O Cachimbo de Magritte: de joelhos

07-08-2010
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A Grécia anunciou hoje o terceiro pacote de medidas de combate ao défice. É mais um desbaste de 4,8 mil milhões de euros a somar ao já previsto, ou 2% do PIB grego. Ao congelamento salarial na administração pública acrescenta-se agora cortes de 30% nos subsídios de férias, Natal e Páscoa. O IVA sobe de 19% para 21%. O Financial Times, no seu editorial, considera «brutal». Os analistas consideram que pode ter-se ido demasiado longe, dada a contracção de actividade económica que isto vai arrastar. O primeiro-ministro Papandreou não tem dúvidas: o principal problema é a iminência do incumprimento e não uma depressão gravíssima. Ele está louco? Não. A situação é que é de enlouquecer. Nada de razoável já pode ser feito. O caos é assim. Se não fizer isto, não tem condições de levantar 10 mil milhões de euros para pagar as contas já no próximo mês. Se fizer isto, talvez pague os 10 mil milhões de Abril, mas, dado o naufrágio da economia, reencontrará o mesmo dilema mais à frente. Há solução? Por cá, amanhã há greve na função pública. Na Alemanha, ficámos a saber, os salários caíram no ano passado, medidos per capita, sendo especialmente acentuada a queda na indústria. Foi a primeira vez que tal sucedeu desde 1949. Para este ano, os sindicatos (IG Metall) aceitaram um congelamento salarial. Bom, quando dizemos que temos salários insustentáveis estamos a dizer que o desnível dos custos do trabalho por unidade de produção face ao patamar das economias relevantes é impossível de manter. Podemos continuar a viver juntos, com a Alemanha, debaixo da mesma moeda? O Governo anuncia o Plano de Estabilidade e Crescimento para depois da aprovação do Orçamento do Estado, donde se deduz que tudo o que temos para dizer aos mercados, para já, é que para o ano é que vai ser a sério. Este ano, não.Apenas uma nota de satisfação: saber que também o General Loureiro dos Santos pensa que «a nossa sobrevivência como Estado independente pode ficar em causa», como escreve no Público de hoje. Assim haja mais portugueses a pensar assim.


A Grécia anunciou hoje o terceiro pacote de medidas de combate ao défice. É mais um desbaste de 4,8 mil milhões de euros a somar ao já previsto, ou 2% do PIB grego. Ao congelamento salarial na administração pública acrescenta-se agora cortes de 30% nos subsídios de férias, Natal e Páscoa. O IVA sobe de 19% para 21%. O Financial Times, no seu editorial, considera «brutal». Os analistas consideram que pode ter-se ido demasiado longe, dada a contracção de actividade económica que isto vai arrastar. O primeiro-ministro Papandreou não tem dúvidas: o principal problema é a iminência do incumprimento e não uma depressão gravíssima. Ele está louco? Não. A situação é que é de enlouquecer. Nada de razoável já pode ser feito. O caos é assim. Se não fizer isto, não tem condições de levantar 10 mil milhões de euros para pagar as contas já no próximo mês. Se fizer isto, talvez pague os 10 mil milhões de Abril, mas, dado o naufrágio da economia, reencontrará o mesmo dilema mais à frente. Há solução? Por cá, amanhã há greve na função pública. Na Alemanha, ficámos a saber, os salários caíram no ano passado, medidos per capita, sendo especialmente acentuada a queda na indústria. Foi a primeira vez que tal sucedeu desde 1949. Para este ano, os sindicatos (IG Metall) aceitaram um congelamento salarial. Bom, quando dizemos que temos salários insustentáveis estamos a dizer que o desnível dos custos do trabalho por unidade de produção face ao patamar das economias relevantes é impossível de manter. Podemos continuar a viver juntos, com a Alemanha, debaixo da mesma moeda? O Governo anuncia o Plano de Estabilidade e Crescimento para depois da aprovação do Orçamento do Estado, donde se deduz que tudo o que temos para dizer aos mercados, para já, é que para o ano é que vai ser a sério. Este ano, não.Apenas uma nota de satisfação: saber que também o General Loureiro dos Santos pensa que «a nossa sobrevivência como Estado independente pode ficar em causa», como escreve no Público de hoje. Assim haja mais portugueses a pensar assim.

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