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26-12-2009
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PCP rejeita ideia de rotina nas comemorações 25 de Abril Sempre O Grupo Parlamentar do PCP rejeitou a tese da chamada rotina das comemorações da Revolução do 25 de Abril, acusando os seus autores de com ela pretenderem apenas desvalorizar os actos que evocam a data fundadora do regime democrático, diminuindo-lhes, simultaneamente, o conteúdo político.«Dizer que as comemorações do 25 de Abril caíram na rotina assenta num de dois pressupostos: na ideia de que as comemorações se reduzem no fundamental à sessão solene da Assembleia da República e na ideia de que a própria sessão se afundou num mero e fastidioso cumprimento burocrático do calendário», afirmou o presidente da bancada comunista, para quem ambas as ideias estão erradas.Bernardino Soares, que falava em declaração política proferida no Parlamento a 26 de Abril, respondeu assim de forma pronta às afirmações produzidas na véspera pelo Presidente da República, segundo as quais estaria na hora de repensar o figurino das comemorações da Revolução do 25 de Abril.«De tão repetidas nos mesmos moldes, o que resta verdadeiramente das comemorações do 25 de Abril? Continuará a fazer sentido manter esta forma de festejarmos o Dia da Liberdade ou será tempo de inovar?», perguntou Cavaco Silva no seu discurso na Assembleia da República, sem contudo adiantar qualquer sugestão ou medida concreta.Contestando esta posição, em resposta, Bernardino Soares lembrou que as comemorações da Revolução que pôs termo à ditadura fascista que oprimiu o povo durante 48 anos «se multiplicam das mais diversas formas por todo o país», sobretudo com os desfiles e concentrações populares que mobilizaram centenas de milhares de pessoas.«Nada disto foi rotina, nem no conteúdo nem na forma, sublinhou o líder parlamentar comunista, ante de fazer notar que o «alheamento e desconhecimento» que possa existir em muitos jovens sobre o significado e importância da Revolução de Abril radica na desvalorização de que esta tem sido alvo no plano do ensino, por responsabilidade dos sucessivos governos, não sendo por isso obra do acaso mas fruto das políticas educativas e, também, «da negação dos direitos que a Revolução de Abril lhes prometeu».Celebrar acto fundadorContestadas pelo líder parlamentar comunista foram, por outro lado, «as pouco inocentes ideias de que a sessão solene é 'um bocejo', uma rotina habitual, uma maçada a que ninguém liga».«A sessão solene da Assembleia da República no 25 de Abril é sem dúvida em parte um ritual. Mas um ritual democrático cheio de conteúdo e significado. É um ritual e não uma rotina. Representa a celebração de um acontecimento fundador da sociedade portuguesa actual. Tem certamente sempre um conteúdo de memória e de balanço mas inegavelmente complementado pela perspectiva de futuro», salientou Bernardino Soares, afirmando não vislumbrar «alterações virtuosas no esquema da sessão».«Para além de alterações de pormenor, sempre possíveis, o que retiraríamos? A parada militar? O convite às altas individualidades do Estado? A justa e bela abundância de cravos vermelhos na sala?», inquiriu.Depois de ter chamado a atenção para o «elevado conteúdo político» da sessão solene da véspera, facto que enalteceu, o líder da bancada comunista criticou aqueles que «gostariam que as comemorações tivessem o mínimo conteúdo político e para isso desejariam a desvalorização da sessão solene», sublinhando que, «aí sim, a sessão seria uma efeméride apenas e não a mais relevante comemoração».«A sessão solene de comemoração do 25 de Abril não deixa esquecer que a Assembleia da República, sede da democracia e do pluralismo, é filha e consequência da Revolução de Abril. Não deixa esquecer que os partidos são agentes essenciais da nossa democracia, tal como a Constituição estabelece», afirmou, garantindo que o PCP continuará a defender a sua realização como parte integrante das comemorações, com o mesmo empenho «com que depois desfilamos a liberdade pela Avenida».Manipulação sem vergonhaBernardino Soares não escondeu a sua indignação perante a forma como a imprensa tratou as comemorações populares, exemplificando com a escandalosa «manipulação milimétrica» a que alguns se esmeraram, chegando ao cúmulo - como fez desavergonhadamente o «Público» na sua edição de 26 - de reduzir a grandiosa manifestação de milhares de pessoas que desceram a Avenida da Liberdade, incluindo muitos milhares de jovens, a uma foto na sua primeira página onde se vê apenas «um homem idoso e só no meio de uma avenida vazia».Verberada pelo deputado do PCP foi igualmente a opção de Cavaco Silva por falar no seu discurso nos casos de sucesso de jovens portugueses em detrimento das centenas de milhares que vivem a incerteza do futuro devido ao desemprego e à precariedade laboral. Se tivesse pensado nestes, observou Bernardino Soares, talvez o Chefe de Estado «encontrasse aí explicação para o desencanto com a política a que se referiu».É que, sublinhou, «estes jovens são vítimas da política de direita de sucessivos governos, apostada em impor o trabalho sem direitos às novas gerações, cujas orientações económicas agravam o desemprego, em flagrante contraste com a norma constitucional, inscrita como um direito fundamental, que diz que "é garantida aos trabalhadores a segurança no emprego"»in AVANTE 2007.05.03cartoon - autor não identificado


PCP rejeita ideia de rotina nas comemorações 25 de Abril Sempre O Grupo Parlamentar do PCP rejeitou a tese da chamada rotina das comemorações da Revolução do 25 de Abril, acusando os seus autores de com ela pretenderem apenas desvalorizar os actos que evocam a data fundadora do regime democrático, diminuindo-lhes, simultaneamente, o conteúdo político.«Dizer que as comemorações do 25 de Abril caíram na rotina assenta num de dois pressupostos: na ideia de que as comemorações se reduzem no fundamental à sessão solene da Assembleia da República e na ideia de que a própria sessão se afundou num mero e fastidioso cumprimento burocrático do calendário», afirmou o presidente da bancada comunista, para quem ambas as ideias estão erradas.Bernardino Soares, que falava em declaração política proferida no Parlamento a 26 de Abril, respondeu assim de forma pronta às afirmações produzidas na véspera pelo Presidente da República, segundo as quais estaria na hora de repensar o figurino das comemorações da Revolução do 25 de Abril.«De tão repetidas nos mesmos moldes, o que resta verdadeiramente das comemorações do 25 de Abril? Continuará a fazer sentido manter esta forma de festejarmos o Dia da Liberdade ou será tempo de inovar?», perguntou Cavaco Silva no seu discurso na Assembleia da República, sem contudo adiantar qualquer sugestão ou medida concreta.Contestando esta posição, em resposta, Bernardino Soares lembrou que as comemorações da Revolução que pôs termo à ditadura fascista que oprimiu o povo durante 48 anos «se multiplicam das mais diversas formas por todo o país», sobretudo com os desfiles e concentrações populares que mobilizaram centenas de milhares de pessoas.«Nada disto foi rotina, nem no conteúdo nem na forma, sublinhou o líder parlamentar comunista, ante de fazer notar que o «alheamento e desconhecimento» que possa existir em muitos jovens sobre o significado e importância da Revolução de Abril radica na desvalorização de que esta tem sido alvo no plano do ensino, por responsabilidade dos sucessivos governos, não sendo por isso obra do acaso mas fruto das políticas educativas e, também, «da negação dos direitos que a Revolução de Abril lhes prometeu».Celebrar acto fundadorContestadas pelo líder parlamentar comunista foram, por outro lado, «as pouco inocentes ideias de que a sessão solene é 'um bocejo', uma rotina habitual, uma maçada a que ninguém liga».«A sessão solene da Assembleia da República no 25 de Abril é sem dúvida em parte um ritual. Mas um ritual democrático cheio de conteúdo e significado. É um ritual e não uma rotina. Representa a celebração de um acontecimento fundador da sociedade portuguesa actual. Tem certamente sempre um conteúdo de memória e de balanço mas inegavelmente complementado pela perspectiva de futuro», salientou Bernardino Soares, afirmando não vislumbrar «alterações virtuosas no esquema da sessão».«Para além de alterações de pormenor, sempre possíveis, o que retiraríamos? A parada militar? O convite às altas individualidades do Estado? A justa e bela abundância de cravos vermelhos na sala?», inquiriu.Depois de ter chamado a atenção para o «elevado conteúdo político» da sessão solene da véspera, facto que enalteceu, o líder da bancada comunista criticou aqueles que «gostariam que as comemorações tivessem o mínimo conteúdo político e para isso desejariam a desvalorização da sessão solene», sublinhando que, «aí sim, a sessão seria uma efeméride apenas e não a mais relevante comemoração».«A sessão solene de comemoração do 25 de Abril não deixa esquecer que a Assembleia da República, sede da democracia e do pluralismo, é filha e consequência da Revolução de Abril. Não deixa esquecer que os partidos são agentes essenciais da nossa democracia, tal como a Constituição estabelece», afirmou, garantindo que o PCP continuará a defender a sua realização como parte integrante das comemorações, com o mesmo empenho «com que depois desfilamos a liberdade pela Avenida».Manipulação sem vergonhaBernardino Soares não escondeu a sua indignação perante a forma como a imprensa tratou as comemorações populares, exemplificando com a escandalosa «manipulação milimétrica» a que alguns se esmeraram, chegando ao cúmulo - como fez desavergonhadamente o «Público» na sua edição de 26 - de reduzir a grandiosa manifestação de milhares de pessoas que desceram a Avenida da Liberdade, incluindo muitos milhares de jovens, a uma foto na sua primeira página onde se vê apenas «um homem idoso e só no meio de uma avenida vazia».Verberada pelo deputado do PCP foi igualmente a opção de Cavaco Silva por falar no seu discurso nos casos de sucesso de jovens portugueses em detrimento das centenas de milhares que vivem a incerteza do futuro devido ao desemprego e à precariedade laboral. Se tivesse pensado nestes, observou Bernardino Soares, talvez o Chefe de Estado «encontrasse aí explicação para o desencanto com a política a que se referiu».É que, sublinhou, «estes jovens são vítimas da política de direita de sucessivos governos, apostada em impor o trabalho sem direitos às novas gerações, cujas orientações económicas agravam o desemprego, em flagrante contraste com a norma constitucional, inscrita como um direito fundamental, que diz que "é garantida aos trabalhadores a segurança no emprego"»in AVANTE 2007.05.03cartoon - autor não identificado

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