Um prego no sapato

18-12-2009
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Quarta-feira, Maio 12, 2004

Os patrioteiros do costume

Numa conferência de imprensa dada no Centro cultural de Belém, o ministro José Luís Arnaut foi interpelado sobre a eventual greve de funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) durante o campeonato da Europa de futebol, respondendo (cito de cor): “Eu não quero acreditar que haja algum português que se queira aproveitar da realização do Euro 2004 para prejudicar a imagem do seu país”.

Tanto quanto sei, o problema com o SEF tem a ver com um não pagamento de horas extraordinárias por parte do Estado mas, pelos vistos, não é oportuno resolver o assunto agora, e todos os protestos ficarão por conta de uma vontade de "prejudicar a imagem do país". O Euro 2004 tornou-se um elemento de chantagem por parte do governo, pretendendo calar todos os movimentos de contestação social por inoportunos, e, curiosamente, o patriotismo que reclama dos funcionários do SEF não lhe passa por perto nem é coisa sua. Eles que aguentem, para não "prejudicar a imagem do país" que, entretanto, o governo fica à espera de melhores (piores) dias para pagar o que deve. A capacidade de sofisma atingiu proporções impensáveis.

Quarta-feira, Maio 12, 2004

Os patrioteiros do costume

Numa conferência de imprensa dada no Centro cultural de Belém, o ministro José Luís Arnaut foi interpelado sobre a eventual greve de funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) durante o campeonato da Europa de futebol, respondendo (cito de cor): “Eu não quero acreditar que haja algum português que se queira aproveitar da realização do Euro 2004 para prejudicar a imagem do seu país”.

Tanto quanto sei, o problema com o SEF tem a ver com um não pagamento de horas extraordinárias por parte do Estado mas, pelos vistos, não é oportuno resolver o assunto agora, e todos os protestos ficarão por conta de uma vontade de "prejudicar a imagem do país". O Euro 2004 tornou-se um elemento de chantagem por parte do governo, pretendendo calar todos os movimentos de contestação social por inoportunos, e, curiosamente, o patriotismo que reclama dos funcionários do SEF não lhe passa por perto nem é coisa sua. Eles que aguentem, para não "prejudicar a imagem do país" que, entretanto, o governo fica à espera de melhores (piores) dias para pagar o que deve. A capacidade de sofisma atingiu proporções impensáveis.

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