blogue do não: Impressões do Prós e Contras

22-12-2009
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Não gostei. Duvido que o modelo seja realmente esclarecedor - e se já duvidava antes, duvido mais agora. Não só os argumentos de parte a parte são repetidos até à exaustão, como os duelos pessoais na plateia tornam o debate excessivamente fulanizado. E a presença de claques aplaudentes em nada contribui para serenar a atmosfera (se é que isso interessava a alguém).Posta a ressalva, há que reconhecer que tanto Maria José Alves como Vital Moreira, este último com a sua esgrima escolástica e o traquejo do PCP, estiveram uns furos acima dos seus contendores directos. Mas não "ganharam" o debate, usando os termos de quem confunde lógica com futebol. Não ganharam porque, em televisão, o que conta não é a sequência da argumentação, mas a impressão final. E esta foi bastante desfavorável ao "sim". A fúria dos aplausos, a desastrosa intervenção de Lídia Jorge (com a infelicíssima tirada da "coisa humana"), o pingue-pongue em que Pedro Luvumba calou a representante da CGTP, até a súbita irritação de Vital Moreira, a certa altura com o dedo em riste - eis o que fica.Além disso, o "sim" cometeu um erro que só a cegueira ideológica de algumas pessoas pode explicar. O velho "ópio dos intelectuais" continua a impedir muita gente de ver a mais cristalina realidade. José Manuel Pureza ou Lídia Jorge, para citar os exemplos mais notórios, centraram toda a questão na absoluta liberdade de escolha da mulher, esquecendo por completo o feto. Foi por aqui que o "não" pegou, como seria de prever. E Aguiar Branco aproveitou para repetir o óbvio: com isso, o que o "sim" pretende é a liberalização do aborto e não apenas a despenalização. As sondagens mostram que este argumento é poderoso porque a maioria das pessoas concorda com o fim dos julgamentos por aborto, mas não com o aborto a pedido. Sublinhar este aspecto foi uma inequívoca vitória do "não". Veremos, no dia 11, se chega para a vitória no referendo.

Não gostei. Duvido que o modelo seja realmente esclarecedor - e se já duvidava antes, duvido mais agora. Não só os argumentos de parte a parte são repetidos até à exaustão, como os duelos pessoais na plateia tornam o debate excessivamente fulanizado. E a presença de claques aplaudentes em nada contribui para serenar a atmosfera (se é que isso interessava a alguém).Posta a ressalva, há que reconhecer que tanto Maria José Alves como Vital Moreira, este último com a sua esgrima escolástica e o traquejo do PCP, estiveram uns furos acima dos seus contendores directos. Mas não "ganharam" o debate, usando os termos de quem confunde lógica com futebol. Não ganharam porque, em televisão, o que conta não é a sequência da argumentação, mas a impressão final. E esta foi bastante desfavorável ao "sim". A fúria dos aplausos, a desastrosa intervenção de Lídia Jorge (com a infelicíssima tirada da "coisa humana"), o pingue-pongue em que Pedro Luvumba calou a representante da CGTP, até a súbita irritação de Vital Moreira, a certa altura com o dedo em riste - eis o que fica.Além disso, o "sim" cometeu um erro que só a cegueira ideológica de algumas pessoas pode explicar. O velho "ópio dos intelectuais" continua a impedir muita gente de ver a mais cristalina realidade. José Manuel Pureza ou Lídia Jorge, para citar os exemplos mais notórios, centraram toda a questão na absoluta liberdade de escolha da mulher, esquecendo por completo o feto. Foi por aqui que o "não" pegou, como seria de prever. E Aguiar Branco aproveitou para repetir o óbvio: com isso, o que o "sim" pretende é a liberalização do aborto e não apenas a despenalização. As sondagens mostram que este argumento é poderoso porque a maioria das pessoas concorda com o fim dos julgamentos por aborto, mas não com o aborto a pedido. Sublinhar este aspecto foi uma inequívoca vitória do "não". Veremos, no dia 11, se chega para a vitória no referendo.

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