Americanos querem sair do Afeganistão e exploram a via paquistanesa

22-07-2010
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Karzai prometeu rápidas reformas institucionais e o combate à corrupção em troca de mais ajuda internacional. O seu Governo passará, em 2012, a distribuir 50 por cento desses fundos, através do orçamento, contra os actuais 20. Após o escândalo da "fraude eleitoral" no ano passado, que lhe valeu a condenação internacional, reentra pela porta grande.

A conferência, co-presidida por Karzai e pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reuniu mais de 70 países e organizações, realizando-se pela primeira vez na capital afegã, sob drásticas medidas de segurança.

Hillary Clinton qualificou-a como um ponto de viragem "sem precedentes", que permitiu a adopção de um plano para o futuro do Afeganistão. Em relação ao calendário, anotou: "Exprime tanto o nosso sentido de urgência como a força da nossa determinação. O processo de transição é demasiado importante para ser adiado indefinidamente." O MNE britânico, William Hague, manifestou optimismo quanto à aplicação do plano e, em Washington, David Cameron considerou o calendário "realista".

Mais pessimista é o jurista afegão Daud Sultanazoi. Disse à Reuters que o calendário é louvável, mas pode não passar de um wishful thinking. "Numa perspectiva realista, é um objectivo bom e necessário. Mas, em termos de concretização, há demasiadas questões a que é preciso responder antes de se poder avançar com um calendário."

Falar com os taliban

Os aliados da coligação não querem mostrar pressa, mas a guerra afegã é crescentemente impopular nas opiniões públicas ocidentais. O mês de Junho foi o mais mortífero de toda a guerra, sem que se veja o horizonte de saída. O conflito devora fundos gigantescos, mal aplicados ou desviados dos seus fins. A data de 2014 pressupõe um acelerado aumento e treino dos efectivos do Exército afegão e da polícia, para substituírem gradualmente os quase 150 mil militares estrangeiros, dois terços dos quais americanos.

A outra condição é o sucesso das políticas de "reintegração" e de "reconciliação". A primeira, mais simples, diz respeito a grupos taliban menores ou menos radicalizados. A segunda é relativa aos líderes taliban. Aqui, é difícil delimitar a fronteira. Os EUA exigem a deposição das armas e a total ruptura com o jihadismo e a Al-Qaeda.

Será o mullah Omar, líder histórico do movimento, parte do diálogo? A sua táctica consiste em condicionar quaisquer negociações à prévia retirada dos estrangeiros. Os taliban raciocinam: "Nós estamos para ficar, os estrangeiros estão condenados a ir embora."

Karzai tem em mente uma conferência interafegã. Mas há analistas que aconselham que sejam os aliados, e não o enfraquecido Karzai, a conduzir as primeiras conversações.

O factor Paquistão

O diário britânico The Guardian, citando fontes da Casa Branca, revelava ontem que os EUA se preparariam para mudar de estratégia e aceitar negociações com os chefes taliban.

"A solução militar já não existe", disse uma das fontes. A administração e os militares encarariam uma negociação "indirecta", através da Arábia Saudita e, sobretudo, do Paquistão.

Note-se que o novo comandante militar, general David Petraeus, acaba de tomar posse. Não é de excluir uma intensificação das operações mi- litares, como fez no Iraque, para ten- tar mudar a relação de forças e depois poder negociar.

Karzai prometeu rápidas reformas institucionais e o combate à corrupção em troca de mais ajuda internacional. O seu Governo passará, em 2012, a distribuir 50 por cento desses fundos, através do orçamento, contra os actuais 20. Após o escândalo da "fraude eleitoral" no ano passado, que lhe valeu a condenação internacional, reentra pela porta grande.

A conferência, co-presidida por Karzai e pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reuniu mais de 70 países e organizações, realizando-se pela primeira vez na capital afegã, sob drásticas medidas de segurança.

Hillary Clinton qualificou-a como um ponto de viragem "sem precedentes", que permitiu a adopção de um plano para o futuro do Afeganistão. Em relação ao calendário, anotou: "Exprime tanto o nosso sentido de urgência como a força da nossa determinação. O processo de transição é demasiado importante para ser adiado indefinidamente." O MNE britânico, William Hague, manifestou optimismo quanto à aplicação do plano e, em Washington, David Cameron considerou o calendário "realista".

Mais pessimista é o jurista afegão Daud Sultanazoi. Disse à Reuters que o calendário é louvável, mas pode não passar de um wishful thinking. "Numa perspectiva realista, é um objectivo bom e necessário. Mas, em termos de concretização, há demasiadas questões a que é preciso responder antes de se poder avançar com um calendário."

Falar com os taliban

Os aliados da coligação não querem mostrar pressa, mas a guerra afegã é crescentemente impopular nas opiniões públicas ocidentais. O mês de Junho foi o mais mortífero de toda a guerra, sem que se veja o horizonte de saída. O conflito devora fundos gigantescos, mal aplicados ou desviados dos seus fins. A data de 2014 pressupõe um acelerado aumento e treino dos efectivos do Exército afegão e da polícia, para substituírem gradualmente os quase 150 mil militares estrangeiros, dois terços dos quais americanos.

A outra condição é o sucesso das políticas de "reintegração" e de "reconciliação". A primeira, mais simples, diz respeito a grupos taliban menores ou menos radicalizados. A segunda é relativa aos líderes taliban. Aqui, é difícil delimitar a fronteira. Os EUA exigem a deposição das armas e a total ruptura com o jihadismo e a Al-Qaeda.

Será o mullah Omar, líder histórico do movimento, parte do diálogo? A sua táctica consiste em condicionar quaisquer negociações à prévia retirada dos estrangeiros. Os taliban raciocinam: "Nós estamos para ficar, os estrangeiros estão condenados a ir embora."

Karzai tem em mente uma conferência interafegã. Mas há analistas que aconselham que sejam os aliados, e não o enfraquecido Karzai, a conduzir as primeiras conversações.

O factor Paquistão

O diário britânico The Guardian, citando fontes da Casa Branca, revelava ontem que os EUA se preparariam para mudar de estratégia e aceitar negociações com os chefes taliban.

"A solução militar já não existe", disse uma das fontes. A administração e os militares encarariam uma negociação "indirecta", através da Arábia Saudita e, sobretudo, do Paquistão.

Note-se que o novo comandante militar, general David Petraeus, acaba de tomar posse. Não é de excluir uma intensificação das operações mi- litares, como fez no Iraque, para ten- tar mudar a relação de forças e depois poder negociar.

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