O Cachimbo de Magritte: Pelo menos o MRPP eu percebo

20-01-2011
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Ele.O apelo do PCTP/MRPP ao voto em Manuel Alegre é um verdadeiro tratado - não estou a gozar. De sensatez comparada. A notícia é curta, de modo que reproduzo na íntegra. Sublinharei apenas as partes mais importantes.O PCTP/MRPP, liderado por Garcia Pereira, decidiu reconsiderar no apelo ao voto em branco e resolve agora defender o voto em Manuel Alegre, juntando-se ao PS e ao BE.É “o único candidato que pode fazer face a Cavaco Silva e tem hipótese de vencer numa segunda volta”, disse Garcia Pereira em declarações ao PÚBLICO.“A reapreciação da campanha eleitoral tem tornado claro que o PS não apoia Alegre”, notou, explicando a mudança do sentido de voto. “Considerando que não podemos ficar de braços cruzados à espera que a direita eleja Cavaco à primeira volta” e tendo em conta “que a abstenção e o voto em branco só servirão para tal eleição e ainda que a tarefa principal do Povo é derrubar o Governo de Sócrates e impedir que a alternativa seja Governo PSD/CDS” o PCTP/MRPP “reconsidera a sua posição e apela ao voto em Manuel Alegre”, diz o advogado.Que o PS não apoia Alegre é evidente, e Garcia Pereira tem toda a razão em apontá-lo. Do seu ponto de vista, Alegre é o candidato da «esquerda» - campo que não engloba o PS -, que é sinónimo de «Povo» maiúsculo (a clássica metonímia revolucionária), como Alegre enuncia sem peio, e cuja a tarefa é «derrubar o Governo». Alegre é o candidato mais bem colocado para, não sei se derrubar o Governo, mas certamente para tornar a vida de qualquer Governo, do PS ou do PSD, num inferno: nada que o candidato não enuncie às escâncaras, quando vocifera sobre o que uma maioria pode ou não fazer se ele for Presidente, incluindo em sede constitucional. Numa campanha presidencial em que a maioria dos intervenientes parece saída de um hospício, incluindo, visto da «direita», o principal adversário de Cavaco, a declaração de Garcia Pereira é uma nota dissonante de normalidade. Tínhamos saudades de alguma coisa do género, consistente, lógica, com sentido. Saudável, portanto. Felizmente faltam oito dias para terminar este de festival de sandeus.


Ele.O apelo do PCTP/MRPP ao voto em Manuel Alegre é um verdadeiro tratado - não estou a gozar. De sensatez comparada. A notícia é curta, de modo que reproduzo na íntegra. Sublinharei apenas as partes mais importantes.O PCTP/MRPP, liderado por Garcia Pereira, decidiu reconsiderar no apelo ao voto em branco e resolve agora defender o voto em Manuel Alegre, juntando-se ao PS e ao BE.É “o único candidato que pode fazer face a Cavaco Silva e tem hipótese de vencer numa segunda volta”, disse Garcia Pereira em declarações ao PÚBLICO.“A reapreciação da campanha eleitoral tem tornado claro que o PS não apoia Alegre”, notou, explicando a mudança do sentido de voto. “Considerando que não podemos ficar de braços cruzados à espera que a direita eleja Cavaco à primeira volta” e tendo em conta “que a abstenção e o voto em branco só servirão para tal eleição e ainda que a tarefa principal do Povo é derrubar o Governo de Sócrates e impedir que a alternativa seja Governo PSD/CDS” o PCTP/MRPP “reconsidera a sua posição e apela ao voto em Manuel Alegre”, diz o advogado.Que o PS não apoia Alegre é evidente, e Garcia Pereira tem toda a razão em apontá-lo. Do seu ponto de vista, Alegre é o candidato da «esquerda» - campo que não engloba o PS -, que é sinónimo de «Povo» maiúsculo (a clássica metonímia revolucionária), como Alegre enuncia sem peio, e cuja a tarefa é «derrubar o Governo». Alegre é o candidato mais bem colocado para, não sei se derrubar o Governo, mas certamente para tornar a vida de qualquer Governo, do PS ou do PSD, num inferno: nada que o candidato não enuncie às escâncaras, quando vocifera sobre o que uma maioria pode ou não fazer se ele for Presidente, incluindo em sede constitucional. Numa campanha presidencial em que a maioria dos intervenientes parece saída de um hospício, incluindo, visto da «direita», o principal adversário de Cavaco, a declaração de Garcia Pereira é uma nota dissonante de normalidade. Tínhamos saudades de alguma coisa do género, consistente, lógica, com sentido. Saudável, portanto. Felizmente faltam oito dias para terminar este de festival de sandeus.

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