O Cachimbo de Magritte: Patriotismo: Cosa è?

28-12-2009
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Em tempos, Maquiavel escreveu numa carta: "amo mais a minha pátria do que a minha própria alma". Durante muito tempo este passo foi usado como uma invocação do mais sublime patriotismo. Mas na verdade a compreensão desta frase sugere a ponderação do estatuto da pátria e do estatuto da alma. Só depois dessa ponderação se pode conferir a dose de patriotismo que aí está envolvida. E só depois dessa ponderação poderemos situar o amor pela pátria, em primeiro lugar, na hierarquia dos amores que o homem nutre, e, em segundo lugar, no horizonte abrangente do seu destino.Patriotismos há muitos. Desde o sentimentalismo irracional que une os afectos à comunidade de origem - o sangue, a raça, a história das origens, muitas vezes imaginárias - até ao hiper-racionalismo do patriotismo constitucional, tudo responde pelo mesmo nome de patriotismo. Mas sempre se pode dizer o seguinte. O patriotismo é uma forma de amor, mas não de um amor qualquer. O seu modelo na experiência comum das homens é o amor filial que se sente pelo pai (ou talvez para ser mais rigoroso, e apesar da palavra, pela mãe). Aos olhos deste amor, os nossos patrícios são, portanto, nossos irmãos. Estão bem mais próximos de nós, e ligados a nós, do que o estrangeiro. A inquietação do Pedro é com a Pátria que está subjugada por cleptocratas. Essa é talvez a dificuldade menor do patriota. Quantos filhos andam por esse mundo desgostosos com os seus pais (ou mães), alguns dos quais deixam pura e simplesmente de lhes falar, renegando-os? Haverá quem o faça com ligeireza e violando as obrigações naturais mais elementares - conheço alguns casos. Noutras ocasiões é mais difícil decidir. Mas, entre os que renegam, há quem mesmo nessas ocasiões mais complexas não consiga extinguir inteiramente a mágoa e a dor - conheço alguns casos. Quem renega a pátria, mas não consegue extinguir o seu sofrimento por ela continuar sangrar, é um patriota também. Apesar de viver lá longe. Apesar de abanar a cabeça reprovadoramente sempre que lhe falam nas suas desgraças e pecados.


Em tempos, Maquiavel escreveu numa carta: "amo mais a minha pátria do que a minha própria alma". Durante muito tempo este passo foi usado como uma invocação do mais sublime patriotismo. Mas na verdade a compreensão desta frase sugere a ponderação do estatuto da pátria e do estatuto da alma. Só depois dessa ponderação se pode conferir a dose de patriotismo que aí está envolvida. E só depois dessa ponderação poderemos situar o amor pela pátria, em primeiro lugar, na hierarquia dos amores que o homem nutre, e, em segundo lugar, no horizonte abrangente do seu destino.Patriotismos há muitos. Desde o sentimentalismo irracional que une os afectos à comunidade de origem - o sangue, a raça, a história das origens, muitas vezes imaginárias - até ao hiper-racionalismo do patriotismo constitucional, tudo responde pelo mesmo nome de patriotismo. Mas sempre se pode dizer o seguinte. O patriotismo é uma forma de amor, mas não de um amor qualquer. O seu modelo na experiência comum das homens é o amor filial que se sente pelo pai (ou talvez para ser mais rigoroso, e apesar da palavra, pela mãe). Aos olhos deste amor, os nossos patrícios são, portanto, nossos irmãos. Estão bem mais próximos de nós, e ligados a nós, do que o estrangeiro. A inquietação do Pedro é com a Pátria que está subjugada por cleptocratas. Essa é talvez a dificuldade menor do patriota. Quantos filhos andam por esse mundo desgostosos com os seus pais (ou mães), alguns dos quais deixam pura e simplesmente de lhes falar, renegando-os? Haverá quem o faça com ligeireza e violando as obrigações naturais mais elementares - conheço alguns casos. Noutras ocasiões é mais difícil decidir. Mas, entre os que renegam, há quem mesmo nessas ocasiões mais complexas não consiga extinguir inteiramente a mágoa e a dor - conheço alguns casos. Quem renega a pátria, mas não consegue extinguir o seu sofrimento por ela continuar sangrar, é um patriota também. Apesar de viver lá longe. Apesar de abanar a cabeça reprovadoramente sempre que lhe falam nas suas desgraças e pecados.

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