Entre as brumas da memória: Menina e moça?

05-08-2010
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O jornal «i» começa a exceder-se a si próprio no relevo e no modo como trata algumas questões. Hoje, lê-se que As cidades são pouco femininas, fica a saber-se que, em Seul, há lugares reservados para mulheres em parques de estacionamento, devidamente assinalados a cor-de-rosa, e passeios especiais para se andar de saltos altos, assinala-se que a dita capital da Coreia do Sul recebeu um qualquer louvor no Fórum Urbano Mundial, durante a First Gender Equality Action Assembly, e que vai colaborar com a ONU para promover cidades «women-friendly». Adiante já que até a expressão me arrepia, mas o problema deve ser meu e do meu feminismo confessadamente deficiente.
Discute-se depois se há cidades mais masculinas ou mais femininas do que outras e diz-se ser praticamente consensual que Lisboa é fêmea - «os edifícios são redondos, a arquitectura é dócil, a luz é quente, os monumentos são brancos» -, mas com tendências contrárias desde o 25 de Abril, dado o caos urbanístico recente, que é «muito masculino». Já tinha visto atribuir muitas culpas ao fim da ditadura, mas ainda não esta de causa possível da transexualidade da cidade onde vivo!

Além disso, «Lisboa terá ganho fama de mulher por ser cosmopolita» (acusação velada de prostituição?) e o Porto «reputação de homem por ser fechado e orgulhoso». A minha alma está parva.
Claro que já assisti a discussões sem saída para perceber por que razão dizemos que vamos ao Porto e não à Lisboa, à Guarda mas não ao Faro. E experimentem, ali para os lados do Oeste, informar que vão às Caldas da Rainha e alguém dirá imediatamente que se vai a Caldas e não às Caldas… Mas, primária e terra-a-terra, eu julgava até hoje que Porto era masculino por acabar em «o» e Lisboa feminina por terminar em «a». Está-se sempre a aprender.

O jornal «i» começa a exceder-se a si próprio no relevo e no modo como trata algumas questões. Hoje, lê-se que As cidades são pouco femininas, fica a saber-se que, em Seul, há lugares reservados para mulheres em parques de estacionamento, devidamente assinalados a cor-de-rosa, e passeios especiais para se andar de saltos altos, assinala-se que a dita capital da Coreia do Sul recebeu um qualquer louvor no Fórum Urbano Mundial, durante a First Gender Equality Action Assembly, e que vai colaborar com a ONU para promover cidades «women-friendly». Adiante já que até a expressão me arrepia, mas o problema deve ser meu e do meu feminismo confessadamente deficiente.
Discute-se depois se há cidades mais masculinas ou mais femininas do que outras e diz-se ser praticamente consensual que Lisboa é fêmea - «os edifícios são redondos, a arquitectura é dócil, a luz é quente, os monumentos são brancos» -, mas com tendências contrárias desde o 25 de Abril, dado o caos urbanístico recente, que é «muito masculino». Já tinha visto atribuir muitas culpas ao fim da ditadura, mas ainda não esta de causa possível da transexualidade da cidade onde vivo!

Além disso, «Lisboa terá ganho fama de mulher por ser cosmopolita» (acusação velada de prostituição?) e o Porto «reputação de homem por ser fechado e orgulhoso». A minha alma está parva.
Claro que já assisti a discussões sem saída para perceber por que razão dizemos que vamos ao Porto e não à Lisboa, à Guarda mas não ao Faro. E experimentem, ali para os lados do Oeste, informar que vão às Caldas da Rainha e alguém dirá imediatamente que se vai a Caldas e não às Caldas… Mas, primária e terra-a-terra, eu julgava até hoje que Porto era masculino por acabar em «o» e Lisboa feminina por terminar em «a». Está-se sempre a aprender.

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