terra da alegria

04-08-2010
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quarta-feira, junho 16 SEM PENA DA MORTE Há por estes dias uma banalização da morte. E uma banalização de discursos sobre a morte - e, mais ainda, sobre as críticas a essa banalização. Mas remeter-nos ao silêncio é a pior das respostas a essa banalização.

A galeria de horrores não tem fim, nem escolhe rostos ou corpos. A morte de um menino palestiniano sob o fogo de soldados israelitas, filmado por um operador de televisão, ou a morte de jovens fanáticos islamistas que se fazem explodir em autocarros e cafés de Israel artilhados de bombas à cintura e semeando a mortandade.

Na cidade bósnia de Srebrenica, os "capacetes azuis" da ONU retiraram da região deixando caminho livre para o genocídio de uma população muçulmana às mãos de sérvios.

No Ruanda, o genocídio escreveu-se mais uma vez com a omissão das Nações Unidas e o atraso da Europa em responder aos alertas. Em Timor-Leste, a "fúria anti-comunista" da guerra fria levou à morte de um terço da população local, depois da invasão da Indonésia, abençoada por Henry Kissinger e Gerald Ford.

Nas prisões de Abu Ghraib e Guantanamo ou Havana e Rio de Janeiro, a morte esconde-se na cobardia da tortura de alegados taliban ou terroristas, simples defensores da palavra como jornalistas e escritores ou do ajuste de contas entre moleques de gangues dos morros e favelas. Sobre Tiananmen passaram 15 anos e um ensurdecedor silêncio de quem faz negócios da China.

Estas mortes assim desejadas por escroques ou ditadores, generais ou cowboys, têm a condenação de todos aqueles que acreditam num direito internacional da solidariedade como património comum da humanidade na feliz expressão do jurista José Manuel Pureza*.

Neste quadro, a resposta imperfeita que são as democracias têm de saber construir um património que recusa a morte determinantemente. Qualquer que ela seja. Mais se exige aos cristãos, pelo exemplo maior de Jesus de Nazaré. Escusava de O trazer à liça: não entendo como no mesmo bilhete de identidade se possa incluir a «filiação» no cristianismo (ou no islamismo ou no judaísmo ou no budismo ou no hinduísmo ou no baha'ísmo ou no...) e no «estado civil» aceitar-se a pena de morte. É impossível.

Pretender ou aceitar a morte, compreender ou querer a pena de morte, é colocarmo-nos ao nível de escroques e ditadores, generais e cowboys. Seremos carrascos como eles. Em nome da nossa segurança ou da nossa (in)comodidade, seremos sempre carrascos.

Breves notas de outras terras

1. Depois da estrondosa derrota no «Prestige», São Tiago parece ter ouvido as preces espanholas para o Euro. Ao fim da primeira jornada, eis o resultado que interessa aos encomendadores: São Tiago de Compostela, 1 - Nossa Senhora de Fátima, 0.

2. Uma leitora desta terra, M.F., fez-me chegar o seu comentário ao meu texto sobre «A encomenda das almas»:

«No fim da leitura atenta do seu texto na Terra da alegria, fica-me a pergunta perante o seu grito de exasperação: porque é que Deus e Nossa Senhora e os Santos não podem entrar nas coisas corriqueiras da nossa vida? Jesus experimentou as nossas rotinas, certo? então pq n confiarmos a Ele toda a nossa vida: a procura de emprego, as dificuldades no estudo, as dificuldades no trabalho, as dificuldades em casa... e as correspondentes alegrias.

recorrer a Deus Nosso Senhor foi desde sempre impulso (gravado no coração) do homem...

agora...

é preciso fazermos caminho e, a coroar os nossos pedidos, afirmar cheios de confiança, porque "a Deus nada é impossível", é preciso dizia afirmar que "se faça segundo a Tua vontade", seja ela qual for.. e depois aguentemo-nos se a vontade de Deus for a Cruz - alegria nossa, Ele oferece-a aos seus filhos».

3. Mais antiga é a nota de Gabriel Silva, do Blasfémias, sobre o «riso de Deus e a pouca festa dos cristãos»: «Indico o seguinte link que acho de interesse sobre o tema: http://www.hottopos.com/piadas/humorb.htm». Façam favor de ler.

* - vd. José Manuel Pureza, O Património Comum da Humanidade: rumo a um Direito Internacional da Solidariedade?, Edições Afrontamento, 1998.

Miguel Marujo ( Há por estes dias uma banalização da morte. E uma banalização de discursos sobre a morte - e, mais ainda, sobre as críticas a essa banalização. Mas remeter-nos ao silêncio é a pior das respostas a essa banalização.A galeria de horrores não tem fim, nem escolhe rostos ou corpos. A morte de um menino palestiniano sob o fogo de soldados israelitas, filmado por um operador de televisão, ou a morte de jovens fanáticos islamistas que se fazem explodir em autocarros e cafés de Israel artilhados de bombas à cintura e semeando a mortandade.Na cidade bósnia de Srebrenica, os "capacetes azuis" da ONU retiraram da região deixando caminho livre para o genocídio de uma população muçulmana às mãos de sérvios.No Ruanda, o genocídio escreveu-se mais uma vez com a omissão das Nações Unidas e o atraso da Europa em responder aos alertas. Em Timor-Leste, a "fúria anti-comunista" da guerra fria levou à morte de um terço da população local, depois da invasão da Indonésia, abençoada por Henry Kissinger e Gerald Ford.Nas prisões de Abu Ghraib e Guantanamo ou Havana e Rio de Janeiro, a morte esconde-se na cobardia da tortura de alegadosou terroristas, simples defensores da palavra como jornalistas e escritores ou do ajuste de contas entrede gangues dos morros e favelas. Sobre Tiananmen passaram 15 anos e um ensurdecedor silêncio de quem faz negócios da China.Estas mortes assim desejadas por escroques ou ditadores, generais ou cowboys, têm a condenação de todos aqueles que acreditam numcomona feliz expressão do jurista José Manuel Pureza*.Neste quadro, a resposta imperfeita que são as democracias têm de saber construir um património que recusa a morte determinantemente. Qualquer que ela seja. Mais se exige aos cristãos, pelo exemplo maior de Jesus de Nazaré. Escusava de O trazer à liça: não entendo como no mesmo bilhete de identidade se possa incluir a «filiação» no cristianismo (ou no islamismo ou no judaísmo ou no budismo ou no hinduísmo ou no baha'ísmo ou no...) e no «estado civil» aceitar-se a pena de morte. É impossível.Pretender ou aceitar a morte, compreender ou querer a pena de morte, é colocarmo-nos ao nível de escroques e ditadores, generais e cowboys. Seremos carrascos como eles. Em nome da nossa segurança ou da nossa (in)comodidade, seremos sempre carrascos.Miguel Marujo ( CIBERTÚLIA

quarta-feira, junho 16 SEM PENA DA MORTE Há por estes dias uma banalização da morte. E uma banalização de discursos sobre a morte - e, mais ainda, sobre as críticas a essa banalização. Mas remeter-nos ao silêncio é a pior das respostas a essa banalização.

A galeria de horrores não tem fim, nem escolhe rostos ou corpos. A morte de um menino palestiniano sob o fogo de soldados israelitas, filmado por um operador de televisão, ou a morte de jovens fanáticos islamistas que se fazem explodir em autocarros e cafés de Israel artilhados de bombas à cintura e semeando a mortandade.

Na cidade bósnia de Srebrenica, os "capacetes azuis" da ONU retiraram da região deixando caminho livre para o genocídio de uma população muçulmana às mãos de sérvios.

No Ruanda, o genocídio escreveu-se mais uma vez com a omissão das Nações Unidas e o atraso da Europa em responder aos alertas. Em Timor-Leste, a "fúria anti-comunista" da guerra fria levou à morte de um terço da população local, depois da invasão da Indonésia, abençoada por Henry Kissinger e Gerald Ford.

Nas prisões de Abu Ghraib e Guantanamo ou Havana e Rio de Janeiro, a morte esconde-se na cobardia da tortura de alegados taliban ou terroristas, simples defensores da palavra como jornalistas e escritores ou do ajuste de contas entre moleques de gangues dos morros e favelas. Sobre Tiananmen passaram 15 anos e um ensurdecedor silêncio de quem faz negócios da China.

Estas mortes assim desejadas por escroques ou ditadores, generais ou cowboys, têm a condenação de todos aqueles que acreditam num direito internacional da solidariedade como património comum da humanidade na feliz expressão do jurista José Manuel Pureza*.

Neste quadro, a resposta imperfeita que são as democracias têm de saber construir um património que recusa a morte determinantemente. Qualquer que ela seja. Mais se exige aos cristãos, pelo exemplo maior de Jesus de Nazaré. Escusava de O trazer à liça: não entendo como no mesmo bilhete de identidade se possa incluir a «filiação» no cristianismo (ou no islamismo ou no judaísmo ou no budismo ou no hinduísmo ou no baha'ísmo ou no...) e no «estado civil» aceitar-se a pena de morte. É impossível.

Pretender ou aceitar a morte, compreender ou querer a pena de morte, é colocarmo-nos ao nível de escroques e ditadores, generais e cowboys. Seremos carrascos como eles. Em nome da nossa segurança ou da nossa (in)comodidade, seremos sempre carrascos.

Breves notas de outras terras

1. Depois da estrondosa derrota no «Prestige», São Tiago parece ter ouvido as preces espanholas para o Euro. Ao fim da primeira jornada, eis o resultado que interessa aos encomendadores: São Tiago de Compostela, 1 - Nossa Senhora de Fátima, 0.

2. Uma leitora desta terra, M.F., fez-me chegar o seu comentário ao meu texto sobre «A encomenda das almas»:

«No fim da leitura atenta do seu texto na Terra da alegria, fica-me a pergunta perante o seu grito de exasperação: porque é que Deus e Nossa Senhora e os Santos não podem entrar nas coisas corriqueiras da nossa vida? Jesus experimentou as nossas rotinas, certo? então pq n confiarmos a Ele toda a nossa vida: a procura de emprego, as dificuldades no estudo, as dificuldades no trabalho, as dificuldades em casa... e as correspondentes alegrias.

recorrer a Deus Nosso Senhor foi desde sempre impulso (gravado no coração) do homem...

agora...

é preciso fazermos caminho e, a coroar os nossos pedidos, afirmar cheios de confiança, porque "a Deus nada é impossível", é preciso dizia afirmar que "se faça segundo a Tua vontade", seja ela qual for.. e depois aguentemo-nos se a vontade de Deus for a Cruz - alegria nossa, Ele oferece-a aos seus filhos».

3. Mais antiga é a nota de Gabriel Silva, do Blasfémias, sobre o «riso de Deus e a pouca festa dos cristãos»: «Indico o seguinte link que acho de interesse sobre o tema: http://www.hottopos.com/piadas/humorb.htm». Façam favor de ler.

* - vd. José Manuel Pureza, O Património Comum da Humanidade: rumo a um Direito Internacional da Solidariedade?, Edições Afrontamento, 1998.

Miguel Marujo ( Há por estes dias uma banalização da morte. E uma banalização de discursos sobre a morte - e, mais ainda, sobre as críticas a essa banalização. Mas remeter-nos ao silêncio é a pior das respostas a essa banalização.A galeria de horrores não tem fim, nem escolhe rostos ou corpos. A morte de um menino palestiniano sob o fogo de soldados israelitas, filmado por um operador de televisão, ou a morte de jovens fanáticos islamistas que se fazem explodir em autocarros e cafés de Israel artilhados de bombas à cintura e semeando a mortandade.Na cidade bósnia de Srebrenica, os "capacetes azuis" da ONU retiraram da região deixando caminho livre para o genocídio de uma população muçulmana às mãos de sérvios.No Ruanda, o genocídio escreveu-se mais uma vez com a omissão das Nações Unidas e o atraso da Europa em responder aos alertas. Em Timor-Leste, a "fúria anti-comunista" da guerra fria levou à morte de um terço da população local, depois da invasão da Indonésia, abençoada por Henry Kissinger e Gerald Ford.Nas prisões de Abu Ghraib e Guantanamo ou Havana e Rio de Janeiro, a morte esconde-se na cobardia da tortura de alegadosou terroristas, simples defensores da palavra como jornalistas e escritores ou do ajuste de contas entrede gangues dos morros e favelas. Sobre Tiananmen passaram 15 anos e um ensurdecedor silêncio de quem faz negócios da China.Estas mortes assim desejadas por escroques ou ditadores, generais ou cowboys, têm a condenação de todos aqueles que acreditam numcomona feliz expressão do jurista José Manuel Pureza*.Neste quadro, a resposta imperfeita que são as democracias têm de saber construir um património que recusa a morte determinantemente. Qualquer que ela seja. Mais se exige aos cristãos, pelo exemplo maior de Jesus de Nazaré. Escusava de O trazer à liça: não entendo como no mesmo bilhete de identidade se possa incluir a «filiação» no cristianismo (ou no islamismo ou no judaísmo ou no budismo ou no hinduísmo ou no baha'ísmo ou no...) e no «estado civil» aceitar-se a pena de morte. É impossível.Pretender ou aceitar a morte, compreender ou querer a pena de morte, é colocarmo-nos ao nível de escroques e ditadores, generais e cowboys. Seremos carrascos como eles. Em nome da nossa segurança ou da nossa (in)comodidade, seremos sempre carrascos.Miguel Marujo ( CIBERTÚLIA

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