Dominique Strauss-Kahn e a empregada de hotel

20-05-2011
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Ainda não escrevi uma linha sobre o caso Stauss Kahn e não é hoje que o vou fazer, do ponto de vista da culpabilidade ou inocência deste. De resto, nunca me pronunciei sobre casos em julgamento e, para mim, todos são inocentes até prova em contrário.

Admito que alguém como DSK, pelo lugar que ocupa e pelas ambições políticas que tem (ou tinha), seja alvo de uma cabala que vise a sua destruição. Também não ignoro a sua fama pública de conquistador nem o facto de, como li algures, haver mulheres jornalistas que se negavam a entrevistá-lo a sós.

Significativo, parece-me, é o facto da defesa de DSK ter passado rapidamente de uma alegação de inocência absoluta a uma argumentação que envolve sexo consentido, mas apenas após recolha de ADN e confrontação com alegadas “provas forenses”.

Ainda assim, e mantendo a presunção de inocência, esta notícia não deixa de ser perturbadora; quando a defesa de um dos homens mais poderosos do mundo se prepara para arrasar a credibilidade de uma simples empregada de hotel, consegue-o, de uma forma ou de outra, quanto mais não seja por questões de status, vizinhança e relacionamentos pessoais.

A estratégia é natural e conhecida: se, numa questão de consentimento ou não consentimento, a alegada vítima não for credível, provavelmente estará a mentir.

Resta saber se a justiça americana se consegue colocar acima de preconceitos deste tipo e se tudo não se resumirá a uma luta entre David e Golias. É que, generalizando, um qualquer indivíduo pode simultâneamente ser não credível e vítima. E ter razão na acusação, portanto.

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Ainda não escrevi uma linha sobre o caso Stauss Kahn e não é hoje que o vou fazer, do ponto de vista da culpabilidade ou inocência deste. De resto, nunca me pronunciei sobre casos em julgamento e, para mim, todos são inocentes até prova em contrário.

Admito que alguém como DSK, pelo lugar que ocupa e pelas ambições políticas que tem (ou tinha), seja alvo de uma cabala que vise a sua destruição. Também não ignoro a sua fama pública de conquistador nem o facto de, como li algures, haver mulheres jornalistas que se negavam a entrevistá-lo a sós.

Significativo, parece-me, é o facto da defesa de DSK ter passado rapidamente de uma alegação de inocência absoluta a uma argumentação que envolve sexo consentido, mas apenas após recolha de ADN e confrontação com alegadas “provas forenses”.

Ainda assim, e mantendo a presunção de inocência, esta notícia não deixa de ser perturbadora; quando a defesa de um dos homens mais poderosos do mundo se prepara para arrasar a credibilidade de uma simples empregada de hotel, consegue-o, de uma forma ou de outra, quanto mais não seja por questões de status, vizinhança e relacionamentos pessoais.

A estratégia é natural e conhecida: se, numa questão de consentimento ou não consentimento, a alegada vítima não for credível, provavelmente estará a mentir.

Resta saber se a justiça americana se consegue colocar acima de preconceitos deste tipo e se tudo não se resumirá a uma luta entre David e Golias. É que, generalizando, um qualquer indivíduo pode simultâneamente ser não credível e vítima. E ter razão na acusação, portanto.

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