Andrei Zhdanov (1896-1948) esteve sempre suficientemente perto de José Estaline (1879-1953) para progredir solidamente na hierarquia do Partido Comunista, tendo chegado a governador de Leninegrado. Não é esta faceta, contudo, que aqui mais nos interessa hoje, mas sim a de definidor da política cultural soviética ou, dito de uma forma mais prosaica, a de censor do regime.Uma das sua vítimas foi o compositor russo Sergei Prokofiev (1891-1953), depois do regresso a casa após uma ausência de 15 anos, entre 1918 e 1933. Ao contrário de Igor Stravinsky (1882-1971) e Sergei Rachmaninov (1873-1943), Prokofiev decidiu-se pelo regresso à União Soviética, convencido de que o reconhecimento internacional como compositor seria garantia de um tratamento de excepção por partes das autoridades. Enganou-se redondamente, tendo sido por várias vezes humilhado e as suas obras alvo do crivo de Zhdanov. E se o fim da 1ª Guerra Mundial o tinha visto desandar para outras paragens, a 2ª Grande Guerra apanhou-o em casa, atado pelas malhas que o regime lhe coseu.É desta época que data o início do projecto da ópera Guerra e Paz, baseada na obra homónima de Tolstoi (1828-1910). Projecto grandioso, em que o compositor depositava grandes esperanças e procurava seguir os ditames dos governantes: obra para "o povo", destinada a promover a cultura e a história russas, importante nos tempos de guerra que se atravessavam. Enganou-se de novo, tendo a obra sido de imediato rejeitada pelo nosso conhecido censor que, por "não ser suficientemente heróica" não lhe via utilidade. O Congresso dos Compositores de Moscovo, reunido em 1948, resolveu não lhe ficar atrás, e aplicou à ópera o carimbo da praxe, apelidando-a de "formal". O resultado de tudo isto foi que Prokofiev nunca chegou a assistir a nenhuma récita da ópera completa, apesar de nela ter estado envolvido cerca de 12 anos, até poucas semanas antes de falecer.E é assim que, no dia em que passam 53 anos sobre a morte de Prokofiev, trazemos aqui, não a ópera Guerra e Paz, mas a Suite Sinfónica que dela extraiu o inglês Christopher Palmer (1946-1995), um entusiasta da música deste compositor, tendo inclusivamente colaborado na edição do livro Sergei Prokofiev: Soviet Diary 1927 and Other Writings.CDSergei ProkofievWar and Peace: Symphonic Suite (arr. C. Palmer).Summer Night: Suite from "The Duenna", Op.123.Russian Overture, Op.72.Philharmonia OrchestraNeeme JärviChandos CHAN 9096(1991)InternetSergei ProkofievThe Prokofiev Page / Classical Music Pages / The Sergei Prokofiev WebsiteAndrei ZhdanovSpartacus.schoolnet.co.uk / WikipediaChristopher PalmerIn MemoriamEtiquetas: Christopher Palmer, Estaline, Prokofiev, Rachmaninov, Realismo Socialista, Zhdanov
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Andrei Zhdanov (1896-1948) esteve sempre suficientemente perto de José Estaline (1879-1953) para progredir solidamente na hierarquia do Partido Comunista, tendo chegado a governador de Leninegrado. Não é esta faceta, contudo, que aqui mais nos interessa hoje, mas sim a de definidor da política cultural soviética ou, dito de uma forma mais prosaica, a de censor do regime.Uma das sua vítimas foi o compositor russo Sergei Prokofiev (1891-1953), depois do regresso a casa após uma ausência de 15 anos, entre 1918 e 1933. Ao contrário de Igor Stravinsky (1882-1971) e Sergei Rachmaninov (1873-1943), Prokofiev decidiu-se pelo regresso à União Soviética, convencido de que o reconhecimento internacional como compositor seria garantia de um tratamento de excepção por partes das autoridades. Enganou-se redondamente, tendo sido por várias vezes humilhado e as suas obras alvo do crivo de Zhdanov. E se o fim da 1ª Guerra Mundial o tinha visto desandar para outras paragens, a 2ª Grande Guerra apanhou-o em casa, atado pelas malhas que o regime lhe coseu.É desta época que data o início do projecto da ópera Guerra e Paz, baseada na obra homónima de Tolstoi (1828-1910). Projecto grandioso, em que o compositor depositava grandes esperanças e procurava seguir os ditames dos governantes: obra para "o povo", destinada a promover a cultura e a história russas, importante nos tempos de guerra que se atravessavam. Enganou-se de novo, tendo a obra sido de imediato rejeitada pelo nosso conhecido censor que, por "não ser suficientemente heróica" não lhe via utilidade. O Congresso dos Compositores de Moscovo, reunido em 1948, resolveu não lhe ficar atrás, e aplicou à ópera o carimbo da praxe, apelidando-a de "formal". O resultado de tudo isto foi que Prokofiev nunca chegou a assistir a nenhuma récita da ópera completa, apesar de nela ter estado envolvido cerca de 12 anos, até poucas semanas antes de falecer.E é assim que, no dia em que passam 53 anos sobre a morte de Prokofiev, trazemos aqui, não a ópera Guerra e Paz, mas a Suite Sinfónica que dela extraiu o inglês Christopher Palmer (1946-1995), um entusiasta da música deste compositor, tendo inclusivamente colaborado na edição do livro Sergei Prokofiev: Soviet Diary 1927 and Other Writings.CDSergei ProkofievWar and Peace: Symphonic Suite (arr. C. Palmer).Summer Night: Suite from "The Duenna", Op.123.Russian Overture, Op.72.Philharmonia OrchestraNeeme JärviChandos CHAN 9096(1991)InternetSergei ProkofievThe Prokofiev Page / Classical Music Pages / The Sergei Prokofiev WebsiteAndrei ZhdanovSpartacus.schoolnet.co.uk / WikipediaChristopher PalmerIn MemoriamEtiquetas: Christopher Palmer, Estaline, Prokofiev, Rachmaninov, Realismo Socialista, Zhdanov