poesias: Olavo Pinto: Morto

19-12-2009
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INão vou desperdiçar o agradoQue tenho por certo na melodiaÀ extensão do certo e absolutoSem metade do esplendor do diaQue interessa a palavra e a promessaSem a extensão do brilho do prazerVulcão sem erupçãoDançar sem música, olhar sem ver.Não te vou dizer o que fazerNem te pedir que te aproximesVens se vieres, caso não venhasViverás por esses crimesIIOuço uns passos atrás de mim a suporPobre vadio, passo a passo, mais perto e sujoPede-me um cigarro, “claro!”, e vai com a dorQue me deixa de pena e de nojoSem culpa me desculpo, mas que culpaPosso eu ter do que não tens e do que vens.Sinto-me em ti, e eu outro revivo à lupaA tristeza e o alegre infortúnio que tu tens.Dou mais um bafo no cigarro e atiro-o para o chãoOlho as luzes, a pedra, e algo de dor não saiEstou outro, mais próximo. Altruísmo igual à tentaçãoà inveja à cobiça. Algo da máscara cai.Imagino em mim outro eu, outra existência,Revejo o passado e o presenteTolda-me o olhar a causa e a consequência,Sento-me exausto nas escadas da mente.Que força maior há que o individualRetaliando sem retaliar à voz da genteOlhar do meio a totalidade socialOlhos de um diferente indiferente.IIINasce a tua voz, como nascentePenetrando funda e grave a minha facePoluída e inócua pela sombra inerenteÀ luz bifurcada que aquece.Continuo, passo a passoO luar, lá em cima, que nos observaCom os olhos te trespassoE o cheiro a tudo, e o nada a erva.Grave. Parado. De repente um gritoUm suspiro aflito.Renascendo do mais profundo que existeAlgo de palpável no teu destinoAí! Aí! Na tua pele que brilha e ris-teE o teu riso renego e obstinoDepois abro a boca e calo-me, paralisoFecho os olhos, viro costas, partoTu ficas embebidaEm tiE eu sigo a vidaMorto.


INão vou desperdiçar o agradoQue tenho por certo na melodiaÀ extensão do certo e absolutoSem metade do esplendor do diaQue interessa a palavra e a promessaSem a extensão do brilho do prazerVulcão sem erupçãoDançar sem música, olhar sem ver.Não te vou dizer o que fazerNem te pedir que te aproximesVens se vieres, caso não venhasViverás por esses crimesIIOuço uns passos atrás de mim a suporPobre vadio, passo a passo, mais perto e sujoPede-me um cigarro, “claro!”, e vai com a dorQue me deixa de pena e de nojoSem culpa me desculpo, mas que culpaPosso eu ter do que não tens e do que vens.Sinto-me em ti, e eu outro revivo à lupaA tristeza e o alegre infortúnio que tu tens.Dou mais um bafo no cigarro e atiro-o para o chãoOlho as luzes, a pedra, e algo de dor não saiEstou outro, mais próximo. Altruísmo igual à tentaçãoà inveja à cobiça. Algo da máscara cai.Imagino em mim outro eu, outra existência,Revejo o passado e o presenteTolda-me o olhar a causa e a consequência,Sento-me exausto nas escadas da mente.Que força maior há que o individualRetaliando sem retaliar à voz da genteOlhar do meio a totalidade socialOlhos de um diferente indiferente.IIINasce a tua voz, como nascentePenetrando funda e grave a minha facePoluída e inócua pela sombra inerenteÀ luz bifurcada que aquece.Continuo, passo a passoO luar, lá em cima, que nos observaCom os olhos te trespassoE o cheiro a tudo, e o nada a erva.Grave. Parado. De repente um gritoUm suspiro aflito.Renascendo do mais profundo que existeAlgo de palpável no teu destinoAí! Aí! Na tua pele que brilha e ris-teE o teu riso renego e obstinoDepois abro a boca e calo-me, paralisoFecho os olhos, viro costas, partoTu ficas embebidaEm tiE eu sigo a vidaMorto.

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