Ambientalistas portugueses querem regras vinculativas e um calendário pós-2012

02-12-2010
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Disso tem a certeza Ana Rita Antunes, da Quercus. Ainda assim, a 16.ª conferência das partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, que começa hoje, no México, traz oportunidades. "Adoptar um segundo período de compromisso de Quioto [que ainda não está definido] com os países já envolvidos é um objectivo realista". Isso poderia ser um sinal dos países desenvolvidos para convencer os países em desenvolvimento, fora das exigências de Quioto, a aceitar um acordo complementar a longo prazo. "Menos que isso seria uma falha séria no combate às alterações climáticas", diz Rita Antunes.

Este "período de compromisso" significa que os países estarão obrigados a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa de acordo com um plano e metas definidas internacionalmente. Ou seja, chegar a acordo em relação a um calendário concreto pós-2012.

José Luís Ferreira, deputado do Partido Ecologista Os Verdes, vê a cimeira como "um passo firme para um acordo justo para o próximo ano [na cimeira da África do Sul], com alguma ambição e, acima de tudo, vinculativo. Isso é o mínimo". O deputado entende ser possível e desejável que do México saia um plano de trabalhos até à próxima cimeira, "para garantir a segurança das negociações".

Ainda assim, é com pouca esperança e falta de optimismo que os ambientalistas contactados pelo PÚBLICO olham para Cancún. Uma atitude que se vem tornando tradição, já que quase duas décadas de negociações não conseguiram travar o aumento das emissões poluentes.

"Não temos expectativas muito altas, porque o momento não é muito favorável", diz João Joanaz de Melo, do GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e do Ambiente), que lembra a crise financeira. "Somos insustentáveis. Mas os países não estão interessados em medidas a sério para alterar modos de vida e apertar ainda mais o cinto". Antes pelo contrário. Joanaz de Melo acredita que "todos os blocos políticos e económicos tentarão obter o máximo de benefícios" em Cancún.

Eugénio Sequeira, da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), tem "esperanças muito pequenas", porque há sinais preocupantes. "O Japão já disse que não quer renovar [o Protocolo de] Quioto" e "os Estados Unidos parecem estar a recuar". Mas pior que tudo é que "a sociedade civil não está preocupada e os governantes fazem o que as pessoas querem". "A sobrevivência a médio e longo prazo fica para segundo plano. As pessoas estão concentradas na resolução de problemas muito concretos, como o desemprego."

As fragilidades nos trabalhos diplomáticos de Cancún não passam despercebidas a José Luís Ferreira. "A Europa parece não estar em posição de reivindicar metas de redução de gases com efeito de estufa mais ambiciosas e o progresso da política climática norte-americana ficou em causa depois de se ter perdido a maioria democrata no Congresso".

Disso tem a certeza Ana Rita Antunes, da Quercus. Ainda assim, a 16.ª conferência das partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, que começa hoje, no México, traz oportunidades. "Adoptar um segundo período de compromisso de Quioto [que ainda não está definido] com os países já envolvidos é um objectivo realista". Isso poderia ser um sinal dos países desenvolvidos para convencer os países em desenvolvimento, fora das exigências de Quioto, a aceitar um acordo complementar a longo prazo. "Menos que isso seria uma falha séria no combate às alterações climáticas", diz Rita Antunes.

Este "período de compromisso" significa que os países estarão obrigados a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa de acordo com um plano e metas definidas internacionalmente. Ou seja, chegar a acordo em relação a um calendário concreto pós-2012.

José Luís Ferreira, deputado do Partido Ecologista Os Verdes, vê a cimeira como "um passo firme para um acordo justo para o próximo ano [na cimeira da África do Sul], com alguma ambição e, acima de tudo, vinculativo. Isso é o mínimo". O deputado entende ser possível e desejável que do México saia um plano de trabalhos até à próxima cimeira, "para garantir a segurança das negociações".

Ainda assim, é com pouca esperança e falta de optimismo que os ambientalistas contactados pelo PÚBLICO olham para Cancún. Uma atitude que se vem tornando tradição, já que quase duas décadas de negociações não conseguiram travar o aumento das emissões poluentes.

"Não temos expectativas muito altas, porque o momento não é muito favorável", diz João Joanaz de Melo, do GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e do Ambiente), que lembra a crise financeira. "Somos insustentáveis. Mas os países não estão interessados em medidas a sério para alterar modos de vida e apertar ainda mais o cinto". Antes pelo contrário. Joanaz de Melo acredita que "todos os blocos políticos e económicos tentarão obter o máximo de benefícios" em Cancún.

Eugénio Sequeira, da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), tem "esperanças muito pequenas", porque há sinais preocupantes. "O Japão já disse que não quer renovar [o Protocolo de] Quioto" e "os Estados Unidos parecem estar a recuar". Mas pior que tudo é que "a sociedade civil não está preocupada e os governantes fazem o que as pessoas querem". "A sobrevivência a médio e longo prazo fica para segundo plano. As pessoas estão concentradas na resolução de problemas muito concretos, como o desemprego."

As fragilidades nos trabalhos diplomáticos de Cancún não passam despercebidas a José Luís Ferreira. "A Europa parece não estar em posição de reivindicar metas de redução de gases com efeito de estufa mais ambiciosas e o progresso da política climática norte-americana ficou em causa depois de se ter perdido a maioria democrata no Congresso".

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