NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI: Os Quatro Pilares da Europa (comentário ao texto "Europa Europas")

31-05-2010
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Gostei de ler o texto Europa Europas, sendo um assunto que me interessa muito particularmente. Mas do meu ponto de vista, os três pilares indicados por Gheorghe Ceausescu não são suficientes para sustentar a Europa. Falta-lhe um pilar absolutamente fundamental: o Egipto e a sua civilização.Relembro que o faraó Amenófis IV, mais conhecido como Akhenaton, realizou uma autêntica revolução espiritual ao instituir uma religião monoteísta, facto claramente indicador de que a religião egípcia já continha a semente do monoteísmo. Esse mesmo monarca é tradicionalmente considerado como o fundador da que hoje se conhece como a Ordem da Rosa Cruz, a qual tem desempenhado, através de diversas personalidades e organizações, um papel inequívoco no desenvolvimento da civilização ocidental.Para além disso, não tenho dúvidas de que a vida de Joseph (filho de Jacob) no Egipto, onde assumiu inclusivamente o cargo de vice-rei, assim como a instalação do povo hebraico naquela terra, tiveram uma influência inegável na própria religião dos judeus.Por último, Alexandre o Grande foi considerado pela hierarquia sacerdotal egípcia como o sucessor legítimo do trono do faraó, tendo dado assim início à última dinastia, a ptolemaica, toda ela liderada por gregos. Ora, na batalha de Áccio (31 a.C.) decidiu-se o destino do mundo (Oriente ou Ocidente, cultura greco-egípcia ou greco-romana), pois o facho da civilização, então nas mãos dos Egípcios-Gregos ou Gregos-Egípcios (parece-me aqui impossível evitar a noção de "fusão cultural"), passou das mãos de Cleópatra (rainha de sangue grego e chefe da religião egípcia) para as mãos de Octávio, que veio a ser o Imperador César Augusto, Pontífice Máximo. Ora, o Papa, chefe da Igreja Católica (i.e. "universal") Romana, herdou o título espiritual do antigo imperador de Roma, Pontifex Maximus. O império de Alexandre, a monarquia egípcia e o ecumenismo helenístico nela centrado foram a inspiração para império romano. Parece-me que Hegel e os seus partidários conseguiram fazer-nos esquecer de que no "ser-se grego" está implícito, a partir de um certo momento, "ser-se também egípcio". Ou então a cultura grega acabou quando Alexandre foi reconhecido como filho de Amon-Zeus...Julgo que uma "consciência europeia plena" só se poderá alguma vez realizar quando os "europeus" compreenderem de uma vez por todas que o "Ocidente" não começa na Grécia mas sim no Mediterrâneo. Pessoalmente, creio que o projecto da "União do Mediterrâneo", proposto por Sarkozy na última presidência europeia da França, poderá ser talvez uma porta para uma nova consciencialização do que significa "ser europeu". Europa é filha de Agenor, rei dos Fenícios, e o Mare Nostrum tem muitas praias...Só um pequeno pormenor, para terminar, uma vez que também sou classicista e dado que no texto se fala tanto de língua e cultura latina: a pergunta "Quod vadis Europa?" ficaria bem melhor se "quod" fosse substituído por "quo".Se a Acrópole está para a civilização grega, o Capitólio para a Romana e o Gólgota para a cristã, que símbolo poderá estar para a civilização egípcia?Estão aqui quatro civilizações. O símbolo da quinta já todos sabemos qual é...


Gostei de ler o texto Europa Europas, sendo um assunto que me interessa muito particularmente. Mas do meu ponto de vista, os três pilares indicados por Gheorghe Ceausescu não são suficientes para sustentar a Europa. Falta-lhe um pilar absolutamente fundamental: o Egipto e a sua civilização.Relembro que o faraó Amenófis IV, mais conhecido como Akhenaton, realizou uma autêntica revolução espiritual ao instituir uma religião monoteísta, facto claramente indicador de que a religião egípcia já continha a semente do monoteísmo. Esse mesmo monarca é tradicionalmente considerado como o fundador da que hoje se conhece como a Ordem da Rosa Cruz, a qual tem desempenhado, através de diversas personalidades e organizações, um papel inequívoco no desenvolvimento da civilização ocidental.Para além disso, não tenho dúvidas de que a vida de Joseph (filho de Jacob) no Egipto, onde assumiu inclusivamente o cargo de vice-rei, assim como a instalação do povo hebraico naquela terra, tiveram uma influência inegável na própria religião dos judeus.Por último, Alexandre o Grande foi considerado pela hierarquia sacerdotal egípcia como o sucessor legítimo do trono do faraó, tendo dado assim início à última dinastia, a ptolemaica, toda ela liderada por gregos. Ora, na batalha de Áccio (31 a.C.) decidiu-se o destino do mundo (Oriente ou Ocidente, cultura greco-egípcia ou greco-romana), pois o facho da civilização, então nas mãos dos Egípcios-Gregos ou Gregos-Egípcios (parece-me aqui impossível evitar a noção de "fusão cultural"), passou das mãos de Cleópatra (rainha de sangue grego e chefe da religião egípcia) para as mãos de Octávio, que veio a ser o Imperador César Augusto, Pontífice Máximo. Ora, o Papa, chefe da Igreja Católica (i.e. "universal") Romana, herdou o título espiritual do antigo imperador de Roma, Pontifex Maximus. O império de Alexandre, a monarquia egípcia e o ecumenismo helenístico nela centrado foram a inspiração para império romano. Parece-me que Hegel e os seus partidários conseguiram fazer-nos esquecer de que no "ser-se grego" está implícito, a partir de um certo momento, "ser-se também egípcio". Ou então a cultura grega acabou quando Alexandre foi reconhecido como filho de Amon-Zeus...Julgo que uma "consciência europeia plena" só se poderá alguma vez realizar quando os "europeus" compreenderem de uma vez por todas que o "Ocidente" não começa na Grécia mas sim no Mediterrâneo. Pessoalmente, creio que o projecto da "União do Mediterrâneo", proposto por Sarkozy na última presidência europeia da França, poderá ser talvez uma porta para uma nova consciencialização do que significa "ser europeu". Europa é filha de Agenor, rei dos Fenícios, e o Mare Nostrum tem muitas praias...Só um pequeno pormenor, para terminar, uma vez que também sou classicista e dado que no texto se fala tanto de língua e cultura latina: a pergunta "Quod vadis Europa?" ficaria bem melhor se "quod" fosse substituído por "quo".Se a Acrópole está para a civilização grega, o Capitólio para a Romana e o Gólgota para a cristã, que símbolo poderá estar para a civilização egípcia?Estão aqui quatro civilizações. O símbolo da quinta já todos sabemos qual é...

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