Esta é a crónica que li hoje aos microfones da rádio Baía, será dela que sairá o texto a publicar amanhã no jornal Comércio do Seixal e Sesimbra, comente pois aqui ou no blog Revolta das Laranjas. "Caros ouvintes, bom dia ou boa tarde, consoante a hora a que me estejam a ouvir.Hoje nesta rubrica, “O estado do concelho, o concelho e o estado” não vou trazer apenas um assunto, mas vários pequenos apontamentos, que ilustram, no meu entender, e bem, o estado do nosso concelho.E esse estado é na minha opinião, preocupante. Preocupante porque existe no Seixal pouca qualidade de vida, apesar desta região dispor de recursos naturais impares, e preocupante porque apesar de sentirmos todos os dias os problemas que advém da falta de estratégia e capacidade organizativa da autarquia, que se reflectem nos mais variados campos, desde o urbanismo até às acessibilidades, passando pela falta de cuidado do espaço público e da incapacidade de atrair investimento, apesar de tudo isto dizia, somos confrontados todos os dias com uma realidade virtual, propalada através das mais variadas formas, ao melhor estilo das campanhas de propaganda Soviética, que nos vai tentando convencer que vivemos na terra dos amanhãs que cantam.Vejamos alguns exemplos:A principal e primeira obrigação de uma Câmara é cuidar do urbanismo. Ora recentemente foi anunciada, pela autarquia, a intenção da realização de um Plano de Pormenor para a zona urbana de Corroios. Quem cá já habita há mais anos, como é o meu caso, certamente se lembrará do que era Corroios há 34 anos… Um pequeno lugarejo, com algumas (poucas) edificações em redor da EN 10 e muitas quintas agrícolas. A iniciar a sua expansão estava o Alto do Moinho, mas ainda sem estrada asfaltada para Vale Milhaços!Ora se todo o crescimento desta zona aconteceu nos últimos 30 anos e se nos últimos 30 anos o Seixal sempre foi governado com maioria absoluta pelo Partido Comunista Português, haverá maior prova da falta de capacidade de gestão e de capacidade estratégica por parte do PCP, é evidente que não!Já pensaram o que seria do nosso país, se apenas 30 anos depois da concretização de algo fosse necessário a sua reformulação? Homens como o Marquês de Pombal com muito menos meios à sua disposição foram capazes de projectar a três séculos, no seixal tal capacidade de perspectiva não chegou às três décadas.No entanto tenho a certeza que este novo Plano vai ser anunciado com pompa e circunstância pelo actual executivo, como se não fosse ele o único responsável pelo problema que agora se propõe resolver.Também na área das acessibilidades, aquela que deve ser a segunda prioridade duma Câmara responsável, inserida numa área metropolitana o panorama não é melhor. Sem sair de Corroios atente-se, naquele que é o grande monumento à incapacidade deste executivo comunista liderado por Alfredo Monteiro. Falo, obviamente, do viaduto inacabado e com destino a lado nenhum da alternativa à EN 10 e do inenarrável cartaz, que em conjunto com a obra inacabada se encontra ali há mais de três anos. Diz o aludido cartaz qualquer coisa como: Câmara Municipal do Seixal – Investimos em acessibilidades. Ora não só a obra não foi feita, como também não era a Câmara quem pagava a mesma, quem investia em acessibilidades era a cadeia de supermercados Carrefour que ali se pretendia instalar. O mesmo sendo válido para a obra, essa concluída, de desnivelamento do túnel da Cruz de Pau.Também no campo das acessibilidades atente-se noutro caso, a ponte da fraternidade. A ponte da fraternidade (que liga a Amora ao Seixal) é uma obra emblemática para o PCP local, isto porque foi a primeira grande obra pós 25 de Abril, tratava-se de uma obra necessária e para que fosse feita derrubou-se um moinho de maré existente no local, utilizando o que restou da sua estrutura como base da nova ponte. O desenrascanço à portuguesa no seu melhor, mas também nesse tempo não existia CDU e a malta ainda não se preocupava com o património.Ora no inicio de 2006 foi aprovado pela Câmara Municipal o alargamento da referida ponte. De imediato se atarefou a Câmara em colocar no local o respectivo autedor onde se podia ler: Alargamento da ponte da fraternidade – Início da execução 4.º trimestre de 2006. Pois é está prestes a terminar o 2.º trimestre de 2008 e desta obra NADA!É certo que se compararmos este exemplo com o anterior algo é diferente, neste caso alguém teve vergonha e mandou retirar o aludido cartaz…Faz-me lembrar uma velha piada do tempo da URSS e que era:Qual a primeira pergunta formulada aos candidatos a secretário-dactilógrafo do Comité Central do PC da União Soviética?A Resposta é simples: "-Quantas palavras consegue apagar por minuto?Como se vê há hábitos que se transformam mas não morrem.Sejam felizes é o que desejo a todos."
Categorias
Entidades
Esta é a crónica que li hoje aos microfones da rádio Baía, será dela que sairá o texto a publicar amanhã no jornal Comércio do Seixal e Sesimbra, comente pois aqui ou no blog Revolta das Laranjas. "Caros ouvintes, bom dia ou boa tarde, consoante a hora a que me estejam a ouvir.Hoje nesta rubrica, “O estado do concelho, o concelho e o estado” não vou trazer apenas um assunto, mas vários pequenos apontamentos, que ilustram, no meu entender, e bem, o estado do nosso concelho.E esse estado é na minha opinião, preocupante. Preocupante porque existe no Seixal pouca qualidade de vida, apesar desta região dispor de recursos naturais impares, e preocupante porque apesar de sentirmos todos os dias os problemas que advém da falta de estratégia e capacidade organizativa da autarquia, que se reflectem nos mais variados campos, desde o urbanismo até às acessibilidades, passando pela falta de cuidado do espaço público e da incapacidade de atrair investimento, apesar de tudo isto dizia, somos confrontados todos os dias com uma realidade virtual, propalada através das mais variadas formas, ao melhor estilo das campanhas de propaganda Soviética, que nos vai tentando convencer que vivemos na terra dos amanhãs que cantam.Vejamos alguns exemplos:A principal e primeira obrigação de uma Câmara é cuidar do urbanismo. Ora recentemente foi anunciada, pela autarquia, a intenção da realização de um Plano de Pormenor para a zona urbana de Corroios. Quem cá já habita há mais anos, como é o meu caso, certamente se lembrará do que era Corroios há 34 anos… Um pequeno lugarejo, com algumas (poucas) edificações em redor da EN 10 e muitas quintas agrícolas. A iniciar a sua expansão estava o Alto do Moinho, mas ainda sem estrada asfaltada para Vale Milhaços!Ora se todo o crescimento desta zona aconteceu nos últimos 30 anos e se nos últimos 30 anos o Seixal sempre foi governado com maioria absoluta pelo Partido Comunista Português, haverá maior prova da falta de capacidade de gestão e de capacidade estratégica por parte do PCP, é evidente que não!Já pensaram o que seria do nosso país, se apenas 30 anos depois da concretização de algo fosse necessário a sua reformulação? Homens como o Marquês de Pombal com muito menos meios à sua disposição foram capazes de projectar a três séculos, no seixal tal capacidade de perspectiva não chegou às três décadas.No entanto tenho a certeza que este novo Plano vai ser anunciado com pompa e circunstância pelo actual executivo, como se não fosse ele o único responsável pelo problema que agora se propõe resolver.Também na área das acessibilidades, aquela que deve ser a segunda prioridade duma Câmara responsável, inserida numa área metropolitana o panorama não é melhor. Sem sair de Corroios atente-se, naquele que é o grande monumento à incapacidade deste executivo comunista liderado por Alfredo Monteiro. Falo, obviamente, do viaduto inacabado e com destino a lado nenhum da alternativa à EN 10 e do inenarrável cartaz, que em conjunto com a obra inacabada se encontra ali há mais de três anos. Diz o aludido cartaz qualquer coisa como: Câmara Municipal do Seixal – Investimos em acessibilidades. Ora não só a obra não foi feita, como também não era a Câmara quem pagava a mesma, quem investia em acessibilidades era a cadeia de supermercados Carrefour que ali se pretendia instalar. O mesmo sendo válido para a obra, essa concluída, de desnivelamento do túnel da Cruz de Pau.Também no campo das acessibilidades atente-se noutro caso, a ponte da fraternidade. A ponte da fraternidade (que liga a Amora ao Seixal) é uma obra emblemática para o PCP local, isto porque foi a primeira grande obra pós 25 de Abril, tratava-se de uma obra necessária e para que fosse feita derrubou-se um moinho de maré existente no local, utilizando o que restou da sua estrutura como base da nova ponte. O desenrascanço à portuguesa no seu melhor, mas também nesse tempo não existia CDU e a malta ainda não se preocupava com o património.Ora no inicio de 2006 foi aprovado pela Câmara Municipal o alargamento da referida ponte. De imediato se atarefou a Câmara em colocar no local o respectivo autedor onde se podia ler: Alargamento da ponte da fraternidade – Início da execução 4.º trimestre de 2006. Pois é está prestes a terminar o 2.º trimestre de 2008 e desta obra NADA!É certo que se compararmos este exemplo com o anterior algo é diferente, neste caso alguém teve vergonha e mandou retirar o aludido cartaz…Faz-me lembrar uma velha piada do tempo da URSS e que era:Qual a primeira pergunta formulada aos candidatos a secretário-dactilógrafo do Comité Central do PC da União Soviética?A Resposta é simples: "-Quantas palavras consegue apagar por minuto?Como se vê há hábitos que se transformam mas não morrem.Sejam felizes é o que desejo a todos."