Alto Hama: Louçã e o líder supremo do reino do MPLA

29-05-2010
marcar artigo


É mais (eu diria quase tudo) o que me separa das ideias de Francisco Louçã do que aquilo que me aproxima. Isso não me impede de encontrar pontos comuns, nomeadamente quando o Bloco de Esquerda fala de Angola embora, em rigor, esteja a falar do reino do MPLA e do seu líder supremo, José Eduardo dos Santos. "O BE incomoda até em Angola" por se ter oposto à privatização da Galp em Portugal contra os interesses do presidente angolano José Eduardo dos Santos e do empresário português Américo Amorim, afirma Louçã."Soube esta noite que a força desta campanha é tão grande que ela chega a qualquer lugar do país, já sabia, mas deixem dizer-vos que até noutros países se sente a força da campanha do BE", disse no jantar-comício no Funchal da campanha eleitoral para as legislativas nacionais de 27 de Setembro, que reuniu cerca de 500 pessoas no Madeira Tecnopolo.O coordenador do BE revelou que o Jornal de Angola, detido pelo governo angolano e por José Eduardo dos Santos, "decidiu dedicar um editorial inteiro contra a campanha do BE".Seria mais fácil a Francisco Louça dizer o que é que, em Angola, não é detido pelo MPLA e por Eduardo dos Santos. Bastavam duas palavras: quase nada."O que é que há-de levar o jornal mais importante de Angola, país tão rico e tão pobre, com tanta corrupção, com tanta desgraça, com tanta gente generosa e com tanta falta de democracia, o que é que há-de levar o presidente de Angola a mandar o jornal do seu partido e do seu governo insultar o BE", questionou Francisco Louça.Tem razão em quase tudo, menos no facto de o tal pasquim ser “ser o jornal mais importante de Angola”. De facto é apenas o jornal mais importante do MPLA. Eu sei que faz sentido dizer que o MPLA é Angola e Angola é o MPLA. Mas importa que alguém vá dizendo que a realidade é outra.Louçã contra-atacou: “Eu sei o que ele tem a temer, José Eduardo dos Santos tem medo, é verdade, José Eduardo dos Santos ocupa a presidência sem ter sido eleito há 17 anos, mas o que mais o incomoda é que o BE se opôs à privatização das gasolinas em Portugal porque José Sócrates quis dar a Américo Amorim, o homem mais rico de Portugal, associado a José Eduardo dos Santos, um terço de uma empresa que é nossa, que é de todos os portugueses, vendeu-lha por tuta-e-meia”."Todos os dias" - insistiu - "quando se põe gasolina na Galp, lá estamos a perder uma parte do dinheiro para a especulação, uma parte do dinheiro para o abuso dos preços, uma parte do dinheiro para os lucros destes empresários, quando esse dinheiro devia servir para todos”.O Jornal de Angola, no editorial de hoje, assinado pelo director e funcionário do MPLA, José Ribeiro, afirma que há quem esteja interessado em envolver Angola na actual campanha eleitoral, "fazendo declarações a roçar o insulto".O paladino do jornalismo do MPLA (sim, que o jornalismo angolano é outra coisa), José Ribeiro, continua – que remédio – a ser um defensor dedicado e bem pago das teses oficiais do patrão no jornal que dirige. Tal como - diga-se - também acontece em Portugal.Para se ver o nível de José Ribeiro baste recordar que ele escreveu que só o MPLA faz “chegar ao público um programa político com cabeça, tronco e membros”, acrescentando que o MPLA “abriu o país ao regime democrático e à economia de mercado, dá estabilidade à governação e organizou eleições de maneira exemplar, mostra deter uma visão sólida de Estado que não encontra paralelo”.Recorde-se ainda que, ao contrário do que quase todos os portugues e angolanos pensavam, José Eduardo dos Santos é cidadão português. Quem o diz é o próprio primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, quando afirma que a venda de parte da Galp a José Eduardo dos Santos se deveu ao facto de não querer que a empresa fosse para às mãos de estrangeiros...


É mais (eu diria quase tudo) o que me separa das ideias de Francisco Louçã do que aquilo que me aproxima. Isso não me impede de encontrar pontos comuns, nomeadamente quando o Bloco de Esquerda fala de Angola embora, em rigor, esteja a falar do reino do MPLA e do seu líder supremo, José Eduardo dos Santos. "O BE incomoda até em Angola" por se ter oposto à privatização da Galp em Portugal contra os interesses do presidente angolano José Eduardo dos Santos e do empresário português Américo Amorim, afirma Louçã."Soube esta noite que a força desta campanha é tão grande que ela chega a qualquer lugar do país, já sabia, mas deixem dizer-vos que até noutros países se sente a força da campanha do BE", disse no jantar-comício no Funchal da campanha eleitoral para as legislativas nacionais de 27 de Setembro, que reuniu cerca de 500 pessoas no Madeira Tecnopolo.O coordenador do BE revelou que o Jornal de Angola, detido pelo governo angolano e por José Eduardo dos Santos, "decidiu dedicar um editorial inteiro contra a campanha do BE".Seria mais fácil a Francisco Louça dizer o que é que, em Angola, não é detido pelo MPLA e por Eduardo dos Santos. Bastavam duas palavras: quase nada."O que é que há-de levar o jornal mais importante de Angola, país tão rico e tão pobre, com tanta corrupção, com tanta desgraça, com tanta gente generosa e com tanta falta de democracia, o que é que há-de levar o presidente de Angola a mandar o jornal do seu partido e do seu governo insultar o BE", questionou Francisco Louça.Tem razão em quase tudo, menos no facto de o tal pasquim ser “ser o jornal mais importante de Angola”. De facto é apenas o jornal mais importante do MPLA. Eu sei que faz sentido dizer que o MPLA é Angola e Angola é o MPLA. Mas importa que alguém vá dizendo que a realidade é outra.Louçã contra-atacou: “Eu sei o que ele tem a temer, José Eduardo dos Santos tem medo, é verdade, José Eduardo dos Santos ocupa a presidência sem ter sido eleito há 17 anos, mas o que mais o incomoda é que o BE se opôs à privatização das gasolinas em Portugal porque José Sócrates quis dar a Américo Amorim, o homem mais rico de Portugal, associado a José Eduardo dos Santos, um terço de uma empresa que é nossa, que é de todos os portugueses, vendeu-lha por tuta-e-meia”."Todos os dias" - insistiu - "quando se põe gasolina na Galp, lá estamos a perder uma parte do dinheiro para a especulação, uma parte do dinheiro para o abuso dos preços, uma parte do dinheiro para os lucros destes empresários, quando esse dinheiro devia servir para todos”.O Jornal de Angola, no editorial de hoje, assinado pelo director e funcionário do MPLA, José Ribeiro, afirma que há quem esteja interessado em envolver Angola na actual campanha eleitoral, "fazendo declarações a roçar o insulto".O paladino do jornalismo do MPLA (sim, que o jornalismo angolano é outra coisa), José Ribeiro, continua – que remédio – a ser um defensor dedicado e bem pago das teses oficiais do patrão no jornal que dirige. Tal como - diga-se - também acontece em Portugal.Para se ver o nível de José Ribeiro baste recordar que ele escreveu que só o MPLA faz “chegar ao público um programa político com cabeça, tronco e membros”, acrescentando que o MPLA “abriu o país ao regime democrático e à economia de mercado, dá estabilidade à governação e organizou eleições de maneira exemplar, mostra deter uma visão sólida de Estado que não encontra paralelo”.Recorde-se ainda que, ao contrário do que quase todos os portugues e angolanos pensavam, José Eduardo dos Santos é cidadão português. Quem o diz é o próprio primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, quando afirma que a venda de parte da Galp a José Eduardo dos Santos se deveu ao facto de não querer que a empresa fosse para às mãos de estrangeiros...

marcar artigo