O valor das ideias: O conclave da vichychoise: pelas minhas contas seriam 23, entre ex-líderes e "federadores" de sensibilidades no PSD

19-12-2009
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A ideia de um convénio que reunisse os "ex-líderes e aqueles que no PSD que representam sensibilidades", que Marcelo Rebelo de Sousa sugeriu hoje a Maria Flor Pedroso não terá seguramente pernas para andar, como bem observa Paulo Gorjão. E não passará de mais um golpe de teatro do gelatinoso professor, para dizer que até tentou federar os diversos grupos. E Paulo Gorjão avança com uma razão que diz tudo sobre o potencial explosivo do PSD neste momento: não foi feito o necessário trabalho prévio. Assim como, digo, eu, quando a diplomacia chinesa e norte americana prepara os termos possíveis em que Obama e Hu Jintao acordarão após reunião breve. Os diplomatas não fizeram o trabalho de casa para trazer os líderes das tribos guerreiras à mesa.Admitamos contudo, que a proposta de Marcelo tinha o seu potencial. Em matéria de ex-líderes vivos do PSD, a reunião deveria desde logo contar com o próprio Marcelo Rebelo de Sousa, com Luís Filipe Menezes, com Marques Mendes, com Pedro Santana Lopes, suponho com a corrente futura ex-líder Manuela Ferreira Leite, com Fernando Nogueira, com Rui Machete, com Pinto Balsemão e com -no que seria algo inédito na História da Democracia - com o Presidente da República, que por momentos poderia deixar fazer de conta que é isento e não favorece o PSD, e ainda com o sempre entusiasmante Presidente da Comissão Europeia, que num exercício de autosuspensão do cargo, viria à pátria dar uma ajudinha. Pelas minhas contas, só aqui estão 10 lugares à mesa. As minhas desculpas se me escapa alguém.A coisa é ainda mais divertida quando acrescentamos os federadores de sensibilidades, leia-se putativos líderes, ou pessoas que estão convencidas de que têm fiéis. Nesse movimento teriam de participar: Pedro Passos Coelho, que lidera...um grupo heterogéneo que une os que o acham liberal e querem que o PSD o seja, menesistas (porque o jovem deputado filho de Menezes foi seu mandatário nacional), e porventura outros que me escapem; Marco António, o inefável líder da distrital do Porto, não por liderar seja o que for mas porque Menezes já está presente como ex-líder e é preciso alguém pare representar os mensistas (nem todos passos-coelhistas, suponho) - embora no lugar de Marco António pudesse surgir a saudosa "criatura Ribau", penso que autarca em Ílhavo e um menezista; Nuno Morais Sarmento poderia representar os barrosistas, e tem aspirações a um liderança combativa com os punhos; pelos Santanistas, estando Santana presente como ex-líder, ocorre-me Rui Gomes da Silva; sinceramente Virgínia Estorninho é talvez o símbolo dos marcelistas, até porque seria incómodo a Leonor Beleza, desempenhar o papel; a ala Ferreira-Leitista, also known as cavaquista, teria que estar representada por Paulo Rangel, com aspirações a líder, embora Dias Loureiro pudesse estar presente como símbolo do cavaquismo propriamente dito (ele que disse num dos congressos pós-Cavaco: "Sou tão cavaquista, que ainda votaria em Cavaco Silva se ele hoje fosse candidato"), embor talvez Paulo Teixeira Pinto levantasse menos problemas com a justiça; Rui Rio teria de estar presente para se representar a si mesmo e à facção que não tem mas podia ter; Alberto João Jardim, obviamente para se representar a si próprio e ao que seja o jardinismo; Aguiar-Branco supõe federar alguma coisa e por isso seria um interessante representante dessa obscura federação; para representar o mendismo tenho mais dificuldade, mas como José Luís Arnaut pode representar tudo, poderia ser ele na facção deste ex-líder; o nogueirismo teria de ser representado pelo seu fiel Menezes, dos sulistas, elitistas e liberais, mas estando já Menezes como ex-líder, talvez Nogueira e Menezes cheguem para representar essa corrente de pensamento. E, vá lá, como militante número 1 do partido, Pinto Balsemão poderia ter um representante do que valha no PSD, a escolher do plantel da SIC (Rodrigo Guedes de Carvalho?). Patinha Antão estaria presente, representando-se a si próprio como alguém que disputou a liderança na última corrida.Fazendo as contas às facções, federadores e respectivos líderes, estariam presentes 10 ex-líderes e eventualmente 13 representantes de facções. É facilmente compreensível que Paulo Gorjão ao alegar que Marcelo brinca com a sugestão. Este G23, este verdadeiro conclave, era suposto produzir um consenso de pacificação? E pediriam a mediação de Barack Obama? As reuniões seriam com a presença de capacetes azuis? Sim porque imaginem:1) o que Marcelo teria dizer a Rui Gomes da Silva?2) o que Menezes teria a dizer a Ferreira Leite?3) o que Santana teria a dizer a Barroso?4) o que Passos Coelho gritaria para ser ouvido?5) o que Balsemão diria a Cavaco, pelo que este fez como Ministro das Finanças de Sá Carneiro?6) o que Nogueira perguntaria finalmente a Cavaco?7) Alberto João Jardim a perguntar se estava tudo grosso, como fez num congresso do PSD!8) O que Paulo Rangel diria após o seu período de ponderação?9) O que teria Barroso perguntaria a Menezes sobre a história do líder frouxo?10 ) O que Ferreira Leite teria a perguntar a Aguiar Branco?Assim, que me lembre. Com transmissão directa seria um sucesso televisivo. Mas foi de facto um episódio de vichyssoise marcelista.


A ideia de um convénio que reunisse os "ex-líderes e aqueles que no PSD que representam sensibilidades", que Marcelo Rebelo de Sousa sugeriu hoje a Maria Flor Pedroso não terá seguramente pernas para andar, como bem observa Paulo Gorjão. E não passará de mais um golpe de teatro do gelatinoso professor, para dizer que até tentou federar os diversos grupos. E Paulo Gorjão avança com uma razão que diz tudo sobre o potencial explosivo do PSD neste momento: não foi feito o necessário trabalho prévio. Assim como, digo, eu, quando a diplomacia chinesa e norte americana prepara os termos possíveis em que Obama e Hu Jintao acordarão após reunião breve. Os diplomatas não fizeram o trabalho de casa para trazer os líderes das tribos guerreiras à mesa.Admitamos contudo, que a proposta de Marcelo tinha o seu potencial. Em matéria de ex-líderes vivos do PSD, a reunião deveria desde logo contar com o próprio Marcelo Rebelo de Sousa, com Luís Filipe Menezes, com Marques Mendes, com Pedro Santana Lopes, suponho com a corrente futura ex-líder Manuela Ferreira Leite, com Fernando Nogueira, com Rui Machete, com Pinto Balsemão e com -no que seria algo inédito na História da Democracia - com o Presidente da República, que por momentos poderia deixar fazer de conta que é isento e não favorece o PSD, e ainda com o sempre entusiasmante Presidente da Comissão Europeia, que num exercício de autosuspensão do cargo, viria à pátria dar uma ajudinha. Pelas minhas contas, só aqui estão 10 lugares à mesa. As minhas desculpas se me escapa alguém.A coisa é ainda mais divertida quando acrescentamos os federadores de sensibilidades, leia-se putativos líderes, ou pessoas que estão convencidas de que têm fiéis. Nesse movimento teriam de participar: Pedro Passos Coelho, que lidera...um grupo heterogéneo que une os que o acham liberal e querem que o PSD o seja, menesistas (porque o jovem deputado filho de Menezes foi seu mandatário nacional), e porventura outros que me escapem; Marco António, o inefável líder da distrital do Porto, não por liderar seja o que for mas porque Menezes já está presente como ex-líder e é preciso alguém pare representar os mensistas (nem todos passos-coelhistas, suponho) - embora no lugar de Marco António pudesse surgir a saudosa "criatura Ribau", penso que autarca em Ílhavo e um menezista; Nuno Morais Sarmento poderia representar os barrosistas, e tem aspirações a um liderança combativa com os punhos; pelos Santanistas, estando Santana presente como ex-líder, ocorre-me Rui Gomes da Silva; sinceramente Virgínia Estorninho é talvez o símbolo dos marcelistas, até porque seria incómodo a Leonor Beleza, desempenhar o papel; a ala Ferreira-Leitista, also known as cavaquista, teria que estar representada por Paulo Rangel, com aspirações a líder, embora Dias Loureiro pudesse estar presente como símbolo do cavaquismo propriamente dito (ele que disse num dos congressos pós-Cavaco: "Sou tão cavaquista, que ainda votaria em Cavaco Silva se ele hoje fosse candidato"), embor talvez Paulo Teixeira Pinto levantasse menos problemas com a justiça; Rui Rio teria de estar presente para se representar a si mesmo e à facção que não tem mas podia ter; Alberto João Jardim, obviamente para se representar a si próprio e ao que seja o jardinismo; Aguiar-Branco supõe federar alguma coisa e por isso seria um interessante representante dessa obscura federação; para representar o mendismo tenho mais dificuldade, mas como José Luís Arnaut pode representar tudo, poderia ser ele na facção deste ex-líder; o nogueirismo teria de ser representado pelo seu fiel Menezes, dos sulistas, elitistas e liberais, mas estando já Menezes como ex-líder, talvez Nogueira e Menezes cheguem para representar essa corrente de pensamento. E, vá lá, como militante número 1 do partido, Pinto Balsemão poderia ter um representante do que valha no PSD, a escolher do plantel da SIC (Rodrigo Guedes de Carvalho?). Patinha Antão estaria presente, representando-se a si próprio como alguém que disputou a liderança na última corrida.Fazendo as contas às facções, federadores e respectivos líderes, estariam presentes 10 ex-líderes e eventualmente 13 representantes de facções. É facilmente compreensível que Paulo Gorjão ao alegar que Marcelo brinca com a sugestão. Este G23, este verdadeiro conclave, era suposto produzir um consenso de pacificação? E pediriam a mediação de Barack Obama? As reuniões seriam com a presença de capacetes azuis? Sim porque imaginem:1) o que Marcelo teria dizer a Rui Gomes da Silva?2) o que Menezes teria a dizer a Ferreira Leite?3) o que Santana teria a dizer a Barroso?4) o que Passos Coelho gritaria para ser ouvido?5) o que Balsemão diria a Cavaco, pelo que este fez como Ministro das Finanças de Sá Carneiro?6) o que Nogueira perguntaria finalmente a Cavaco?7) Alberto João Jardim a perguntar se estava tudo grosso, como fez num congresso do PSD!8) O que Paulo Rangel diria após o seu período de ponderação?9) O que teria Barroso perguntaria a Menezes sobre a história do líder frouxo?10 ) O que Ferreira Leite teria a perguntar a Aguiar Branco?Assim, que me lembre. Com transmissão directa seria um sucesso televisivo. Mas foi de facto um episódio de vichyssoise marcelista.

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