A Ágora

20-05-2011
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Jornais, declarações e substituiçõesSe há jornais que estão em franca decadência, ou que desiludem se comparados com o que eram na altura do seu surgimento, o Independente é seguramente um deles. Já se sabia que de independente tem muito pouco, ainda que assumido o espaço político em que se move. Mas pedir a Luís Filipe Meneses que fosse o opinion-maker do destaque do jornal, a dois dias das autárquicas, é um bocadinho demais. Se se acrescentar que este senhor é um autarca com ambições distritais/nacionais e provavelmente a figura política mais incoerente do PSD, então estamos conversados. É que na sua coluna (link indisponível, creio), o autarca do lado de lá prevê a total hecatombe do PS, com derrotas esmagadoras no distrito do Porto (que só ocorreram em Felgueiras), a perda de câmaras de Braga, Vila do Conde, (onde ganhou com maioria) etc, além de outras previsões que, pese a pesada derrota socialista do passado domingo, ficaram bastante aquém dos seus augúrios. Mas do sr.presidente da margem sul pouco mais haveria a esperar.Pior do que isso só a conversa da sua directora, Inês Serra Lopes, que extrordinariamente declarou que "os casos de Gondomar e Felgueiras são diferentes de Oeiras, porque são bastante mais pequenos que o concelho onde Isaltino ganhou"; isso perante o ar impávido e sereno dos parceiros de mesa. Extraordinariamente porque a senhora sem dúvida ignora que Felgueiras é um dos concelhos mais industriais do distrito do Porto, e, pior do que isso, que Gondomar fica às portas da Invicta, tem mais de 150.000 habitantes e uma área muito extensa, ao contrário da exígua Oeiras. Claro que são concelhos entre o suburbano e o rural, mas daí a serem pequenos vai um passo que a despreocupada e pouco esclarecida directora do Indy certamente não dará.E já que falamos em jornais, apercebi-me de que as críticas cinematográficas do Público se suavizaram de forma notória. A razão é simples. Saíu Kathleen Gomes e entrou Jorge Mourinha. Pessoalmente não era um adepto do seu estilo, das suas críticas amargas a tudo quanto era um pouco mais "comercial", das suas bolas pretas, só ocasionalmente trocadas por um punhado de estrelas a uma intelectualidade qualquer do novo cinema do Kazaquistão, enfim dos seus ataques sibilinos e ríspidos a 90% da produção cinematográfica e musical - embora não fosse razão para insultar.Assim, o ingresso do ex-jornalista do Blitz não só enriquece o diário e demais suplementos - leia-se "Y" - como lhe dá um estilo mais leve, menos carregado, mas nem por isso menos profundo. É uma boa notícia saber que o terei como objecto de leitura no comboio de Sexta-Feira.


Jornais, declarações e substituiçõesSe há jornais que estão em franca decadência, ou que desiludem se comparados com o que eram na altura do seu surgimento, o Independente é seguramente um deles. Já se sabia que de independente tem muito pouco, ainda que assumido o espaço político em que se move. Mas pedir a Luís Filipe Meneses que fosse o opinion-maker do destaque do jornal, a dois dias das autárquicas, é um bocadinho demais. Se se acrescentar que este senhor é um autarca com ambições distritais/nacionais e provavelmente a figura política mais incoerente do PSD, então estamos conversados. É que na sua coluna (link indisponível, creio), o autarca do lado de lá prevê a total hecatombe do PS, com derrotas esmagadoras no distrito do Porto (que só ocorreram em Felgueiras), a perda de câmaras de Braga, Vila do Conde, (onde ganhou com maioria) etc, além de outras previsões que, pese a pesada derrota socialista do passado domingo, ficaram bastante aquém dos seus augúrios. Mas do sr.presidente da margem sul pouco mais haveria a esperar.Pior do que isso só a conversa da sua directora, Inês Serra Lopes, que extrordinariamente declarou que "os casos de Gondomar e Felgueiras são diferentes de Oeiras, porque são bastante mais pequenos que o concelho onde Isaltino ganhou"; isso perante o ar impávido e sereno dos parceiros de mesa. Extraordinariamente porque a senhora sem dúvida ignora que Felgueiras é um dos concelhos mais industriais do distrito do Porto, e, pior do que isso, que Gondomar fica às portas da Invicta, tem mais de 150.000 habitantes e uma área muito extensa, ao contrário da exígua Oeiras. Claro que são concelhos entre o suburbano e o rural, mas daí a serem pequenos vai um passo que a despreocupada e pouco esclarecida directora do Indy certamente não dará.E já que falamos em jornais, apercebi-me de que as críticas cinematográficas do Público se suavizaram de forma notória. A razão é simples. Saíu Kathleen Gomes e entrou Jorge Mourinha. Pessoalmente não era um adepto do seu estilo, das suas críticas amargas a tudo quanto era um pouco mais "comercial", das suas bolas pretas, só ocasionalmente trocadas por um punhado de estrelas a uma intelectualidade qualquer do novo cinema do Kazaquistão, enfim dos seus ataques sibilinos e ríspidos a 90% da produção cinematográfica e musical - embora não fosse razão para insultar.Assim, o ingresso do ex-jornalista do Blitz não só enriquece o diário e demais suplementos - leia-se "Y" - como lhe dá um estilo mais leve, menos carregado, mas nem por isso menos profundo. É uma boa notícia saber que o terei como objecto de leitura no comboio de Sexta-Feira.

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