Entre as brumas da memória: Chegou 2ª feira e César das Neves com ela

03-08-2010
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«O mais curioso é quando um assunto a que ninguém ligou nada durante milénios pretende transformar-se de súbito em decisivo, impondo uma única solução como aceitável, que por acaso ninguém nunca considerou razoável. O casamento dos homossexuais é um extremo destes. Sempre existiu homossexualidade e jamais se viu defender que ela fosse equiparável ao casamento, mesmo em sociedades que lhe foram favoráveis.»Também houve milhões de vítimas de formas de escravatura que hoje ninguém ousa defender. Também se matou e se morreu em nome de diferenças raças, cores e geografias. Também foram necessários anos e anos de lutas para que as mulheres começassem a ocupar o seu lugar nas sociedades. Também a pena de morte existiu durante séculos nas sociedades civilizadas e deixou de existir, ou só existe ainda nalgumas, poucas, perante a reprovação generalizada da humanidade.Dir-se-á que estas são causas de um outro nível e de uma outra importância. E daí? Nem só de questões absolutamente transcendentes é feita a história e não vislumbro que consequências catastróficas para os séculos futuros podem resultar do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não deve existir só porque não foi defendido na Grécia antiga ou na corte de D. Afonso Henriques?O que César das Neves não entende, ou finge não entender, é que o progresso da humanidade existe, entre outras razões, por não se continuar a fazer o que «sempre» se fez – ou ainda andaríamos nus, como Adão e Eva, no paraíso terrestre em que C. das Neves certamente acredita.


«O mais curioso é quando um assunto a que ninguém ligou nada durante milénios pretende transformar-se de súbito em decisivo, impondo uma única solução como aceitável, que por acaso ninguém nunca considerou razoável. O casamento dos homossexuais é um extremo destes. Sempre existiu homossexualidade e jamais se viu defender que ela fosse equiparável ao casamento, mesmo em sociedades que lhe foram favoráveis.»Também houve milhões de vítimas de formas de escravatura que hoje ninguém ousa defender. Também se matou e se morreu em nome de diferenças raças, cores e geografias. Também foram necessários anos e anos de lutas para que as mulheres começassem a ocupar o seu lugar nas sociedades. Também a pena de morte existiu durante séculos nas sociedades civilizadas e deixou de existir, ou só existe ainda nalgumas, poucas, perante a reprovação generalizada da humanidade.Dir-se-á que estas são causas de um outro nível e de uma outra importância. E daí? Nem só de questões absolutamente transcendentes é feita a história e não vislumbro que consequências catastróficas para os séculos futuros podem resultar do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não deve existir só porque não foi defendido na Grécia antiga ou na corte de D. Afonso Henriques?O que César das Neves não entende, ou finge não entender, é que o progresso da humanidade existe, entre outras razões, por não se continuar a fazer o que «sempre» se fez – ou ainda andaríamos nus, como Adão e Eva, no paraíso terrestre em que C. das Neves certamente acredita.

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