O Cachimbo de Magritte: Grande-latismo

28-12-2009
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Mais uma arenga do nosso primeiro-ministro... Os seus discursos são sempre um sublinhar da vulgaridade. Uma permanente e confrangedora vulgaridade. Uma espécie de exibição atrevida da superficialidade. Grita ele que a oposição também vai ser avaliada nas eleições - como se as oposições tivessem governado estes quatro anos e tivessem alguma responsabilidade nas opções feitas por um governo com maioria absoluta... Como se fossem as oposições a ter de prestar contas.Por outro lado, Sócrates insiste num descaramento que pode ser perigoso para si: não pode ser levado a sério um político ( e seus ministros) que fala dos outros e para os outros da maneira que sabemos e que, depois, vem acusá-los do 'espectáculo lamentável' da 'maledicência' e dos 'ataques pessoais'. Ele já se debate com as suas próprias projecções.Aquela vacuidade esbracejante que Sócrates vai apresentando em digressão pelo país, ganhou mais dois adornos: já tinhamos o 'pessimismo' e o 'bota-abaixismo' - acrescentou-lhes agora o 'negativismo' e o 'radicalismo'. O homem delicia-se notoriamente nesta coreografia linguística do vazio. Cada vez está mais parecido com um feirante. Daqueles de microfone ao peito que, sem powerpoint e com o efeito especial da poeira, anunciavam 'não um, não dois, não três, nem quatro, freguesa - mas sim cinco pares de peúgas!' Lençóis, cobertores, colchas - tudo de 'categoria'! - exactamente como Sócrates qualificou aqui a sua campanha. É verdade que há alguma injustiça nesta comparação: aqueles feirantes tinham uma capacidade inventiva retórica que o nosso primeiro-ministro não tem. As vendas deles eram bem mais interessantes do que as arengas deste. Talvez até seja bom deixá-lo por aí à solta a esbracejar. Gradualmente, as pessoas irão comparando a gritaria oca (cada vez mais estridente) de Sócrates com a realidade e ir-se-ão apercebendo do imenso vazio que ali está. Verão que o homem já só se repete, que apenas intensifica a sua inanidade. Verão que aquilo já não corresponde a nada. É o vazio a elaborar sobre o vazio. Continuamente.


Mais uma arenga do nosso primeiro-ministro... Os seus discursos são sempre um sublinhar da vulgaridade. Uma permanente e confrangedora vulgaridade. Uma espécie de exibição atrevida da superficialidade. Grita ele que a oposição também vai ser avaliada nas eleições - como se as oposições tivessem governado estes quatro anos e tivessem alguma responsabilidade nas opções feitas por um governo com maioria absoluta... Como se fossem as oposições a ter de prestar contas.Por outro lado, Sócrates insiste num descaramento que pode ser perigoso para si: não pode ser levado a sério um político ( e seus ministros) que fala dos outros e para os outros da maneira que sabemos e que, depois, vem acusá-los do 'espectáculo lamentável' da 'maledicência' e dos 'ataques pessoais'. Ele já se debate com as suas próprias projecções.Aquela vacuidade esbracejante que Sócrates vai apresentando em digressão pelo país, ganhou mais dois adornos: já tinhamos o 'pessimismo' e o 'bota-abaixismo' - acrescentou-lhes agora o 'negativismo' e o 'radicalismo'. O homem delicia-se notoriamente nesta coreografia linguística do vazio. Cada vez está mais parecido com um feirante. Daqueles de microfone ao peito que, sem powerpoint e com o efeito especial da poeira, anunciavam 'não um, não dois, não três, nem quatro, freguesa - mas sim cinco pares de peúgas!' Lençóis, cobertores, colchas - tudo de 'categoria'! - exactamente como Sócrates qualificou aqui a sua campanha. É verdade que há alguma injustiça nesta comparação: aqueles feirantes tinham uma capacidade inventiva retórica que o nosso primeiro-ministro não tem. As vendas deles eram bem mais interessantes do que as arengas deste. Talvez até seja bom deixá-lo por aí à solta a esbracejar. Gradualmente, as pessoas irão comparando a gritaria oca (cada vez mais estridente) de Sócrates com a realidade e ir-se-ão apercebendo do imenso vazio que ali está. Verão que o homem já só se repete, que apenas intensifica a sua inanidade. Verão que aquilo já não corresponde a nada. É o vazio a elaborar sobre o vazio. Continuamente.

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