A Cinco Tons: Omar Khayyam

25-01-2011
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José Manuel Rodrigues Omar tinha uma personalidade; eu, feliz ou infelizmente, não tenho nenhuma. Do que sou numa hora na hora seguinte me separo; do que fui num dia no dia seguinte me esqueci. Quem, como Omar, é quem é, vive num só mundo, que é o externo; quem, como eu, não é quem é, vive não só no mundo externo, mas num "successivo" e diverso mundo interno. A sua "philosophia", ainda que queira ser a mesma que a de Omar, forçosamente o não poderá ser. Assim, sem que deveras o queira, tenho em mim, como se fossem almas, as "philosophias" que critiquei; Omar podia rejeitar a todas, pois lhe eram externas, não as posso eu rejeitar, porque são eu. Afinal deste dia fica o que de ontem ficou e ficará de amanhã: a "ansia" "insaciavel" e "innumera" de ser sempre o mesmo e o outro.(O livro do desassossego - Bernardo Soares - págs. 23 e 24). M. Sampaio02 Outubro, 2010 13:38


José Manuel Rodrigues Omar tinha uma personalidade; eu, feliz ou infelizmente, não tenho nenhuma. Do que sou numa hora na hora seguinte me separo; do que fui num dia no dia seguinte me esqueci. Quem, como Omar, é quem é, vive num só mundo, que é o externo; quem, como eu, não é quem é, vive não só no mundo externo, mas num "successivo" e diverso mundo interno. A sua "philosophia", ainda que queira ser a mesma que a de Omar, forçosamente o não poderá ser. Assim, sem que deveras o queira, tenho em mim, como se fossem almas, as "philosophias" que critiquei; Omar podia rejeitar a todas, pois lhe eram externas, não as posso eu rejeitar, porque são eu. Afinal deste dia fica o que de ontem ficou e ficará de amanhã: a "ansia" "insaciavel" e "innumera" de ser sempre o mesmo e o outro.(O livro do desassossego - Bernardo Soares - págs. 23 e 24). M. Sampaio02 Outubro, 2010 13:38

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