In Concreto: O xadrez das presidenciais

21-01-2011
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A declaração de Cavaco Silva acerca da promulgação do Casamento Homossexual foi estrategicamente brilhante, não afectava directamente o seu eleitorado base e piscava o olho à esquerda. Sabendo-se antemão que a esquerda estará no mínimo dividida em duas - já que a candidatura de Fernando Nobre parece condenada à partida -, e mesmo sabendo-se que Cavaco é de todos os Presidentes da República o que tem o segundo mandato menos assegurado, não se compreende a posição da ala católica ou ala conservadora.
Como diz o amigo Tiago Mendonça: “Pouco conhecimento jurídico é a única coisa que pode estar em causa nesta aparente fragilização no núcleo mais conservador de apoio ao actual Presidente da República. Era indiferente o veto de Cavaco Silva.” De facto é verdade, era totalmente indiferente o veto de Cavaco Silva ao diploma, o Parlamento acabaria por obrigar Cavaco Silva a promulgar o diploma.
O interessante neste aspecto é que esta ala conservadora mexeu-se e entre tantas declarações e pelo menos uma sondagem a um potencial candidato, percebemos que o descontentamento não se deve apenas à atitude do Presidente da República relativamente ao casamento homossexual. Foi apenas a gota de água. Ora, neste momento as presidenciais estão completamente em aberto, se a ala conservadora avançar com outro candidato, Cavaco ficará limitado, provavelmente nem irá a votos.
O certo é que o momento para esta divisão não poderia ser o pior para Cavaco Silva, nesta semana o PS pode dar o seu apoio a Manuel Alegre ou avançar com outro nome. De qualquer forma, a acção de Cavaco ficará limitada a partir deste momento.
Quanto ao candidato do PCP, não sei até que ponto a greve de ontem não é o primeiro passo da apresentação do candidato apoiado pelo PCP. No contexto actual, sabendo-se que o PCP vive à sombra do BE, que não conseguiu gritar vitória nas Legislativas e Europeias, não sei até que ponto Carvalho da Silva poderá ser o homem do PCP.
Por fim, assinalável a coragem política de Carlos César que formalizará o apoio do PS/Açores a Manuel Alegre na próxima semana, mesmo que o PS a nível nacional não o faça. Esta é uma posição que além de dizer respeito directamente às presidenciais, indirectamente é uma vitória das autonomias. Sim, porque não há verdadeira autonomia se os partidos de cá forem subservientes aos de lá. Tem mérito, porque muitas vezes assistimos a um silêncio cómodo nas estruturas partidárias regionais.


A declaração de Cavaco Silva acerca da promulgação do Casamento Homossexual foi estrategicamente brilhante, não afectava directamente o seu eleitorado base e piscava o olho à esquerda. Sabendo-se antemão que a esquerda estará no mínimo dividida em duas - já que a candidatura de Fernando Nobre parece condenada à partida -, e mesmo sabendo-se que Cavaco é de todos os Presidentes da República o que tem o segundo mandato menos assegurado, não se compreende a posição da ala católica ou ala conservadora.
Como diz o amigo Tiago Mendonça: “Pouco conhecimento jurídico é a única coisa que pode estar em causa nesta aparente fragilização no núcleo mais conservador de apoio ao actual Presidente da República. Era indiferente o veto de Cavaco Silva.” De facto é verdade, era totalmente indiferente o veto de Cavaco Silva ao diploma, o Parlamento acabaria por obrigar Cavaco Silva a promulgar o diploma.
O interessante neste aspecto é que esta ala conservadora mexeu-se e entre tantas declarações e pelo menos uma sondagem a um potencial candidato, percebemos que o descontentamento não se deve apenas à atitude do Presidente da República relativamente ao casamento homossexual. Foi apenas a gota de água. Ora, neste momento as presidenciais estão completamente em aberto, se a ala conservadora avançar com outro candidato, Cavaco ficará limitado, provavelmente nem irá a votos.
O certo é que o momento para esta divisão não poderia ser o pior para Cavaco Silva, nesta semana o PS pode dar o seu apoio a Manuel Alegre ou avançar com outro nome. De qualquer forma, a acção de Cavaco ficará limitada a partir deste momento.
Quanto ao candidato do PCP, não sei até que ponto a greve de ontem não é o primeiro passo da apresentação do candidato apoiado pelo PCP. No contexto actual, sabendo-se que o PCP vive à sombra do BE, que não conseguiu gritar vitória nas Legislativas e Europeias, não sei até que ponto Carvalho da Silva poderá ser o homem do PCP.
Por fim, assinalável a coragem política de Carlos César que formalizará o apoio do PS/Açores a Manuel Alegre na próxima semana, mesmo que o PS a nível nacional não o faça. Esta é uma posição que além de dizer respeito directamente às presidenciais, indirectamente é uma vitória das autonomias. Sim, porque não há verdadeira autonomia se os partidos de cá forem subservientes aos de lá. Tem mérito, porque muitas vezes assistimos a um silêncio cómodo nas estruturas partidárias regionais.

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