se deixa pressionar e protege os ministros até à extensão das suas forças. A única excepção foi Campos e Cunha mas, convenhamos, este não tinha grande vontade de continuar nas suas funções. Mas Teixeira dos Santos – seu substituto – Correia de Campos, Manuel Pinho, Isabel Pires de Lima e até Freitas do Amaral já foram “salvos” por Sócrates em tempos de dificuldade. Concordando-se ou não com as decisões de Sócrates enquanto PM, é necessário admirar o estilo seguro e imperial com que anuncia essas medidas. Faz às vezes lembrar… Cavaco Silva na certeza das suas resoluções e na confiança que – procura – incutir aos cidadãos. Claro que muitos dirão que beneficia do facto de governar com maioria absoluta, de ter defrontado um opositor em queda – Santana Lopes – e de ter passado em pouco tempo de deputado, a líder da oposição a primeiro-ministro. Eu, por outro lado, prefiro ver o outro lado da coisa. Prefiro ver a sua capacidade profissional, a audácia de algumas das suas posições e avaliar a confiança que ele me transmite enquanto primeiro-ministro. Claro que ainda não cumpriu algumas das suas promessas eleitorais mas, pelo menos, já as começou a preparar e a por em prática. O plano tecnológico, a venda livre de medicamentos que não necessitem de receita, a OTA e o TGV, medidas na educação entre outras.É indiscutível que num ano, e passando o país por uma irremediável crise económica e social, Sócrates tem trabalhado bem. Tivessem Guterres e Barroso feito o mesmo e se calhar viveríamos bem melhor.Por paradoxal que pareça, José Sócrates é o primeiro socialista a liderar um governo de maioria absoluta, mas é também o menos socialista de todos os anteriores socialistas líderes de governo, e provavelmente o mais eficaz e eficiente no aproveitamento dos recursos à sua disposição. Dá que pensar…_____________________Apenas queria acrecentar que em entrevista ao Expresso, Sócrates revelou que a medida que mais lhe custou foi o aumento do IVA. E, sem dúvida, que é essa a medida que lhe traz maiores doses de contestação.

No dia 12 de Março de 2005, José Sócrates tomou posse como Primeiro-Ministro de Portugal, o primeiro socialista a fazê-lo com maioria absoluta.Hoje, passado um ano do início da sua governação pode-se começar a esboçar um retracto daquilo que tem sido Sócrates como Primeiro-ministro. Parece-me a mim que este foi um ano, apesar de tudo, positivo. A pouco e pouco Sócrates habituou-nos ao seu estilo autoritário e rigoroso, contrastando em absoluto com António Gueterres, seu antigo “chefe” e actual Alto-comissário para os refugiados. Sócrates é muito mais activo que Guterres, e repudia a passividade, a ignorância e a estupidez. De facto, quem poderia dizer que Sócrates seria tão diferente do seu mentor?Foi Mário Soares que, durante a campanha eleitoral, disse que o primeiro-ministro deveria ser alguém capaz de “dar murros na mesa e ter coragem em determinadas situações. Sócrates é o anti-Guterres.”Sócrates é um PM rigoroso, objectivo e disciplinado. Obriga os seus ministros a contarem-lhe tudo aquilo que se passa nos seus ministérios – organizando para o efeito uma reunião semanal às segundas-feiras – sendo no entanto um defensor exímio de todos eles. Aliás se há mais algum ponto em que Sócrates divirja de Guterres é exactamente na estabilidade governamental. Muitos foram as reformas no governo causadas por pressões privadas e da comunicação social no tempo de Guterres; ora, Sócrates não se deixa pressionar e protege os ministros até à extensão das suas forças. A única excepção foi Campos e Cunha mas, convenhamos, este não tinha grande vontade de continuar nas suas funções. Mas Teixeira dos Santos – seu substituto – Correia de Campos, Manuel Pinho, Isabel Pires de Lima e até Freitas do Amaral já foram “salvos” por Sócrates em tempos de dificuldade. Concordando-se ou não com as decisões de Sócrates enquanto PM, é necessário admirar o estilo seguro e imperial com que anuncia essas medidas. Faz às vezes lembrar… Cavaco Silva na certeza das suas resoluções e na confiança que – procura – incutir aos cidadãos. Claro que muitos dirão que beneficia do facto de governar com maioria absoluta, de ter defrontado um opositor em queda – Santana Lopes – e de ter passado em pouco tempo de deputado, a líder da oposição a primeiro-ministro. Eu, por outro lado, prefiro ver o outro lado da coisa. Prefiro ver a sua capacidade profissional, a audácia de algumas das suas posições e avaliar a confiança que ele me transmite enquanto primeiro-ministro. Claro que ainda não cumpriu algumas das suas promessas eleitorais mas, pelo menos, já as começou a preparar e a por em prática. O plano tecnológico, a venda livre de medicamentos que não necessitem de receita, a OTA e o TGV, medidas na educação entre outras.É indiscutível que num ano, e passando o país por uma irremediável crise económica e social, Sócrates tem trabalhado bem. Tivessem Guterres e Barroso feito o mesmo e se calhar viveríamos bem melhor.Por paradoxal que pareça, José Sócrates é o primeiro socialista a liderar um governo de maioria absoluta, mas é também o menos socialista de todos os anteriores socialistas líderes de governo, e provavelmente o mais eficaz e eficiente no aproveitamento dos recursos à sua disposição. Dá que pensar…_____________________Apenas queria acrecentar que em entrevista ao Expresso, Sócrates revelou que a medida que mais lhe custou foi o aumento do IVA. E, sem dúvida, que é essa a medida que lhe traz maiores doses de contestação.

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