Entre as brumas da memória: Trocadores

03-08-2010
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A história conta-se rapidamente, mas só se aplica a lojas grandes e onde se aceitam devoluções com reembolso em dinheiro. É sabido que as percentagens de desconto vão aumentando durante a época de saldos. Assim sendo:- Vá às compras e traga o objecto com que sempre sonhou, com um desconto de 20%. Compre já porque pode esgotar.- Regresse à mesma loja alguns dias depois e confirme que ainda há uma peça igual – já com um letreiro de 35%. Diga que quer desistir do que levou no primeiro dia, receba o dinheiro, dê meia volta para disfarçar, faça uma nova compra do mesmo objecto (agora bem mais barato) e pague noutra caixa.- Tente uma terceira vez, quando o desconto for já de 50%. Pode ser que tenha sorte!Isto existe e dizem-me que é prática corrente. E eu fico espantada por haver gente com imaginação, tempo, paciência e feitio para coisas destas.Mas, pensando melhor: os portugueses, comerciantes natos, sempre viveram de trocos, são bons trocadores. De escravos e de especiarias, de mares e de países, de impressões, de piropos, de primeiros-ministros, raramente de clubes mas cada vez mais de favores.E lá vão avançando assim, séculos fora, mansamente – troca-tintas, q.b.


A história conta-se rapidamente, mas só se aplica a lojas grandes e onde se aceitam devoluções com reembolso em dinheiro. É sabido que as percentagens de desconto vão aumentando durante a época de saldos. Assim sendo:- Vá às compras e traga o objecto com que sempre sonhou, com um desconto de 20%. Compre já porque pode esgotar.- Regresse à mesma loja alguns dias depois e confirme que ainda há uma peça igual – já com um letreiro de 35%. Diga que quer desistir do que levou no primeiro dia, receba o dinheiro, dê meia volta para disfarçar, faça uma nova compra do mesmo objecto (agora bem mais barato) e pague noutra caixa.- Tente uma terceira vez, quando o desconto for já de 50%. Pode ser que tenha sorte!Isto existe e dizem-me que é prática corrente. E eu fico espantada por haver gente com imaginação, tempo, paciência e feitio para coisas destas.Mas, pensando melhor: os portugueses, comerciantes natos, sempre viveram de trocos, são bons trocadores. De escravos e de especiarias, de mares e de países, de impressões, de piropos, de primeiros-ministros, raramente de clubes mas cada vez mais de favores.E lá vão avançando assim, séculos fora, mansamente – troca-tintas, q.b.

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