O Cachimbo de Magritte: Vilanias

25-01-2011
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Esta semana, João Rosas, tecendo algumas considerações sobre as pressões a que muitos professores estão sujeitos nas escolas públicas nacionais, escreve:“A escola tradicional, antes da massificação, dedicava-se a ensinar e não a educar. A razão disso era externa à própria escola. As crianças vinham educadas de casa e os professores podiam dedicar-se inteiramente a ensinar. Nos tempos que correm, as famílias já não têm tempo nem instrumentos para educar as crianças. Neste caso, ao contrário do que costumam defender alguns sectores políticos, a família não é a solução mas antes o problema. Por isso a escola não pode apenas ensinar. Ela tem, antes de mais, de educar e, se não o fizer, também não conseguirá nunca ensinar.”Uma leitura desatenta levaria genericamente à concordância com o argumento geral. Uma tentação oriunda de uma generalizada simpatia para com o, por vezes muito difícil, trabalho dos professores. Mas cumpre-nos lutar contra os perigos da empatia generalista, especialmente quando assentam em vários “pequenos” erros e deliberadas omissões. Afirmar que a escola tradicional não educava e apenas ensinava, é um erro. Sempre educou. Em meios rurais, o professor educava os alunos para regras básicas de higiene e de civismo, era um veículo no reforço do comportamento social, ético e moral vigente e desenvolvido pelas famílias. Um excesso, dirão muitos, que justificou durante anos, na época da massificação do ensino, que a escola fosse encarada pelos pedagogos como o veículo para contrariar o autoritarismo familiar. É desta época que singra a já velha ideia da família castradora, anti-democrática, a antítese e o empecilho à sociedade de todas as liberdades. O movimento de interferência contínua da escola – Estado na esfera de actuação da família não surge por retracção voluntária da família, mas por uma intenção política deliberada de programas escolares centralmente desenhados. Era necessário formar, educar o novo cidadão da nova sociedade. Afirmar que a família é o problema é desonesto e injusto para milhões de famílias. A “nova sociedade” das engenharias sociais, que durante tanto tempo esteve de costas voltadas para as famílias, ante o descalabro pede agora contas às mesmas. Porquê? Não era isso que almejavam?As famílias não se preocupam menos com os filhos. As famílias não investem menos na educação dos seus filhos. Pelo contrário, e a prova é que todos aqueles que podem optam por soluções educativas que consideram adequadas.


Esta semana, João Rosas, tecendo algumas considerações sobre as pressões a que muitos professores estão sujeitos nas escolas públicas nacionais, escreve:“A escola tradicional, antes da massificação, dedicava-se a ensinar e não a educar. A razão disso era externa à própria escola. As crianças vinham educadas de casa e os professores podiam dedicar-se inteiramente a ensinar. Nos tempos que correm, as famílias já não têm tempo nem instrumentos para educar as crianças. Neste caso, ao contrário do que costumam defender alguns sectores políticos, a família não é a solução mas antes o problema. Por isso a escola não pode apenas ensinar. Ela tem, antes de mais, de educar e, se não o fizer, também não conseguirá nunca ensinar.”Uma leitura desatenta levaria genericamente à concordância com o argumento geral. Uma tentação oriunda de uma generalizada simpatia para com o, por vezes muito difícil, trabalho dos professores. Mas cumpre-nos lutar contra os perigos da empatia generalista, especialmente quando assentam em vários “pequenos” erros e deliberadas omissões. Afirmar que a escola tradicional não educava e apenas ensinava, é um erro. Sempre educou. Em meios rurais, o professor educava os alunos para regras básicas de higiene e de civismo, era um veículo no reforço do comportamento social, ético e moral vigente e desenvolvido pelas famílias. Um excesso, dirão muitos, que justificou durante anos, na época da massificação do ensino, que a escola fosse encarada pelos pedagogos como o veículo para contrariar o autoritarismo familiar. É desta época que singra a já velha ideia da família castradora, anti-democrática, a antítese e o empecilho à sociedade de todas as liberdades. O movimento de interferência contínua da escola – Estado na esfera de actuação da família não surge por retracção voluntária da família, mas por uma intenção política deliberada de programas escolares centralmente desenhados. Era necessário formar, educar o novo cidadão da nova sociedade. Afirmar que a família é o problema é desonesto e injusto para milhões de famílias. A “nova sociedade” das engenharias sociais, que durante tanto tempo esteve de costas voltadas para as famílias, ante o descalabro pede agora contas às mesmas. Porquê? Não era isso que almejavam?As famílias não se preocupam menos com os filhos. As famílias não investem menos na educação dos seus filhos. Pelo contrário, e a prova é que todos aqueles que podem optam por soluções educativas que consideram adequadas.

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