Entre as brumas da memória: Perder tempo com a Revolução

03-08-2010
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Foram necessários 67 anos de vida e 36 democracia para que este ex-militante do PCP enquanto jovem, exilado político até ao 25 de Abril, membro do PS logo a seguir, deputado à Constituinte e não só, celebérrimo e contestadíssimo Ministro da Agricultura em tempos de Reforma Agrária, e que diz ter saído da vida política activa por vontade própria há vinte anos, venha agora dizer que «perdemos tempo com a Revolução». Está na moda, é verdade, muitos o acompanham, não faz mais do que seguir os ventos da (sua) própria história. Lamenta, no fundo, que Marcelo Caetano tenha falhado a «evolução na continuidade»? Certamente.
António Barreto, hoje no «i»:«Em relação a Espanha, o mais importante é o facto de não ter feito nem guerra colonial, nem Revolução. Portugal perdeu tempo com a guerra colonial, com os últimos anos de ditadura, com a Revolução e com a contra-revolução. Isto é um puro palpite, mas acredito que em relação a Espanha perdemos entre 20 a 30 anos. Cheguei a escrever que a Revolução em Portugal e a contra-revolução não deixaram sequelas. Acho que me enganei. Há um abismo entre patronato e sindicalismo que não existe dentro de algumas empresas. Esta dificuldade de discutir racionalmente creio que é uma sequela aberta e que vem desses 20 ou 30 anos que perdemos. Apetece-me dizer que foram inúteis, mas na História não há inutilidade, as coisas foram o que foram.»...

Foram necessários 67 anos de vida e 36 democracia para que este ex-militante do PCP enquanto jovem, exilado político até ao 25 de Abril, membro do PS logo a seguir, deputado à Constituinte e não só, celebérrimo e contestadíssimo Ministro da Agricultura em tempos de Reforma Agrária, e que diz ter saído da vida política activa por vontade própria há vinte anos, venha agora dizer que «perdemos tempo com a Revolução». Está na moda, é verdade, muitos o acompanham, não faz mais do que seguir os ventos da (sua) própria história. Lamenta, no fundo, que Marcelo Caetano tenha falhado a «evolução na continuidade»? Certamente.
António Barreto, hoje no «i»:«Em relação a Espanha, o mais importante é o facto de não ter feito nem guerra colonial, nem Revolução. Portugal perdeu tempo com a guerra colonial, com os últimos anos de ditadura, com a Revolução e com a contra-revolução. Isto é um puro palpite, mas acredito que em relação a Espanha perdemos entre 20 a 30 anos. Cheguei a escrever que a Revolução em Portugal e a contra-revolução não deixaram sequelas. Acho que me enganei. Há um abismo entre patronato e sindicalismo que não existe dentro de algumas empresas. Esta dificuldade de discutir racionalmente creio que é uma sequela aberta e que vem desses 20 ou 30 anos que perdemos. Apetece-me dizer que foram inúteis, mas na História não há inutilidade, as coisas foram o que foram.»...

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