ultraperiférico

19-12-2009
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[citação 05]ERA UMA VEZ“ Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixevermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pelasua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro apartir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nódesenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe.Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido àchegada do novo peixe.O problema do artista era que, obrigado a interromper oquadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabiao que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Oselementos do problema constituíam-se na observação dosfactos e punham-se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor- sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro, atravésdo pintor. O preto formava a insídia do real e abria umabismo na primitiva fidelidade do pintor.Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente quandoassentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe,efectuando um número de mágica, mostrava que existiaapenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas comoo da imaginação. Era a lei da metamorfose.Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou umpeixe amarelo.”Texto/Citação > Herberto Helder (n.1930), Portugal > Teoria das Cores, in "Os Passos em volta", ed. Assírio e Alvim (8ª Edição), Lisboa, 2001 (texto publicado inicialmente em 1962, com alterações em edições posteriores)Fotografia > Brassaï ?, França > Les mains de Pablo Picasso, s/d (c. 1950), (foto © FH/CRO)Fotografia transitóriamente atribuída a Brassaï (Gyula Halasz, 1899-1984), francêsde origem húngara, que publicou no livro Conversations avec Picasso (1964) umasérie de fotografias de Pablo Picasso (1881-1973), incluindo uma outra fotografia dasmãos deste artista.[R]Etiquetas: [citações 01-10], Brassaï (Gyula Halasz), Herberto Helder, Pablo Picasso

[citação 05]ERA UMA VEZ“ Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixevermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pelasua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro apartir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nódesenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe.Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido àchegada do novo peixe.O problema do artista era que, obrigado a interromper oquadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabiao que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Oselementos do problema constituíam-se na observação dosfactos e punham-se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor- sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro, atravésdo pintor. O preto formava a insídia do real e abria umabismo na primitiva fidelidade do pintor.Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente quandoassentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe,efectuando um número de mágica, mostrava que existiaapenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas comoo da imaginação. Era a lei da metamorfose.Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou umpeixe amarelo.”Texto/Citação > Herberto Helder (n.1930), Portugal > Teoria das Cores, in "Os Passos em volta", ed. Assírio e Alvim (8ª Edição), Lisboa, 2001 (texto publicado inicialmente em 1962, com alterações em edições posteriores)Fotografia > Brassaï ?, França > Les mains de Pablo Picasso, s/d (c. 1950), (foto © FH/CRO)Fotografia transitóriamente atribuída a Brassaï (Gyula Halasz, 1899-1984), francêsde origem húngara, que publicou no livro Conversations avec Picasso (1964) umasérie de fotografias de Pablo Picasso (1881-1973), incluindo uma outra fotografia dasmãos deste artista.[R]Etiquetas: [citações 01-10], Brassaï (Gyula Halasz), Herberto Helder, Pablo Picasso

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