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21-01-2011
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A arte de conciliar os opostos Escreve José Manuel Pureza (Mensageiro de Santo António [revista dos franciscanos conventuais portugueses], Julho/agosto de 2003):
Deixem-me ser franco: na nossa Igreja há, muitas vezes, uma pastoral de meias-tintas. Na acção social, na relação com a cultura e os intelectuais, na liturgia, há uma estranha tendência para compatibilizar tudo, como se cada opção tivesse a mesma valia que a sua contrária. O velho e o novo, o conciliar e o pré-conciliar, o arrojado e o resignado são apadrinhados como se não houvesse opções a fazer entre eles. Não sou adepto de excluir caminhos ou de qualquer maniqueísmo entre vias correctas e incorrectas. Mas acho que muitas vezes nos falta a coragem de escolher prioridades. E de pagar o preço dessa escolha. Não gosto do que o autor tem escrito e proferido sobre a globalização. Costuma meter globalização, neoliberalismo e mcdonaldização no mesmo saco. Como se tudo fosse igual. E tudo a caminhar para o pior dos mundos possíveis. Mas a frase citada é excelente para questionar a acção da Igreja, principalmente ao nível dos que detêm mais responsabilidades na acção pastoral. Há de facto um tendência para esta pastoral das meias-tintas. Talvez a génese esteja no chamado “e” católico. Enquanto os protestantes tendem a excluir (“natureza ou graça” “sola Escriptura”, “sola fides”), os católicos tendem a incluir e conciliar (“natureza e graça”, “humano e divino”, “Escrituras e Tradição”, “fé e boas obras”...). Mas este equilíbrio que o catolicismo sempre procurou não se deve confundir com a compatibilização de tudo, com a conciliação dos opostos que mais revela a dificuldade de fazer opções e o desejo de não se dar mal com ninguém. É um bom desejo, esse, mas costuma levar à perda de fidelidade ao espírito de Jesus Cristo. Não se pode ser meias-tintas como não se pode ser sal doce ou fermento que não fermenta.

A arte de conciliar os opostos Escreve José Manuel Pureza (Mensageiro de Santo António [revista dos franciscanos conventuais portugueses], Julho/agosto de 2003):
Deixem-me ser franco: na nossa Igreja há, muitas vezes, uma pastoral de meias-tintas. Na acção social, na relação com a cultura e os intelectuais, na liturgia, há uma estranha tendência para compatibilizar tudo, como se cada opção tivesse a mesma valia que a sua contrária. O velho e o novo, o conciliar e o pré-conciliar, o arrojado e o resignado são apadrinhados como se não houvesse opções a fazer entre eles. Não sou adepto de excluir caminhos ou de qualquer maniqueísmo entre vias correctas e incorrectas. Mas acho que muitas vezes nos falta a coragem de escolher prioridades. E de pagar o preço dessa escolha. Não gosto do que o autor tem escrito e proferido sobre a globalização. Costuma meter globalização, neoliberalismo e mcdonaldização no mesmo saco. Como se tudo fosse igual. E tudo a caminhar para o pior dos mundos possíveis. Mas a frase citada é excelente para questionar a acção da Igreja, principalmente ao nível dos que detêm mais responsabilidades na acção pastoral. Há de facto um tendência para esta pastoral das meias-tintas. Talvez a génese esteja no chamado “e” católico. Enquanto os protestantes tendem a excluir (“natureza ou graça” “sola Escriptura”, “sola fides”), os católicos tendem a incluir e conciliar (“natureza e graça”, “humano e divino”, “Escrituras e Tradição”, “fé e boas obras”...). Mas este equilíbrio que o catolicismo sempre procurou não se deve confundir com a compatibilização de tudo, com a conciliação dos opostos que mais revela a dificuldade de fazer opções e o desejo de não se dar mal com ninguém. É um bom desejo, esse, mas costuma levar à perda de fidelidade ao espírito de Jesus Cristo. Não se pode ser meias-tintas como não se pode ser sal doce ou fermento que não fermenta.

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