O rei de Marrocos, Muhammad VI, afirmou hoje ao enviado da ONU para o Saara Ocidental, Christopher Ross, que o seu país está "plenamente disposto" a negociar para resolver o conflito na região com base nas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.Pois é. Um dias destes, quando a cobardia internacional, com Portugal à cabeça, deixar de ser moeda de troca com o petróleo, chegará a vez de Cabinda, território ocupado por Angola desde a descolonização portuguesa.Ross esteve hoje na cidade de Tétouan (norte) acompanhado do ministro de Assuntos Exteriores marroquino, Taïeb Fassi-Fihri, para uma reunião com o monarca.Na reunião, Muhammad VI lembrou a Ross que o Marrocos aposta na negociação como forma de solucionar o conflito, partindo da resolução 1871 do Conselho de Segurança, que pede às partes para que demonstrem realismo e compromisso nas negociações.O rei também fez uma veemente defesa da iniciativa de autonomia que o Marrocos propõe para a ex-colónia espanhola, que, segundo ele, "responde perfeitamente aos parâmetros e direcções das resoluções do Conselho de Segurança".Na sua terceira viagem pela região desde que foi nomeado enviado especial em 2009, Ross pretende voltar a colocar as partes envolvidas na mesa das "conversas informais" que devem abrir caminho para uma nova ronda de negociações em Manhasset (EUA).A última destas reuniões informais aconteceu em Fevereiro deste ano em Armonk (EUA), onde as partes decidiram apenas continuar a negociar.Tanto Marrocos como a Frente Polisário, movimento que luta pela independência do Saara Ocidental, ouviram as propostas de cada um, mas rejeitaram utilizá-las como base para as conversas.Na reunião de hoje com Ross, Muhammad VI novamente recusou a opção de um referendo no Saara Ocidental que contenha várias opções, entre as quais a independência, como quer a Frente Polisário.Neste sentido, Marrocos recebeu um novo fôlego de Washington, onde foi divulgada hoje a carta enviada por 54 dos 100 senadores americanos à secretária de Estado, Hillary Clinton, que apoia a iniciativa de autonomia marroquina como uma opção séria e crível."Estamos muito preocupados com os indícios de uma crescente instabilidade no norte da África", onde as actividades terroristas aumentaram e "os países da região estão sob uma grande pressão de uma juventude agitada e uma precária base económica", diz a carta.Para o porta-voz do Governo marroquino, Khalid Naciri, o texto dos senadores americanos "reconforta" Marrocos e demonstra que "as grandes potências são conscientes da necessidade de agir".A situação dos direitos humanos é outro dos pontos relevantes na viagem de Ross, quem deve apresentar em Abril um relatório ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para que o Conselho de Segurança possa debater a renovação do mandato da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental (Minurso).Tanto a Frente Polisário como a Argélia pretendem que o próximo mandato da Minurso inclua a supervisão dos direitos humanos no Saara Ocidental, algo que tem a oposição de Rabat por considerar que a própria Frente Polisário não os respeita.E enquanto em Cabinda defensores dos direitos humanos continuam a ser tratados pela força colonial angolana como seres menores, Portugal continua a cantar e a rir.
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O rei de Marrocos, Muhammad VI, afirmou hoje ao enviado da ONU para o Saara Ocidental, Christopher Ross, que o seu país está "plenamente disposto" a negociar para resolver o conflito na região com base nas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.Pois é. Um dias destes, quando a cobardia internacional, com Portugal à cabeça, deixar de ser moeda de troca com o petróleo, chegará a vez de Cabinda, território ocupado por Angola desde a descolonização portuguesa.Ross esteve hoje na cidade de Tétouan (norte) acompanhado do ministro de Assuntos Exteriores marroquino, Taïeb Fassi-Fihri, para uma reunião com o monarca.Na reunião, Muhammad VI lembrou a Ross que o Marrocos aposta na negociação como forma de solucionar o conflito, partindo da resolução 1871 do Conselho de Segurança, que pede às partes para que demonstrem realismo e compromisso nas negociações.O rei também fez uma veemente defesa da iniciativa de autonomia que o Marrocos propõe para a ex-colónia espanhola, que, segundo ele, "responde perfeitamente aos parâmetros e direcções das resoluções do Conselho de Segurança".Na sua terceira viagem pela região desde que foi nomeado enviado especial em 2009, Ross pretende voltar a colocar as partes envolvidas na mesa das "conversas informais" que devem abrir caminho para uma nova ronda de negociações em Manhasset (EUA).A última destas reuniões informais aconteceu em Fevereiro deste ano em Armonk (EUA), onde as partes decidiram apenas continuar a negociar.Tanto Marrocos como a Frente Polisário, movimento que luta pela independência do Saara Ocidental, ouviram as propostas de cada um, mas rejeitaram utilizá-las como base para as conversas.Na reunião de hoje com Ross, Muhammad VI novamente recusou a opção de um referendo no Saara Ocidental que contenha várias opções, entre as quais a independência, como quer a Frente Polisário.Neste sentido, Marrocos recebeu um novo fôlego de Washington, onde foi divulgada hoje a carta enviada por 54 dos 100 senadores americanos à secretária de Estado, Hillary Clinton, que apoia a iniciativa de autonomia marroquina como uma opção séria e crível."Estamos muito preocupados com os indícios de uma crescente instabilidade no norte da África", onde as actividades terroristas aumentaram e "os países da região estão sob uma grande pressão de uma juventude agitada e uma precária base económica", diz a carta.Para o porta-voz do Governo marroquino, Khalid Naciri, o texto dos senadores americanos "reconforta" Marrocos e demonstra que "as grandes potências são conscientes da necessidade de agir".A situação dos direitos humanos é outro dos pontos relevantes na viagem de Ross, quem deve apresentar em Abril um relatório ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para que o Conselho de Segurança possa debater a renovação do mandato da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental (Minurso).Tanto a Frente Polisário como a Argélia pretendem que o próximo mandato da Minurso inclua a supervisão dos direitos humanos no Saara Ocidental, algo que tem a oposição de Rabat por considerar que a própria Frente Polisário não os respeita.E enquanto em Cabinda defensores dos direitos humanos continuam a ser tratados pela força colonial angolana como seres menores, Portugal continua a cantar e a rir.