Nervosismo no Executivo com reservas dos deputados do PS

29-11-2010
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Deputados reunidos de urgência à noite. Executivo promete diálogo à oposição após aprovação do OE/2011

Tensão interna no PS e promessas de diálogo com a oposição. A combinação pode parecer estranha, mas foi isso que revelaram três dias de debate na especialidade do Orçamento do Estado de 2011 e que hoje é aprovado no Parlamento, com a ajuda do PSD, que se abstém.

As novas tensões entre o Governo e a bancada do PS vão ter uma consequência: um grupo de deputados (não se sabe quantos) prepara-se para apresentar declarações de voto. As motivações são as mais diversas, como o aumento da taxação das mais-valias, "barradas" pelo acordo Governo-PS. Mas a principal fonte de irritação entre os socialistas é mesmo a excepção (ou adaptação) da norma dos cortes salariais de cinco por cento nas empresas públicas.

O PÚBLICO sabe que são muitos os deputados que querem apresentar ou subscrever declarações de voto, mas existe pressão para travar este "movimento". Dentro da direcção da bancada, estes gestos de "rebeldia" causaram muito mal-estar. Tanta irritação chegou ao Executivo, que transmitiu sinais de descontentamento à direcção da bancada. Afinal, as mudanças ao texto ao orçamento quanto às excepções nos cortes, propostas à última hora pelo PS, foram articuladas com a direcção da bancada.

O resultado prático de tanto nervosismo foi a convocação, com escassas quatro horas e meia de antecedência, de uma reunião do grupo parlamentar para ontem à noite. A ideia é fazer um balanço do OE, explicar as questões polémicas, como os cortes salariais. E, na prática, tentar travar a multiplicação de declarações de voto. Uma é certa, a de Marco Sá. Jorge Seguro Sanches não o fará. É esperada também uma posição dos deputados da ala esquerda. O ex-líder parlamentar António José Seguro optou por entregar uma, mas foi durante o debate na especialidade.

Quantas declarações haverá ao todo ninguém sabe ao certo. Depende. Um deputado socialista, crítico da excepção dos cortes, admitia que se houver muitas não entregará a sua. Para evitar mais um embaraço ao partido.

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Irritações à parte, registe-se mais um factor importante do debate na especialidade: a promessa de diálogo com a oposição. O ministro Jorge Lacão espera que o clima de confiança, que permitiu o acordo com o PSD, se prolongue após a aprovação do Orçamento de 2011. Com um objectivo: "Desenvolver e acentuar as condições da estabilidade política no país." É esse o sinal que o Executivo quer passar, internamente, no dia em que o Orçamento vai ser aprovado. Para fora, para os mercados, que continuam a pressionar o país, com os juros da dívida pública, a palavra é a mesma: confiança.

Outro factor de perturbação foi ontem o dossier das mais-valias que levou o deputado comunista Honório Novo a acusar PS e Governo de, "em matéria orçamental, já andarem a ser conduzidos pela trela do PSD". Uma crítica feita na sequência do chumbo da proposta do PCP para aumentar em 1,5 por cento (para 21,5 por cento) a tributação das mais-valias mobiliárias.

Se todo o debate orçamental decorreu debaixo das especulações de uma remodelação iminente, hoje, a aprovação do OE, afasta um dos obstáculos às mudanças no Executivo. Essa possibilidade era noticiada pelo jornal Financial Times. Em meios socialistas, a pressão era sobre a pasta das Finanças. Entre os ministeriáveis para a Economia, Basílio Horta, presidente da AICEP, era um deles. com S.R.

Deputados reunidos de urgência à noite. Executivo promete diálogo à oposição após aprovação do OE/2011

Tensão interna no PS e promessas de diálogo com a oposição. A combinação pode parecer estranha, mas foi isso que revelaram três dias de debate na especialidade do Orçamento do Estado de 2011 e que hoje é aprovado no Parlamento, com a ajuda do PSD, que se abstém.

As novas tensões entre o Governo e a bancada do PS vão ter uma consequência: um grupo de deputados (não se sabe quantos) prepara-se para apresentar declarações de voto. As motivações são as mais diversas, como o aumento da taxação das mais-valias, "barradas" pelo acordo Governo-PS. Mas a principal fonte de irritação entre os socialistas é mesmo a excepção (ou adaptação) da norma dos cortes salariais de cinco por cento nas empresas públicas.

O PÚBLICO sabe que são muitos os deputados que querem apresentar ou subscrever declarações de voto, mas existe pressão para travar este "movimento". Dentro da direcção da bancada, estes gestos de "rebeldia" causaram muito mal-estar. Tanta irritação chegou ao Executivo, que transmitiu sinais de descontentamento à direcção da bancada. Afinal, as mudanças ao texto ao orçamento quanto às excepções nos cortes, propostas à última hora pelo PS, foram articuladas com a direcção da bancada.

O resultado prático de tanto nervosismo foi a convocação, com escassas quatro horas e meia de antecedência, de uma reunião do grupo parlamentar para ontem à noite. A ideia é fazer um balanço do OE, explicar as questões polémicas, como os cortes salariais. E, na prática, tentar travar a multiplicação de declarações de voto. Uma é certa, a de Marco Sá. Jorge Seguro Sanches não o fará. É esperada também uma posição dos deputados da ala esquerda. O ex-líder parlamentar António José Seguro optou por entregar uma, mas foi durante o debate na especialidade.

Quantas declarações haverá ao todo ninguém sabe ao certo. Depende. Um deputado socialista, crítico da excepção dos cortes, admitia que se houver muitas não entregará a sua. Para evitar mais um embaraço ao partido.

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Irritações à parte, registe-se mais um factor importante do debate na especialidade: a promessa de diálogo com a oposição. O ministro Jorge Lacão espera que o clima de confiança, que permitiu o acordo com o PSD, se prolongue após a aprovação do Orçamento de 2011. Com um objectivo: "Desenvolver e acentuar as condições da estabilidade política no país." É esse o sinal que o Executivo quer passar, internamente, no dia em que o Orçamento vai ser aprovado. Para fora, para os mercados, que continuam a pressionar o país, com os juros da dívida pública, a palavra é a mesma: confiança.

Outro factor de perturbação foi ontem o dossier das mais-valias que levou o deputado comunista Honório Novo a acusar PS e Governo de, "em matéria orçamental, já andarem a ser conduzidos pela trela do PSD". Uma crítica feita na sequência do chumbo da proposta do PCP para aumentar em 1,5 por cento (para 21,5 por cento) a tributação das mais-valias mobiliárias.

Se todo o debate orçamental decorreu debaixo das especulações de uma remodelação iminente, hoje, a aprovação do OE, afasta um dos obstáculos às mudanças no Executivo. Essa possibilidade era noticiada pelo jornal Financial Times. Em meios socialistas, a pressão era sobre a pasta das Finanças. Entre os ministeriáveis para a Economia, Basílio Horta, presidente da AICEP, era um deles. com S.R.

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