Dada a situação delicada que algumas economias enfrentam em virtude da persistência dos seus défices da balança de transacções correntes, não seria surpreendente que se começasse a a invocar o proteccionismo como solução temporária para esse problema, como o Pedro Lains avisou aqui. Mas é preciso reter um facto renitente relativo ao proteccionismo temporário - a que já se recorreu no passado para apoiar as indústrias nascentes, para garantir termos de troca favoráveis ou para aliviar desequilíbrios macroeconómicos graves. E esse facto é muito simples: nenhum proteccionismo é temporário. Nunca o é porque o proteccionismo, não só rompe com os padrões de comércio estabelecidos, como conduz a uma reafectação dos recursos que, por sua vez, cria fortes grupos de interesse que farão o que for preciso para impedir o regresso à situação anterior. Há muitos anos, o historiador económico François Crouzet declarou, com bastante exagero, é certo, que a resistência ao comércio livre no seu próprio tempo - a década de 60 - era uma consequência da profunda reafectação de recursos causada pelo Bloqueio Continental das Guerras Napoleónicas. Seja como for, o proteccionismo só é desfeito com lutas políticas graves ou por um choque externo de proporções bíblicas.
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Dada a situação delicada que algumas economias enfrentam em virtude da persistência dos seus défices da balança de transacções correntes, não seria surpreendente que se começasse a a invocar o proteccionismo como solução temporária para esse problema, como o Pedro Lains avisou aqui. Mas é preciso reter um facto renitente relativo ao proteccionismo temporário - a que já se recorreu no passado para apoiar as indústrias nascentes, para garantir termos de troca favoráveis ou para aliviar desequilíbrios macroeconómicos graves. E esse facto é muito simples: nenhum proteccionismo é temporário. Nunca o é porque o proteccionismo, não só rompe com os padrões de comércio estabelecidos, como conduz a uma reafectação dos recursos que, por sua vez, cria fortes grupos de interesse que farão o que for preciso para impedir o regresso à situação anterior. Há muitos anos, o historiador económico François Crouzet declarou, com bastante exagero, é certo, que a resistência ao comércio livre no seu próprio tempo - a década de 60 - era uma consequência da profunda reafectação de recursos causada pelo Bloqueio Continental das Guerras Napoleónicas. Seja como for, o proteccionismo só é desfeito com lutas políticas graves ou por um choque externo de proporções bíblicas.