O Cachimbo de Magritte: A falência do discurso político

29-05-2010
marcar artigo


A Esquerda anda deliciada com a acção do 31 da Armada, em que substituíram a bandeira da CML pela monárquica. Dizem alguns, até, que esta acção reflecte o vazio do pensamento da Direita em Portugal, como se, de algum modo, esta acção estivesse relacionada com a direita política, com os partidos da Direita ou com os que representam o pensamento da Direita em Portugal.A acção em si merece poucos comentários: foi uma brincadeira de mau gosto, cuja ilegalidade é evidente e por isso censurável a vários níveis. E é verdade o que alguns dizem sobre o acontecimento: se tivesse sido uma bandeira de um outro país (Angola, Espanha, e por aí fora), ou representativo de uma ideologia autoritária (fascismo, nazismo ou comunismo), muito pouca gente acharia a brincadeira engraçada. Isto é ponto assente.Sobre as implicações legais, óbvias, e sobre as implicações políticas, para António Costa nomeadamente, concordo com o que o Diogo Moreira escreve aqui. Sobre o que retirar de tudo isto, também concordo, em parte, com o Henrique Burnay, pois apesar de tudo tratou-se de uma manifestação da vida que existe na sociedade civil, e que habita nos blogues em Portugal. Mas que fique claro que, uma leitura positiva não torna o evento positivo em si.Infelizmente, este evento tem igualmente o mérito (?) de tornar mais saliente um tipo de discurso político em Portugal. A forma como a Esquerda aproveitou o acontecimento para vincular a Direita (como um todo) a este tipo de acções diz muito sobre a forma como se discute política em Portugal (e, note-se, este mau hábito não vive apenas na Esquerda): privilégio evidente para os faits-divers, mas sobretudo para o oportunismo do insulto fácil e das generalizações assumidamente desonestas. Diz-se de tudo, desde que soe bem. Para muitos dos apoiantes do PS, e isto é visível no Simplex , esta acção de um blogue serviu de bandeira política, entrou na campanha eleitoral, e contribuiu para a criação de estereótipos simplistas dos apoiantes da direita e do PSD. Tudo isto é lamentável, e demonstra um país que gosta de ser pequeno.A tendência, que se lamenta, é o desaparecimento daquilo que é 'político' do discurso dos políticos e de quem, na esfera pública, debate e analisa a política nacional. Normalizou-se o anormal.


A Esquerda anda deliciada com a acção do 31 da Armada, em que substituíram a bandeira da CML pela monárquica. Dizem alguns, até, que esta acção reflecte o vazio do pensamento da Direita em Portugal, como se, de algum modo, esta acção estivesse relacionada com a direita política, com os partidos da Direita ou com os que representam o pensamento da Direita em Portugal.A acção em si merece poucos comentários: foi uma brincadeira de mau gosto, cuja ilegalidade é evidente e por isso censurável a vários níveis. E é verdade o que alguns dizem sobre o acontecimento: se tivesse sido uma bandeira de um outro país (Angola, Espanha, e por aí fora), ou representativo de uma ideologia autoritária (fascismo, nazismo ou comunismo), muito pouca gente acharia a brincadeira engraçada. Isto é ponto assente.Sobre as implicações legais, óbvias, e sobre as implicações políticas, para António Costa nomeadamente, concordo com o que o Diogo Moreira escreve aqui. Sobre o que retirar de tudo isto, também concordo, em parte, com o Henrique Burnay, pois apesar de tudo tratou-se de uma manifestação da vida que existe na sociedade civil, e que habita nos blogues em Portugal. Mas que fique claro que, uma leitura positiva não torna o evento positivo em si.Infelizmente, este evento tem igualmente o mérito (?) de tornar mais saliente um tipo de discurso político em Portugal. A forma como a Esquerda aproveitou o acontecimento para vincular a Direita (como um todo) a este tipo de acções diz muito sobre a forma como se discute política em Portugal (e, note-se, este mau hábito não vive apenas na Esquerda): privilégio evidente para os faits-divers, mas sobretudo para o oportunismo do insulto fácil e das generalizações assumidamente desonestas. Diz-se de tudo, desde que soe bem. Para muitos dos apoiantes do PS, e isto é visível no Simplex , esta acção de um blogue serviu de bandeira política, entrou na campanha eleitoral, e contribuiu para a criação de estereótipos simplistas dos apoiantes da direita e do PSD. Tudo isto é lamentável, e demonstra um país que gosta de ser pequeno.A tendência, que se lamenta, é o desaparecimento daquilo que é 'político' do discurso dos políticos e de quem, na esfera pública, debate e analisa a política nacional. Normalizou-se o anormal.

marcar artigo