NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI: Cinco Princípios

29-05-2010
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I AlmaUm vento transparente e invisívelleva o corpo do berço para a tumbaenquanto a vida pesa como chumboa alma é uma pluma leve e indivisívelcentro e margem de um continentefeito de sangue, carne e saudadenão ela mas o corpo é o penitentedas coisas e da última verdadeda primeira também e do caminhoque nada tem a ver com eladizem que ela é um hálito divinomas ao mesmo tempo ela é a velaque leva o barco até à sua ilhanas ondas dolorosas e doces do destinoII SaudadeOnda dolorosa e doce do mar salgadovã palavra ou indizível vibraçãocinde e une as lembranças em vãoe do profano parte para o sagradocomo o marinheiro à ilha afortunadae a criança santa para a cruza saudade é a noite cheia de luzuma estrela moribunda ardendo no nadaque é tudo quando o desejo venhacomo um sonho sonhando que nunca tenhasaída sem regresso e entrada sem saídaolhando na paisagem do píncaro da vidao futuro que uma lágrima desenhana linha limiar da infinita despedidaIII HorizonteLinha infinita e limiar da menteúltima região da realidadeaté lá tudo é insuficienteuma cartografia invertida da verdadeo horizonte é uma lâmina afiadaque finge abismos escuros e paraísose quem escuta os seus avisosnaufraga na água e depois no nadano primeiro traço da última cisãoonde os peixes beijam as avese onde o céu engole as navesno ponto onde a terra não tem chãocolorida da cor crepuscular das nuvenstudo é possível na sua extensãoIV LiberdadeTudo seja possível, exige a bocapara devorar inteiro o que existee que a fome humana pede de trocada vida finita, dolorosa e tristemas a liberdade não vem da faltae nem da vontade sangrentatalvez da saudade, que é mais altae na sua altura solitária inventauma companheira que nunca juranada para ninguém, somente a esperançae uma sentença sem espada nem balançaa liberdade parece uma dançada razão amarga com a loucuraalguém que perde e alguém procuraV CulpaO homem que procura é este alguémé uma sombra do deus ignotoandando atrás do que nunca vemcarregando nas costas a história e o mitoe nos seus olhos o dom de ver o outroa chaga purulenta do seu vizinhoe encontra na carne alheia um votoum cálice dourado cheio de vinhoa culpa é mais profunda do que o pecadoque nem existe na verdadeo pecado é um produto da sociedademas a culpa do homem é um eterno fadocasada com a alma num círculo caladocom a saudade, o horizonte e a liberdade.


I AlmaUm vento transparente e invisívelleva o corpo do berço para a tumbaenquanto a vida pesa como chumboa alma é uma pluma leve e indivisívelcentro e margem de um continentefeito de sangue, carne e saudadenão ela mas o corpo é o penitentedas coisas e da última verdadeda primeira também e do caminhoque nada tem a ver com eladizem que ela é um hálito divinomas ao mesmo tempo ela é a velaque leva o barco até à sua ilhanas ondas dolorosas e doces do destinoII SaudadeOnda dolorosa e doce do mar salgadovã palavra ou indizível vibraçãocinde e une as lembranças em vãoe do profano parte para o sagradocomo o marinheiro à ilha afortunadae a criança santa para a cruza saudade é a noite cheia de luzuma estrela moribunda ardendo no nadaque é tudo quando o desejo venhacomo um sonho sonhando que nunca tenhasaída sem regresso e entrada sem saídaolhando na paisagem do píncaro da vidao futuro que uma lágrima desenhana linha limiar da infinita despedidaIII HorizonteLinha infinita e limiar da menteúltima região da realidadeaté lá tudo é insuficienteuma cartografia invertida da verdadeo horizonte é uma lâmina afiadaque finge abismos escuros e paraísose quem escuta os seus avisosnaufraga na água e depois no nadano primeiro traço da última cisãoonde os peixes beijam as avese onde o céu engole as navesno ponto onde a terra não tem chãocolorida da cor crepuscular das nuvenstudo é possível na sua extensãoIV LiberdadeTudo seja possível, exige a bocapara devorar inteiro o que existee que a fome humana pede de trocada vida finita, dolorosa e tristemas a liberdade não vem da faltae nem da vontade sangrentatalvez da saudade, que é mais altae na sua altura solitária inventauma companheira que nunca juranada para ninguém, somente a esperançae uma sentença sem espada nem balançaa liberdade parece uma dançada razão amarga com a loucuraalguém que perde e alguém procuraV CulpaO homem que procura é este alguémé uma sombra do deus ignotoandando atrás do que nunca vemcarregando nas costas a história e o mitoe nos seus olhos o dom de ver o outroa chaga purulenta do seu vizinhoe encontra na carne alheia um votoum cálice dourado cheio de vinhoa culpa é mais profunda do que o pecadoque nem existe na verdadeo pecado é um produto da sociedademas a culpa do homem é um eterno fadocasada com a alma num círculo caladocom a saudade, o horizonte e a liberdade.

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