Bojudo fradalhão de larga ventaBojudo fradalhão de larga venta,Abismo imundo de tabaco esturro,Doutor na asneira, na ciência burro,Com barba hirsuta, que no peito assenta:No púlpito um domingo se apresenta;Pregas nas grades espantoso murro;E acalmado do povo o grão sussurroO dique das asneiras arrebenta.Quatro putas mofavam de seus brados,Não querendo que gritasse contra as modasUm pecador dos mais desaforados:"Não (diz uma) tu padre não me engodas:Sempre, me há-de lembrar por meus pecadosA noite, em que me deste nove fodas"!Lá quando em mim perder a humanidade Lá quando em mim perder a humanidadeMais um daqueles, que não fazem falta,Verbi-gratia – o teólogo, o peralta,Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:Não quero funeral comunidade,que engrole sub-venites em voz alta;Pingados gatarrões, gente de malta,Eu também vos dispenso a caridade:Mas quando ferrugenta enxada idosaSepulcro me cavar em ermo outeiro,Lavre-me este epitáfio mão piedosa:"Aqui dorme Bocage, o putanheiro:Passou a vida folgada, e milagrosa:Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."
Categorias
Entidades
Bojudo fradalhão de larga ventaBojudo fradalhão de larga venta,Abismo imundo de tabaco esturro,Doutor na asneira, na ciência burro,Com barba hirsuta, que no peito assenta:No púlpito um domingo se apresenta;Pregas nas grades espantoso murro;E acalmado do povo o grão sussurroO dique das asneiras arrebenta.Quatro putas mofavam de seus brados,Não querendo que gritasse contra as modasUm pecador dos mais desaforados:"Não (diz uma) tu padre não me engodas:Sempre, me há-de lembrar por meus pecadosA noite, em que me deste nove fodas"!Lá quando em mim perder a humanidade Lá quando em mim perder a humanidadeMais um daqueles, que não fazem falta,Verbi-gratia – o teólogo, o peralta,Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:Não quero funeral comunidade,que engrole sub-venites em voz alta;Pingados gatarrões, gente de malta,Eu também vos dispenso a caridade:Mas quando ferrugenta enxada idosaSepulcro me cavar em ermo outeiro,Lavre-me este epitáfio mão piedosa:"Aqui dorme Bocage, o putanheiro:Passou a vida folgada, e milagrosa:Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."