O Cachimbo de Magritte: Avancem os técnicos, escondem-se os políticos

29-05-2010
marcar artigo


Ontem no “prime-time” da SIC assisti a uma longa entrevista a um engenheiro sobre o encerramento de 28 tribunais. O dito “especialista” dissertou sobre a reforma da justiça e a lentidão dos tribunais. Bem sei que era um “lente” de Coimbra – curiosa reverência – mas, pasme-se, do departamento de Engenharia, a quem o Governo encomendou um estudo a reforma do mapa judiciário. Foi surreal, tecnicamente surreal. Já agora, porque não entrevistar um biólogo sobre pontes? Ou um advogado sobre a cura do cancro? Mas a questão não é apenas esta.Vamos percebendo a estratégia do Governo. Primeiro lança-se um estudo "técnico" e só depois, sentindo as reacções, avançam os políticos. Com o fecho de maternidades e centros de saúde a coisa ainda pegou. O Ministro da Saúde recuou, mas sobreviveu com muita artilharia “técnica”. Com a OTA instalou-se o caos, com "estudos" contraditórios.Temos de perceber que este tipo de decisões, sobretudo as mais difíceis, são essencialmente políticas. Têm um fundamento técnico, mas a última palavra é dos políticos, que devem dar a cara. Para isso votamos neles, e deixamos de votar se não gostarmos das suas decisões. A isso se chama responsabilidade política.Ontem ficámos a saber o que dizem os engenheiros sobre o novo mapa judiciário. Mas o que pensa o Ministro da Justiça? E o Primeiro-Ministro?Se é que pensam alguma coisa sobre isto.


Ontem no “prime-time” da SIC assisti a uma longa entrevista a um engenheiro sobre o encerramento de 28 tribunais. O dito “especialista” dissertou sobre a reforma da justiça e a lentidão dos tribunais. Bem sei que era um “lente” de Coimbra – curiosa reverência – mas, pasme-se, do departamento de Engenharia, a quem o Governo encomendou um estudo a reforma do mapa judiciário. Foi surreal, tecnicamente surreal. Já agora, porque não entrevistar um biólogo sobre pontes? Ou um advogado sobre a cura do cancro? Mas a questão não é apenas esta.Vamos percebendo a estratégia do Governo. Primeiro lança-se um estudo "técnico" e só depois, sentindo as reacções, avançam os políticos. Com o fecho de maternidades e centros de saúde a coisa ainda pegou. O Ministro da Saúde recuou, mas sobreviveu com muita artilharia “técnica”. Com a OTA instalou-se o caos, com "estudos" contraditórios.Temos de perceber que este tipo de decisões, sobretudo as mais difíceis, são essencialmente políticas. Têm um fundamento técnico, mas a última palavra é dos políticos, que devem dar a cara. Para isso votamos neles, e deixamos de votar se não gostarmos das suas decisões. A isso se chama responsabilidade política.Ontem ficámos a saber o que dizem os engenheiros sobre o novo mapa judiciário. Mas o que pensa o Ministro da Justiça? E o Primeiro-Ministro?Se é que pensam alguma coisa sobre isto.

marcar artigo