Entre as brumas da memória: O problema é que o ridículo não mata

03-08-2010
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A propósito da anunciada canonização do «nosso» condestável, a Associação Ateísta Portuguesa enviou ontem um Comunicado à imprensa. Merece ser lido na íntegra, mas aqui ficam alguns excertos:«...Deus podia mais facilmente ter evitado os salpicos de óleo que atingiram o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, enquanto fritava o peixe, e a consequente “úlcera da córnea, uma coisa gravíssima” – segundo o cardeal Saraiva Martins –, do que ter de a curar para o beato virar santo. Um vulto histórico, da dimensão de Nuno Álvares, não se engrandece com a cura de uma queimadela ocular quando há tantos amputados a quem o crescimento de uma perna facilitaria a vida e era mais relevante para o seu prestígio.»E mais a sério:«A Associação Ateísta Portuguesa não será cúmplice, com o seu silêncio, da manobra obscurantista em curso e, por isso, a denuncia. Apela ao espírito crítico dos portugueses para não crerem em afirmações sem provas e não confundirem a superstição com a realidade.»De facto, muitos brincámos com o anúncio desta canonização, o nosso PR congratulou-se (em nome dele e da sua esposa, assim o esperamos), os espanhóis já esqueceram Aljubarrota e a RTP vai certamente enviar Fátima Campos Ferreira a Roma para comentar as cerimónias. Mas este culto do obscurantismo e de um patriotismo serôdio é muito mais prejudicial do que parece – e merece ser sistematicamente condenado.


A propósito da anunciada canonização do «nosso» condestável, a Associação Ateísta Portuguesa enviou ontem um Comunicado à imprensa. Merece ser lido na íntegra, mas aqui ficam alguns excertos:«...Deus podia mais facilmente ter evitado os salpicos de óleo que atingiram o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, enquanto fritava o peixe, e a consequente “úlcera da córnea, uma coisa gravíssima” – segundo o cardeal Saraiva Martins –, do que ter de a curar para o beato virar santo. Um vulto histórico, da dimensão de Nuno Álvares, não se engrandece com a cura de uma queimadela ocular quando há tantos amputados a quem o crescimento de uma perna facilitaria a vida e era mais relevante para o seu prestígio.»E mais a sério:«A Associação Ateísta Portuguesa não será cúmplice, com o seu silêncio, da manobra obscurantista em curso e, por isso, a denuncia. Apela ao espírito crítico dos portugueses para não crerem em afirmações sem provas e não confundirem a superstição com a realidade.»De facto, muitos brincámos com o anúncio desta canonização, o nosso PR congratulou-se (em nome dele e da sua esposa, assim o esperamos), os espanhóis já esqueceram Aljubarrota e a RTP vai certamente enviar Fátima Campos Ferreira a Roma para comentar as cerimónias. Mas este culto do obscurantismo e de um patriotismo serôdio é muito mais prejudicial do que parece – e merece ser sistematicamente condenado.

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