Les Rêveries du Promeneur Solitaire: Filoctetes

15-10-2009
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«Dez anos viveu nesse desespero, arrastando-se penosamente pela ilha em busca do necessário. Tinha por companhia as aves, os animais, a solidão, o eco dos seus lamentos (...) e a revolta que lhe minava a alma, lhe cimentava o ódio contra os Atridas e contra o exército dos Gregos. A vida de sofrimento e de injustiça, a solidão que o rodeava tornaram-no desconfiado e suspeitoso - um tanto insociável mesmo. Sente-se agora nele uma certa agressividade que o aproxima do homem primitivo e selvagem. No entanto, embora a injustiça sofrida lhe tenha provocado um ódio estranho a Ulisses e aos Atridas, não o fez descrer de todo nos homens, como está patente na necessidade que sente de ajuda e no desejo que manifesta de sair da ilha deserta, regressar à pátria e rever o idoso pai. À vista de Neoptólemo e dos seus homens, a esperança parece raiar-lhe num momento fugaz em explosão de alegria (vv. 234 sqq.); mas foi lampejo que logo se sumiu no escuro do desengano. (...)»José Ribeiro Ferreira - in Filoctetes, Sófocles, Introdução.


«Dez anos viveu nesse desespero, arrastando-se penosamente pela ilha em busca do necessário. Tinha por companhia as aves, os animais, a solidão, o eco dos seus lamentos (...) e a revolta que lhe minava a alma, lhe cimentava o ódio contra os Atridas e contra o exército dos Gregos. A vida de sofrimento e de injustiça, a solidão que o rodeava tornaram-no desconfiado e suspeitoso - um tanto insociável mesmo. Sente-se agora nele uma certa agressividade que o aproxima do homem primitivo e selvagem. No entanto, embora a injustiça sofrida lhe tenha provocado um ódio estranho a Ulisses e aos Atridas, não o fez descrer de todo nos homens, como está patente na necessidade que sente de ajuda e no desejo que manifesta de sair da ilha deserta, regressar à pátria e rever o idoso pai. À vista de Neoptólemo e dos seus homens, a esperança parece raiar-lhe num momento fugaz em explosão de alegria (vv. 234 sqq.); mas foi lampejo que logo se sumiu no escuro do desengano. (...)»José Ribeiro Ferreira - in Filoctetes, Sófocles, Introdução.

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