Entre as brumas da memória: Nem só de calendários vive o homem

03-08-2010
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A possível diminuição do número de feriados em Portugal, e a sua eventual colagem a fins-de-semana, quase rivalizam com o Mundial em número de notícias e comentários. Mais um.
Poderia ir pela via das laicidades, mas não me apetece e parece-me totalmente salomónica a opinião (ou decisão, não entendi bem) de cortar um número igual de feriados laicos e religiosos. Tal como considero demagógica a afirmação do chefe da UGT que declara ser absurdo aumentar o tempo de trabalho quando aumenta o desemprego. E lamentável a ignorância de excelsos deputados e bloggers de esquerda, pura e dura, que gritam aos quatro ventos que seria inimaginável que Portugal fosse o único país no mundo a não celebrar o Dia do Trabalhador no 1º de Maio: pelo menos em Inglaterra, nem sei desde quando mas há muitos anos, é na primeira 2ª feira de Maio que ele é comemorado.
Qualquer que seja a redução e os critérios quanto a mobilidade, mudar o Natal é mexer a tal ponto nos usos e costumes que parece absurdo, 1 de Janeiro é dia de ressaca mundial e o resto é fantasia. Sobre feriados religiosos, «passo»: entenda-se quem de direito para manter quais e quando.
Sobre os outros, avanço um critério, tão discutível como todos, certamente mais absurdo do que muitos, mas que é o meu: considero inadmissível que sejam «transladados» aqueles que assinalem acontecimentos de que haja ainda protagonistas vivos. Explico melhor: enquanto existir algum sobrevivente do 5 de Outubro (deve havê-los, pelo prolongamento da esperança de vida…) e enquanto todos os que vivemos o 25 de Abril não morrermos, essa datas são tão «sagradas», para quem as viveu, como a do nascimento de um filho. É-me perfeitamente indiferente recordar dois ou três dias mais tarde a morte de Camões ou a Restauração de 1640, mas nunca o será confundir a última semana do marcelismo, ou a ansiedade pela libertação dos presos em Caxias a 26, com as horas passadas nas ruas no dia 25. Pieguice, sentimentalismo bacoco? Quero lá saber! São também os afectos que é necessário preservar, a vida não é um compêndio actualizado da velha História do pai Mattoso....

A possível diminuição do número de feriados em Portugal, e a sua eventual colagem a fins-de-semana, quase rivalizam com o Mundial em número de notícias e comentários. Mais um.
Poderia ir pela via das laicidades, mas não me apetece e parece-me totalmente salomónica a opinião (ou decisão, não entendi bem) de cortar um número igual de feriados laicos e religiosos. Tal como considero demagógica a afirmação do chefe da UGT que declara ser absurdo aumentar o tempo de trabalho quando aumenta o desemprego. E lamentável a ignorância de excelsos deputados e bloggers de esquerda, pura e dura, que gritam aos quatro ventos que seria inimaginável que Portugal fosse o único país no mundo a não celebrar o Dia do Trabalhador no 1º de Maio: pelo menos em Inglaterra, nem sei desde quando mas há muitos anos, é na primeira 2ª feira de Maio que ele é comemorado.
Qualquer que seja a redução e os critérios quanto a mobilidade, mudar o Natal é mexer a tal ponto nos usos e costumes que parece absurdo, 1 de Janeiro é dia de ressaca mundial e o resto é fantasia. Sobre feriados religiosos, «passo»: entenda-se quem de direito para manter quais e quando.
Sobre os outros, avanço um critério, tão discutível como todos, certamente mais absurdo do que muitos, mas que é o meu: considero inadmissível que sejam «transladados» aqueles que assinalem acontecimentos de que haja ainda protagonistas vivos. Explico melhor: enquanto existir algum sobrevivente do 5 de Outubro (deve havê-los, pelo prolongamento da esperança de vida…) e enquanto todos os que vivemos o 25 de Abril não morrermos, essa datas são tão «sagradas», para quem as viveu, como a do nascimento de um filho. É-me perfeitamente indiferente recordar dois ou três dias mais tarde a morte de Camões ou a Restauração de 1640, mas nunca o será confundir a última semana do marcelismo, ou a ansiedade pela libertação dos presos em Caxias a 26, com as horas passadas nas ruas no dia 25. Pieguice, sentimentalismo bacoco? Quero lá saber! São também os afectos que é necessário preservar, a vida não é um compêndio actualizado da velha História do pai Mattoso....

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