BoaSociedade: Entrevista ao Diário de Noticias

18-12-2009
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«PS só teria a perder com uma ruptura de Alegre» Alegações finais – Entrevista, dia 10/03/2009

Como viu este episódio em que José Lello acusa Manuel Alegre de “falta de carácter”? EE – É lamentável. Mas pressuponho que José Lello falaria em nome pessoal e não em representação da direcção do partido. Não houve cobertura por parte da direcção do partido? EE – Não me parece. Há contactos e tentativas de articulação com o secretário-geral. Parece haver uma abertura grande quanto à assunção do partido de que será positiva a existência de corrente de opinião de Manuel Alegre, com alguma autonomia e independência. Essa é a riqueza do PS. O problema é que não houve um debate profundo e sistemático no PS daquilo que representou para o partido a candidatura de presidencial independente de Manuel Alegre. Esse “luto” não foi feito. O partido teria ganho se tivesse assumido que errou. Mas Sócrates não se demarcou de Lello. E na direcção uns incluem alegre no PS e outros excluem-no. Isto é propositado ou só desorientação? EE – São contradições inerentes à própria política. Essa aparente ambiguidade na relação do partido com Alegre – e de Alegre com o partido – faz parte da situação em que esses diferentes sectores foram colocados. É preciso que cada uma das partes dê a mesma importância à posição da contraparte do que dá às suas próprias. Implica respeito mútuo. O que de um modo geral até tem acontecido. Não acredito que este episódio faça parte de uma estratégia da direcção do PS. Não deverá portanto servir de pretexto a Alegre para romper com o PS? EE – Não. São lamentáveis posições tão radicais e fundamentalistas de figuras de segunda ou terceira linha. Alegre exige a Sócrates a revogação do Código Laboral. Esta exigência não pode tornar absolutamente inviável qualquer entendimento? EE – Poderia ser essa a leitura se a realidade de hoje fosse aquela que era previsível há um ano ou dois. Mas houve uma viragem muito profunda no panorama socioeconómico (e em especial na área laboral). O direito laboral foi uma conquista da classe trabalhadora que visava reequilibrar as relações de poder fortemente assimétricas entre capital e trabalho. E não se compreende que a nova legislação abdique dessa função. O actual código põe as partes em pé de igualdade e isso é negar tudo o que o PS defendeu no passado. Na actual conjuntura isso é muito perigoso. Há condições para Alegre continuar no PS? EE – Há. Uma larga parte do eleitorado do PS vê no Manuel Alegre uma esperança. O PS só teria a perder com uma ruptura com Manuel Alegre.


«PS só teria a perder com uma ruptura de Alegre» Alegações finais – Entrevista, dia 10/03/2009

Como viu este episódio em que José Lello acusa Manuel Alegre de “falta de carácter”? EE – É lamentável. Mas pressuponho que José Lello falaria em nome pessoal e não em representação da direcção do partido. Não houve cobertura por parte da direcção do partido? EE – Não me parece. Há contactos e tentativas de articulação com o secretário-geral. Parece haver uma abertura grande quanto à assunção do partido de que será positiva a existência de corrente de opinião de Manuel Alegre, com alguma autonomia e independência. Essa é a riqueza do PS. O problema é que não houve um debate profundo e sistemático no PS daquilo que representou para o partido a candidatura de presidencial independente de Manuel Alegre. Esse “luto” não foi feito. O partido teria ganho se tivesse assumido que errou. Mas Sócrates não se demarcou de Lello. E na direcção uns incluem alegre no PS e outros excluem-no. Isto é propositado ou só desorientação? EE – São contradições inerentes à própria política. Essa aparente ambiguidade na relação do partido com Alegre – e de Alegre com o partido – faz parte da situação em que esses diferentes sectores foram colocados. É preciso que cada uma das partes dê a mesma importância à posição da contraparte do que dá às suas próprias. Implica respeito mútuo. O que de um modo geral até tem acontecido. Não acredito que este episódio faça parte de uma estratégia da direcção do PS. Não deverá portanto servir de pretexto a Alegre para romper com o PS? EE – Não. São lamentáveis posições tão radicais e fundamentalistas de figuras de segunda ou terceira linha. Alegre exige a Sócrates a revogação do Código Laboral. Esta exigência não pode tornar absolutamente inviável qualquer entendimento? EE – Poderia ser essa a leitura se a realidade de hoje fosse aquela que era previsível há um ano ou dois. Mas houve uma viragem muito profunda no panorama socioeconómico (e em especial na área laboral). O direito laboral foi uma conquista da classe trabalhadora que visava reequilibrar as relações de poder fortemente assimétricas entre capital e trabalho. E não se compreende que a nova legislação abdique dessa função. O actual código põe as partes em pé de igualdade e isso é negar tudo o que o PS defendeu no passado. Na actual conjuntura isso é muito perigoso. Há condições para Alegre continuar no PS? EE – Há. Uma larga parte do eleitorado do PS vê no Manuel Alegre uma esperança. O PS só teria a perder com uma ruptura com Manuel Alegre.

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