Entre as brumas da memória: O triângulo

03-08-2010
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Um Quociente apaixonou-seUm diaDoidamentePor uma Incógnita.Olhou-a com seu olhar inumerávelE viu-a, do Ápice à Base...Uma Figura Ímpar;Olhos rombóides, boca trapezóide,Corpo ortogonal, seios esferóides.Fez da suaUma vidaParalela à dela.Até que se encontraramNo Infinito."Quem és tu?" indagou eleCom ânsia radical."Sou a soma do quadrado dos catetos.Mas pode chamar-me Hipotenusa."E de falarem descobriram que eramO que, em aritmética, correspondeA alma irmãsPrimos-entre-si.E assim se amaramAo quadrado da velocidade da luz.Numa sexta potenciaçãoTraçandoAo sabor do momentoE da paixãoRectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.Escandalizaram os ortodoxosdas fórmulas euclidianasE os exegetas do Universo Finito.Romperam convenções newtonianase pitagóricas.E, enfim, resolveram casar-se.Constituir um lar.Mais que um lar.Uma Perpendicular.Convidaram para padrinhosO Poliedro e a Bissectriz.E fizeram planos, equações ediagramas para o futuroSonhando com uma felicidadeIntegralE diferencial.E casaram-se e tiveramuma secante e três conesMuito engraçadinhos.E foram felizesAté àquele diaEm que tudo, afinal,se torna monotonia.Foi então que surgiuO Máximo Divisor Comum...Frequentador de Círculos Concêntricos.Viciosos.Ofereceu, a ela,Uma Grandeza Absoluta,E reduziu-a a um Denominador Comum.Ele, Quociente, percebeuQue com ela não formava mais Um Todo.Uma Unidade.Era o Triângulo,chamado amoroso.E desse problema ela era a fracçãoMais ordinária.Mas foi então, que Einstein descobriu a Relatividade.E tudo que era expúrio passou a ser MoralidadeComo aliás, em qualquer Sociedade.(Millôr Fernandes)


Um Quociente apaixonou-seUm diaDoidamentePor uma Incógnita.Olhou-a com seu olhar inumerávelE viu-a, do Ápice à Base...Uma Figura Ímpar;Olhos rombóides, boca trapezóide,Corpo ortogonal, seios esferóides.Fez da suaUma vidaParalela à dela.Até que se encontraramNo Infinito."Quem és tu?" indagou eleCom ânsia radical."Sou a soma do quadrado dos catetos.Mas pode chamar-me Hipotenusa."E de falarem descobriram que eramO que, em aritmética, correspondeA alma irmãsPrimos-entre-si.E assim se amaramAo quadrado da velocidade da luz.Numa sexta potenciaçãoTraçandoAo sabor do momentoE da paixãoRectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.Escandalizaram os ortodoxosdas fórmulas euclidianasE os exegetas do Universo Finito.Romperam convenções newtonianase pitagóricas.E, enfim, resolveram casar-se.Constituir um lar.Mais que um lar.Uma Perpendicular.Convidaram para padrinhosO Poliedro e a Bissectriz.E fizeram planos, equações ediagramas para o futuroSonhando com uma felicidadeIntegralE diferencial.E casaram-se e tiveramuma secante e três conesMuito engraçadinhos.E foram felizesAté àquele diaEm que tudo, afinal,se torna monotonia.Foi então que surgiuO Máximo Divisor Comum...Frequentador de Círculos Concêntricos.Viciosos.Ofereceu, a ela,Uma Grandeza Absoluta,E reduziu-a a um Denominador Comum.Ele, Quociente, percebeuQue com ela não formava mais Um Todo.Uma Unidade.Era o Triângulo,chamado amoroso.E desse problema ela era a fracçãoMais ordinária.Mas foi então, que Einstein descobriu a Relatividade.E tudo que era expúrio passou a ser MoralidadeComo aliás, em qualquer Sociedade.(Millôr Fernandes)

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