NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI: Brasileiros terão que reaprender ortografia da língua portuguesa

29-05-2010
marcar artigo


Acordo entre quatro países permitirá 'unificação' ortográfica.Documento não definiu ainda todas as regras, mas várias coisas devem mudar.Na hora de enfrentar papel e caneta, nem sempre o bom português está na ponta da língua. E em breve os brasileiros terão que se adaptar a mudanças.É que quatro países de língua portuguesa, Brasil, Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe já chegaram a um acordo de unificação da ortografia. Acaba de ser publicado o primeiro dicionário com as mudanças previstas no acordo ortográfico.As dúvidas são comuns numa língua tão rica. Com o estudo e a prática, as pessoas absorvem os padrões de acentuação e ortografia do português. Mas agora elas terão de reaprender. Palavras como assembléia e idéia não terão mais acento. Depois de quase um século de discussões, a unificação da ortografia deve facilitar a edição de livros e documentos e encorajar o intercâmbio entre as culturas. "Até nos adaptarmos à nova forma, estaremos sempre cometendo alguns erros na escrita", diz a professora Eliene Aparecida de Souza. "Com o tempo, as coisas se encaixam." Para alunos como Lucas Barbosa dos Santos, 14, que começava a aprender, as mudanças dificultam. "Complicou tudo de novo", diz.Algumas mudanças serão bastante notadas. Saem os acentos circunflexos de verbos como lêem, vêem e crêem. O hífen aparecem em palavras como reescrever e reeleger, mas some de palavras como anti-religioso, que ganhará um "r". E o trema, que muita gente já não usava em palavras como tranqüilo e lingüiça, caiu de vez.E em algumas palavras será aceita a dupla grafia: por exemplo, a palavra econômico (atual grafia brasileira) também poderá ser escrita com acento agudo: económico (atual grafia portuguesa). E quem tem nomes com as letras K, W e Y pode comemorar: esses caracteres voltam a figurar oficialmente no alfabeto da língua portuguesa. "Minha letra não estava lá, mas agora vai ser incluída, e isso vai ser bom", diz Kelly Souza Amorim, 13. As novas maneiras de escrever velhas palavras já estão reunidas no primeiro dicionário com as mudanças previstas no acordo ortográfico. Ele é volumoso, como a maioria dos dicionários, mas ninguém precisa se assustar. As alterações não são tantas, e haverá tempo para se acostumar com elas. A nova ortografia deve entrar em vigor em janeiro do ano que vem e estará nos livros didáticos em 2010. Teremos três anos para assimilar a grafia das palavras. Um universo que está sempre em transformação, como prova o "caracter" de Macunaíma, grafado em 1926 com uma letra "c" extra. "A língua é aquilo que abre nossa mente, é aquilo que nos possibilita compreender o mundo", diz José Luiz Fiorin, professor de linguística da USP. "Portanto, a língua nos faz mais humanos."


Acordo entre quatro países permitirá 'unificação' ortográfica.Documento não definiu ainda todas as regras, mas várias coisas devem mudar.Na hora de enfrentar papel e caneta, nem sempre o bom português está na ponta da língua. E em breve os brasileiros terão que se adaptar a mudanças.É que quatro países de língua portuguesa, Brasil, Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe já chegaram a um acordo de unificação da ortografia. Acaba de ser publicado o primeiro dicionário com as mudanças previstas no acordo ortográfico.As dúvidas são comuns numa língua tão rica. Com o estudo e a prática, as pessoas absorvem os padrões de acentuação e ortografia do português. Mas agora elas terão de reaprender. Palavras como assembléia e idéia não terão mais acento. Depois de quase um século de discussões, a unificação da ortografia deve facilitar a edição de livros e documentos e encorajar o intercâmbio entre as culturas. "Até nos adaptarmos à nova forma, estaremos sempre cometendo alguns erros na escrita", diz a professora Eliene Aparecida de Souza. "Com o tempo, as coisas se encaixam." Para alunos como Lucas Barbosa dos Santos, 14, que começava a aprender, as mudanças dificultam. "Complicou tudo de novo", diz.Algumas mudanças serão bastante notadas. Saem os acentos circunflexos de verbos como lêem, vêem e crêem. O hífen aparecem em palavras como reescrever e reeleger, mas some de palavras como anti-religioso, que ganhará um "r". E o trema, que muita gente já não usava em palavras como tranqüilo e lingüiça, caiu de vez.E em algumas palavras será aceita a dupla grafia: por exemplo, a palavra econômico (atual grafia brasileira) também poderá ser escrita com acento agudo: económico (atual grafia portuguesa). E quem tem nomes com as letras K, W e Y pode comemorar: esses caracteres voltam a figurar oficialmente no alfabeto da língua portuguesa. "Minha letra não estava lá, mas agora vai ser incluída, e isso vai ser bom", diz Kelly Souza Amorim, 13. As novas maneiras de escrever velhas palavras já estão reunidas no primeiro dicionário com as mudanças previstas no acordo ortográfico. Ele é volumoso, como a maioria dos dicionários, mas ninguém precisa se assustar. As alterações não são tantas, e haverá tempo para se acostumar com elas. A nova ortografia deve entrar em vigor em janeiro do ano que vem e estará nos livros didáticos em 2010. Teremos três anos para assimilar a grafia das palavras. Um universo que está sempre em transformação, como prova o "caracter" de Macunaíma, grafado em 1926 com uma letra "c" extra. "A língua é aquilo que abre nossa mente, é aquilo que nos possibilita compreender o mundo", diz José Luiz Fiorin, professor de linguística da USP. "Portanto, a língua nos faz mais humanos."

marcar artigo