Entre as brumas da memória: 1

05-08-2010
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Pensei algo de muito parecido quando li o anúncio do think tank, mas falta-me o engenho e a arte de Manuel António Pina. Por isso me calo e transcrevo-o na íntegra (JN).As sete esquerdas«Na nova Fundação "Res Publica" (em latim, já que a tradução "Coisa Pública" tem, para quem haja frequentado os clássicos, conotações ambíguas), o "think tank" socialista apresentado esta semana, cabem, segundo os jornais, todas as esquerdas que hoje se confundem amigavelmente no PS.Contei sete: "a esquerda democrática, o trabalhismo e a democracia liberal" do ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva; "a esquerda moderna, o socialismo e a social-democracia" de António Vitorino, que preside à fundação; e "o centro-esquerda" do secretário-geral do PS, José Sócrates. De assinalar a frugalidade ideológica de José Sócrates, em comparação com Silva e Vitorino, cada um militante de três esquerdas. Mas, descontando aquela "esquerda moderna" ("pós-moderna" seria talvez mais rigoroso, e Vitorino perceber-me-á pois há-de ter lido o também clássico "O pós-modernismo explicado às crianças", de Lyotard ), não falta nenhuma esquerda, pelo menos à direita do "centro-esquerda" do secretário-geral. Insólita só a permanência, entre tantas e tão desvairadas esquerdas, de 1/7 de "socialismo".»


Pensei algo de muito parecido quando li o anúncio do think tank, mas falta-me o engenho e a arte de Manuel António Pina. Por isso me calo e transcrevo-o na íntegra (JN).As sete esquerdas«Na nova Fundação "Res Publica" (em latim, já que a tradução "Coisa Pública" tem, para quem haja frequentado os clássicos, conotações ambíguas), o "think tank" socialista apresentado esta semana, cabem, segundo os jornais, todas as esquerdas que hoje se confundem amigavelmente no PS.Contei sete: "a esquerda democrática, o trabalhismo e a democracia liberal" do ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva; "a esquerda moderna, o socialismo e a social-democracia" de António Vitorino, que preside à fundação; e "o centro-esquerda" do secretário-geral do PS, José Sócrates. De assinalar a frugalidade ideológica de José Sócrates, em comparação com Silva e Vitorino, cada um militante de três esquerdas. Mas, descontando aquela "esquerda moderna" ("pós-moderna" seria talvez mais rigoroso, e Vitorino perceber-me-á pois há-de ter lido o também clássico "O pós-modernismo explicado às crianças", de Lyotard ), não falta nenhuma esquerda, pelo menos à direita do "centro-esquerda" do secretário-geral. Insólita só a permanência, entre tantas e tão desvairadas esquerdas, de 1/7 de "socialismo".»

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